Ana Carla Nery é mãe de três filhos. Uma delas é Giovanna Nery. A jovem de 22 anos é acometida de Síndrome de West – doença rara caracterizada por crises epilépticas frequentes – e autismo. Desde o nascimento da filha, Ana luta contra o preconceito sofrido pelas pessoas que apresentam Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 68 nascimentos, um é acometido pelo TEA e de acordo com o Centro de controle de doenças dos Estados Unidos (CDC), uma a cada 44 crianças com 8 anos de idade tem autismo. Essas e outras questões são trazidas à tona com maior visibilidade sempre em abril, mês de conscientização sobre o transtorno.
Neste sábado (dia 2), quando acontece o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, Ana Nery e milhares de pessoas terão mais uma oportunidade de dar visibilidade à causa. “Lamentavelmente temos assistido muita discriminação e preconceito”, relata a mãe de Giovanna. “Conscientizar, levar conhecimento e informação sobre o autismo, nas suas variedades é muito importante para que a gente tenha nas pessoas um retorno, empatia e respeito”.
O tema da campanha nacional deste ano para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é “Lugar de autista é em todo lugar”, com a hashtag #AutistaEmTodoLugar, para promover uma mensagem inclusiva à sociedade em relação às pessoas autistas. Em Volta Redonda, a Associação de Pais de Autistas e Deficientes Mentais (APADEM) promove neste domingo (dia 3) a 11ª Caminhada de Conscientização do Autismo. O evento começa às 9h, na Praça Brasil, na Vila Santa Cecília.
TEA
O TEA afeta habilidades de percepção social e prejudica em intensidades diversas áreas do neurodesenvolvimento motor, cognitivo, sensorial e de comunicação social do autista que se manifesta diferente em cada pessoa. Desde muito cedo existem alguns padrões de comportamento bem conhecidos, pré-definidos, que podem ser observados pelos pais a partir do nascimento, especialmente antes dos 16 meses.
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e com diversas evidências científicas, os pais podem e devem começar a notar os primeiros sinais de TEA antes mesmo dos 3 anos de idade.
Alguns sinais que podem ser percebidos antes dos 12 meses são: desatenção à voz do adulto; não balbuciar; o olhar não procura a mãe quando ela se afasta; não estende os braços para pedir colo; falta de contato visual com a mãe no momento da amamentação; não responde com imitação ações como sorrir ou mostrar a língua.
Se até os 16 meses seu filho não der “tchauzinho” com as mãos; ausência da fala ainda perpetua; não procura com o olhar; não gosta de ser tocado; tem locomoção atípica, como andar nas pontas dos pés, pouca reciprocidade ao ser tentado interações com elas, atraso ou regressão de fala e comportamentos repetitivos devem ser os principais sinais de alerta. Na suspeita, deve-se procurar por um especialista (pediatra, neuropediatra ou psiquiatra infantil) deve ocorrer quando esses atrasos aparecem de forma significativa e incomodam o convívio com elas.
A partir do momento em que essa dúvida surge, a visita a um médico ou profissionais de saúde familiarizados com o tema deve ser urgente e indispensável pois, a partir da triagem, a criança poderá ser encaminhada a profissionais especializados e poderá começar um tratamento precoce. O diagnóstico do autismo deve ser feito por profissionais especializados na área e realizados a partir da observação direta da criança, entrevistas com os pais e pelo uso de questionários e instrumentos direcionados.
Após a confirmação do autismo, os pais devem seguir as orientações do grupo de profissionais de várias áreas como pediatria, neuropediatria, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, entre outros. São eles que vão trabalhar a intervenção e o desenvolvimento da criança junto à família e à escola. Neste processo, o mais importante é o diagnóstico precoce para que se comece a estimulação o mais cedo possível numa fase da vida muito mais sensível e com evidências de intervenção terapêutica eficaz. Com isso, o desenvolvimento neurológico da criança pode ser mais rapidamente preservado e obtermos resultados mais efetivos.