No cenário político de Volta Redonda, surge uma figura que já trilhou caminhos na corrida eleitoral de 2020 pelo PCdoB e agora se apresenta como possível candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) para a prefeitura em 2024. O professor Alexandre Habibe, de 63 anos, com uma trajetória que atravessa as áreas de engenharia, docência e empreendedorismo, destaca a necessidade de impulsionar a economia local e reconstruir a centralidade econômica da região.

Em uma entrevista exclusiva à Folha do Aço, Habibe compartilha os motivos por trás da decisão de se lançar pelo PT, discute os desafios identificados para Volta Redonda e apresenta suas propostas para áreas cruciais como educação, meio ambiente e desenvolvimento econômico. A entrevista revela não apenas as nuances da sua candidatura, mas também lança luz sobre o panorama político e as perspectivas para o futuro da cidade do aço.

Acompanhe a seguir os principais pontos abordados por Alexandre Habibe, suas estratégias para destacar-se em uma concorrência reduzida (com no máximo seis candidatos, segundo ele) e as visões que guiarão sua campanha rumo à prefeitura de Volta Redonda.

Folha do Aço – Como surgiu a decisão de lançar sua candidatura à prefeitura de Volta Redonda pelo Partido dos Trabalhadores?

Professor Habibe: A decisão foi amadurecida a partir de discussões que aconteceram desde novembro. Entendemos que nossa participação no pleito é importante e necessária para a apresentação de um projeto com ações concretas, construído junto a todos os segmentos sociais, apontando os caminhos e iniciativas para encaminhar Volta Redonda novamente ao crescimento econômico e reconstrução de sua centralidade econômica regional que vem sendo perdida nas últimas décadas.

Na reunião da executiva do partido, quais foram os principais pontos discutidos que levaram à escolha do seu nome como candidato?

As discussões foram intensas e com grande participação. Creio que o que mais pesou na decisão foi o perfil do candidato. A experiência profissional como engenheiro na Cobrapi e CSN; como professor no UniFOA e Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e como empresário na área de tecnologia sídero-metalúrgica. Cabe ressaltar minha militância no PT e o fato de ter construído minha carreira sempre no campo não governamental.

Diante das discussões e sondagens internas desde setembro, quais foram os principais desafios identificados para a cidade de Volta Redonda que motivaram a necessidade de ter um candidato do PT?

Estagnação econômica na última década com acumulação de dívidas; ineficiência na fixação de empresas no município e na geração de empregos; política ambiental ineficaz tanto na fiscalização como em ações de intervenção no território; política de mobilidade urbana ultrapassada e ocupação do espaço com contornos dos anos 80. No campo educacional, necessidades múltiplas de recondicionamento das práticas e remodelamento dos espaços voltados à construção do conhecimento, dentre outros.

Considerando a experiência de ter concorrido em 2020 pelo PCdoB, quais aprendizados foram adquiridos e como essas experiências influenciam a abordagem na atual campanha?

É necessário apresentar projetos claros e linhas de ação específicas e testadas para garantir o entendimento das propostas e credibilizar o projeto. Esse processo deve vir acompanhado de uma divulgação abrangente e debates onde a transparência seja a tônica da discussão do conteúdo.

Você mencionou que a corrida deste ano não terá mais que “cinco ou seis nomes”. Como pretende se destacar em meio a essa concorrência reduzida?

Apresentando um projeto claro e construído junto aos atores sociais de forma transparente, apresentando ações concretas e linhas de desenvolvimento já testadas em outras regiões e estruturando um corpo técnico adequado e habilitado a essa tarefa.

Em relação à possível polarização entre PT e PL a nível nacional, como você enxerga a dinâmica dessa polarização se manifestando ou não na campanha em Volta Redonda?

Creio que vá existir de nível não tão intenso quanto nas capitais, mas, de toda forma, não deverá pautar a discussão. O espaço dos debates deve encaminhar os projetos e o pensamento de cada vertente política. Cabe a cada candidato escolher o campo em que deseja o embate de ideias. Previamente, já asseguro que não vamos encorpar o discurso de ódio nem conflagração de pautas que busquem agredir outros candidatos.

Quais são as principais propostas e projetos que pretende apresentar à população de Volta Redonda durante sua campanha?

