“No final do ano passado fui agredida verbalmente e fisicamente por um aluno do 7º ano. Não havia motivos. Não recebi apoio. Estou fazendo tratamento psiquiátrico e terapêutico particular. Estou de licença médica faz 60 dias e tenho medo de retornar ao trabalho. Tenho crises de ansiedade e pânico. Na escola que trabalho, os professores sofrem agressões todos os dias. Estamos doentes”.

O depoimento é de uma professora com família em Volta Redonda, mas que há 15 anos leciona na rede estadual de Minas Gerais. Em entrevista à Folha do Aço, a educadora relata ter sido ameaçada diversas vezes pelo estudante de 12 anos. O motivo seria a reprovação do adolescente em todas as matérias.

“Poderia ter sido qualquer professor, mas eu fui a escolhida. Ao longo do ano passado, ele cuspiu na cara da vice-diretora, amassou o carro do diretor, entre outras coisas. Faz uns 20 dias que ele saiu da escola, após ter enfiado uma tesoura no braço do colega”, contou a professora, que preferiu o nome ocultado na matéria.

“Infelizmente a violência contra o educador, o servidor público, também é muito preocupante. Além da violência que vem acontecendo em algumas escolas, tem a violência de governos que estão desestabilizando o emocional e a carreira dos profissionais da Educação, tirando direitos conquistados, sucateando a educação. Nós somos educadores e não estamos preparados para lidar com problemas emocionais. Precisamos de intervenção do MEC”, apela.

A docente sugere a inserção de especialistas, como assistentes sociais e psicólogos, nas escolas, além do apoio efetivo dos policiais. “Na escola em que trabalho, já temos uma gaveta cheia de facas e canivetes recolhidos apenas esse ano e não temos o que fazer com esses alunos. Infelizmente só a ronda e a visita periódica dos policiais na escola não resolvem nesse momento. Precisamos de mais apoio da comunidade, da família e, principalmente, do governo”.

Casos

Em 2011, um caso até então tratado como atípico no Brasil chocou a população. Um jovem atirador invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, matando 12 crianças e ferindo mais de 10. De lá para cá foram ao menos outros 12 ataques semelhantes em instituições de ensino, sendo o mais recente ocorrido na última terça-feira (dia 11) no Colégio Estadual Doutor Marco Aurélio, em Goiás. O suspeito é um aluno da unidade, de 13 anos. Ele feriu três colegas com uma faca e acabou apreendido.

No último dia 5, em Blumenau-SC, um homem causou a morte de quatro crianças – todas entre quatro e sete anos – ao invadir a Creche Cantinho Bom Pastor com uma machadinha. Uma semana antes, outro episódio assustador: um aluno esfaqueou e matou uma professora, de 71 anos, na Escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo.

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