O Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Militar realizam na manhã desta terça-feira (dia 17) uma grande operação voltada para combater o tráfico de drogas e a prática de outros crimes em Angra dos Reis, além de outros municípios na região Sul Fluminense. Batizada de “Martelo de Thor”, a operação visa cumprir 32 mandados de prisão e 68 mandados de busca e apreensão contra integrantes de associação criminosa.

A investigação permitiu ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desmembrar os acontecimentos em cinco denúncias: duas relativas às sete lideranças soltas e outras seis presas; duas relativas aos cinco integrantes presos e dez soltos, ocupantes de posições inferiores na hierarquia; e outra contra quatro acusados pela prática do tráfico em Lídice, distrito de Rio Claro.

Além do tráfico de drogas, interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça evidenciam o habitual emprego de armas de fogo, bem como a atuação violenta por parte da quadrilha, inclusive com a prática de diversos homicídios, incluindo a tentativa de homicídio qualificado da turista inglesa Eloise Dixon, que no dia 6 de agosto de 2017 foi baleada por denunciados quando por equívoco entrou em uma comunidade de Angra e seu veículo não atendeu à ordem de parada dada pelos traficantes.

Lideranças

De acordo com a denúncia, a liderança do grupo é exercida por Antonio Pinto Figueiredo Neto, vulgo ‘Dino’, bem como por um conjunto de gerentes denunciados. Também exercia liderança Divaldo Fernandes Ramos, vulgo ‘PS’, e Jacson Lima Ferreira, vulgo ‘JK’, que mesmo de dentro da prisão seguiu comandando subordinados, negociando a comercialização de entorpecentes, ordenando a morte de desafetos, entre outras práticas criminosas. O Ministério Público também descreve a atuação de integrantes de escalão inferior na associação, atuando como auxiliares e vapores – vendendo entorpecentes diretamente aos usuários.

A denúncia narra, por exemplo, conversas interceptadas em que ‘Dino’ fornece drogas e munições aos comparsas, coopta novos criminosos para a horda, orienta seus comandados sobre como proceder na defesa e retomada de territórios, estimula a prática de homicídios por novos comparsas para que se habituem a esta prática, e pede que seja providenciada a remessa de armamentos, inclusive fuzis, rádios de comunicação, dentre outras ações ligadas ao comércio de entorpecentes.

Ademais, as investigações demonstraram que, do interior do presídio, o denunciado Divaldo, além do controle da venda de drogas em diversas comunidades de Angra, ordenava ou autorizava a prática de homicídios, bem como pretendia implementar nestas localidades atividades típicas de milícia, como a cobrança de “taxa de segurança” de empreendimentos para permitir o seu funcionamento, bem como a monopolização da distribuição de serviços como fornecimento de água, TV e internet em favor de empresas que realizam pagamentos mensais à organização, impedindo a livre concorrência no mercado.

A denúncia pelos crimes de tráfico, associação para o tráfico e extorsão foi recebida pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Angra dos Reis.

Foto: Reprodução 33º BPM

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