Estruturar o Poder Público no sentido de auxiliar e assessorar as empresas regionais na busca de financiamentos voltados à sua competitividade e expansão produtiva; organizar a formação de um cinturão de empresas de alta tecnologia com finalidade de sua implantação de forma planejada e com apoio do município, gerando ativação econômica e gerando empregos; reestruturar o espaço da educação pública da cidade preparando os espaços mais atrativos, adequando salas e laboratórios e equipando esses espaços de forma atrativa, moderna e voltada às novas demandas sociais; reestruturar a questão da remuneração do profissional da educação; choque da cultura ambiental, com nova visão do alcance das políticas ambientais; fiscalização das práticas e participação vigorosa na estruturação de ações específicas do município; e busca de recursos específicos. Cabe aqui ressaltar a possibilidade de criar um polo dedicado às tecnologias verdes em nosso município com recursos externos.

Diante da experiência do atual prefeito, Neto, como você planeja abordar e diferenciar suas propostas para ganhar a confiança dos eleitores?

Uma das questões repousa sobre o imobilismo econômico e a falta de investimentos voltados para a fixação de empresas perenes e que garantam bons salários. Desenvolver significa atrair investimentos, consolidar parcerias e estabelecer relações de confiança. Construir nos órgãos da própria prefeitura setores que apoiem as empresas aqui fixadas e as que querem buscar oportunidades aqui é fundamental. Criar matrizes específicas para busca das empresas, identificação das demandas de cada uma e auxílio na aquisição das fontes financiadoras é uma atribuição da prefeitura. O abandono da questão ambiental e da conservação da cidade estão presentes no dia a dia do cidadão. Reverter a situação ambiental e da mobilidade urbana requer trabalho, tempo, planejamento e compromisso com a sociedade.

Como avalia a sua experiência como professor em relação às demandas e desafios específicos da educação em Volta Redonda? Quais seriam suas principais ações para melhorar a qualidade da educação no município?

A educação tem e merece ser revigorada. Os profissionais da educação recebem salários defasados, as condições de trabalho são precárias em muitos espaços. O processo precisa de injeção de técnicas e práticas baseadas em novas demandas. A sociedade mudou, as demandas mudaram, as pessoas mudaram e o processo ensino e aprendizagem deve mudar e atender ao novo. Abrir mão de conteúdos não, investir na infra é necessário com urgência, adaptando os espaços às novas práticas. Estabelecer uma nova cultura de valorização do profissional da educação que caminhe pela vertente salarial e de qualificação.

Em relação à estratégia eleitoral, como pretende lidar com a concorrência, especialmente com o pré-candidato do PL, Mauro Campos, sem comprometer a possível vitória do PT?

A estratégia deve ser entendida como um processo dinâmico. Vai ser adaptada na medida dos estímulos que serão emanados do entendimento das propostas, projetos e ações. Com relação ao PL, tenho certeza que, a priori, falamos para eleitores diferentes. Dessa forma entendo que a concorrência é muito mais ampla e plural.

Qual é a importância do apoio de lideranças do PT, incluindo o presidente Lula, em sua campanha, e como acredita que essa influência pode impactar positivamente o cenário eleitoral em Volta Redonda?

Ter o apoio partidário é fundamental, ter apoio do Lula é decisivo. Lula é a maior liderança do Brasil e uma das maiores lideranças do mundo. A possibilidade de ligar projetos e ações de governo às linhas de ação e financiamentos dispostas pelo governo federal, tais como, as linhas anunciadas de apoio, ao crescimento e financiamento das indústrias, traz consigo um exemplo de como pode ser importante trazer para discussão o apoio de lideranças, mas com políticas efetivas de apoio e crescimento econômico.

Sobre uma possível união com o PSB, liderado pelo deputado Jari, quais são os pontos de convergência programática que poderiam facilitar essa aliança, e como planeja construir colaborações efetivas entre os partidos?

Uma união com o campo progressista e com a parcela do centro é sempre um desejo nosso. O PSB é um grande aliado no campo federal, o [Geraldo] Alckmin é o vice-presidente do Lula. Estaremos sempre dispostos a conversar com campos políticos que têm afinidade e identidade para a construção de um projeto de desenvolvimento e crescimento para nosso município, que tenha também como base a geração de empregos mais qualificados, a construção de uma política e uma cultura ambiental que também propicie a geração de recursos e empregos via economia verde e circular, a remodelação de nossos processos educacionais e a busca de soluções para a mobilidade urbana. Todos são importantes nessa discussão, sem paixões e sem vaidades. O mais importante é botar a bola no chão e jogar o jogo voltado para o crescimento e a empregabilidade.

Foto: arquivo pessoal

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