Pelas lentes de Cesar Coni têm sido revelados diversos personagens de Volta Redonda e de outras cidades do Sul Fluminense, dando voz àqueles que, no dia a dia, passam despercebidos pela grande maioria da população. Foi assim com o vídeo do vendedor de frutas Geraldo Vieira de Almeida, de 73 anos, e o mesmo acontece com Eliana, que trabalha com reciclagem no Vila Rica, ou com Valter, que vende balas de coco há mais de 10 anos na Vila Santa Cecília.

Os registros fazem parte do acervo criado pelo fotógrafo, dentro do ‘Olhares do Cotidiano’. “Muitas dessas pessoas são trabalhadores que, muitas vezes, são invisíveis na sociedade. Passam por elas como se não existissem”, conta o fundador do projeto. 

O objetivo inicial era retratar as histórias dessas pessoas, mas as conversas e a troca de experiências serviram como uma lição de vida. “Muitas vezes eu reclamava de problemas que não chegam perto do que algumas dessas pessoas vivem. Acaba que eu consigo dar voz para eles, mas também levantar uma reflexão sobre os nossos privilégios”, compara Cesar.

O fotógrafo explica que a iniciativa teve início nas redes sociais. “Navegando no Instagram, vi alguns fotógrafos ao redor do mundo fazendo esse tipo de projeto, e também alguns brasileiros. Comecei a procurar o equipamento necessário”, disse.

Todo trabalho é produzido por Cesar, em formato de um bate-papo. Isso, segundo ele, facilita na criação do vínculo, o que faz com que o entrevistado se sinta mais à vontade. “Uma terceira pessoa ficaria desconfortável, já que para contar a história de vida é preciso proximidade. As pessoas que conversei acabaram criando uma amizade, com algumas continuo falando pelo WhatsApp”, afirma.

Professor de fotografia e edição de imagens, Cesar recorda do início de sua trajetória profissional. “Em oito anos, fui transitando por várias áreas e me encontrei na fotografia de natureza. No início era um projeto de imagens e textos de reflexão, mas perdi esse Instagram. Teve um momento que fotografava ensaios femininos e já tinha essa preocupação de saber a história da pessoa. Sempre em busca de um propósito para a fotografia, uma utilidade maior do que o serviço, mas na minha cabeça sempre com a ideia de fazer algo com as pessoas, mas não sabia como”, explica.

Com o ‘Olhares do Cotidiano’, além de dar visibilidade a essas pessoas, o fotógrafo encontrou um propósito em seu trabalho. “Sempre me emociono, recebo mensagens de várias pessoas parabenizando pelo trabalho e fico muito grato. Consigo fazer com que as pessoas que conversam comigo se sintam notadas e valorizadas e que possam escutar a própria história e perceber o quanto são fortes”, finalizou.

Foto: arquivo pessoal

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