Em meio à rotina frenética do trânsito, frases como “é apenas um farol queimado” ou “é só até ali, não precisa de cinto” são frequentemente ouvidas, minimizando a importância das medidas de segurança. Por trás dessas palavras estão histórias de vida que foram drasticamente alteradas por escolhas imprudentes ao volante e consequências irreversíveis. 

Cada decisão ao volante pode ser a diferença entre preservar vidas ou desencadear tragédias. É preciso lembrar que em cada acidente há uma história que poderia ter um desenrolar diferente nos acontecimentos, com escolhas mais conscientes e responsáveis.

Há pouco mais de dois anos, o designer Diego Ribeiro, a esposa Claudiane e o pequeno Davi sofreram um acidente de carro ao passar pela Rodovia do Contorno, em Volta Redonda. Apesar de o automóvel ter ficado destruído, os três saíram ilesos. Um alívio que, segundo o pai de família, pode ser atribuído ao uso do cinto de segurança e a velocidade reduzida a 70km/h naquele trecho. 

“Do nada, o carro perdeu o controle e fomos parar na contramão. No desespero, eu puxei o volante para voltar para a minha mão, com medo de vir outro veículo e acabei jogando o carro no barranco. Batemos na canaleta e o carro virou. Poderíamos ter morrido”, conta Diego.

O morador do bairro Volta Grande ressalta a importância do cinco de segurança, inclusive no banco do carona. “Sempre usamos cinto e meu filho anda no banco de trás, sempre na cadeirinha. Davi saiu ileso e nós tivemos escoriações leves. Passei dias com a marca do cinto, mas ele salva vidas”, destaca.

O veículo teve perda total e a família foi indenizada pela seguradora, ficando a lição da importância do uso do cinto de segurança em qualquer situação.

Mês de conscientização

No mês dedicado à conscientização e prevenção de acidentes de trânsito, por meio da campanha Maio Amarelo, os números demonstram a urgência em abordar a questão. Só no Estado do Rio, os registros de acidentes no ano passado alcançaram a assustadora marca de 17.199 ocorrências, resultando em 21.612 vítimas, das quais 1.894 perderam suas vidas.

A situação não apresenta melhoras em 2023. Nos dois primeiros meses foram registrados 2.782 acidentes e 3.588 vítimas, segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal. Esses dados evidenciam a necessidade de um esforço coletivo para promover uma mudança de comportamento no trânsito. Afinal, conforme dito anteriormente, cada escolha no volante pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

Para o supervisor de Operações da 7ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Carlos Nogueira, o aumento nos índices de acidentes pode ser atribuído ao crescimento no fluxo de veículos nas rodovias, mas também as ações de imprudência, negligência e imperícia.

“Com mais veículos circulando, a probabilidade de ocorrência de acidentes é maior. Mas também há muitos registros de falta de atenção de condutores, de pedestres e de ciclistas”, afirma.

Em entrevista à Folha do Aço, o agente da PRF ressaltou a importância de ações preventivas e de conscientização para reduzir o número de acidentes nas rodovias. Segundo Nogueira, muitas dessas ocorrências poderiam ser evitadas se os pedestres, ciclistas e motoristas adotassem comportamentos responsáveis no trânsito.

“Uma das principais causas de acidentes envolvendo pedestres e ciclistas é a falta de utilização de locais apropriados para travessia das vias. Muitos atropelamentos ocorrem em trechos onde há passarelas seguras para pedestres, mas eles optam por atravessar em locais indevidos. Além disso, o uso inadequado das vias pelos ciclistas também contribui para acidentes, principalmente quando circulam próximo à pista de rolamento, onde os veículos transitam em velocidades mais altas”, destaca.
            O policial acredita que mais de 90% dos acidentes poderiam ser evitados. “A imperícia de alguns condutores, por dirigir sem possuir habilitação e não estar preparado para conduzir o veículo de forma segura; a imprudência, ao exceder os limites de velocidade ou fazer uso de bebida alcoólica antes de dirigir; e a negligência, ao não realizar a manutenção adequada do veículo ou não utilizar equipamentos de segurança, como cinto ou capacete, são alguns exemplos desses comportamentos perigosos”, enumerou.

Em todo o país, a PRF tem intensificado suas ações de fiscalização, realizando operações temáticas voltadas para determinados tipos de infrações, além de fiscalizações diuturnas relacionadas ao trânsito e ao combate à criminalidade.

“Realizamos ações para coibir ultrapassagens irregulares, já que os piores acidentes são as colisões frontais, que causam vítimas mais graves e até mesmo óbitos. A fiscalização de motocicletas também é prioridade, uma vez que é raro haver acidentes envolvendo motos sem que pelo menos uma pessoa saia ferida”, lista.

No caso do transporte de passageiros e de carga, segundo Carlos Nogueira, a PRF verifica as condições dos condutores para ver se estão obedecendo à lei do descanso. “Fazemos diversas ações contra a alcoolemia, para coibir a combinação de álcool e direção. Além das ações educativas para orientar e conscientizar tanto o motorista como o passageiro sobre o cinto de segurança e o motociclista a respeito do capacete”, completa.

Ainda conforme o inspetor da PRF, entre as infrações mais observadas no trecho compreendido pela 7ª DEL estão a ausência do cinto de segurança, tanto do condutor como o passageiro; uso do capacete em desacordo com o Conselho Nacional de Trânsito (Contran); excesso de velocidade e ultrapassagem indevida.

Este ano, o tema da PRF na campanha Maio Amarelo 2023 é “Nossas escolhas salvam vidas”. O Movimento nasceu em 2011 a partir da decretação da Década de Ação para a Segurança no Trânsito, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Desde então, o mês de maio se tornou calendário de referência para a intensificação de ações em diversos países, visando a redução da violência no trânsito.

Foto: arquivo/divulgação

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