Enquanto a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) dá mais um passo significativo em sua expansão, a cidade que a viu nascer, Volta Redonda, continua distante dos investimentos da gigante industrial. Na manhã de quinta-feira (dia 30), a Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep) anunciou que emitiu parecer favorável à instalação de uma fábrica de cimento e outra de calcário da CSN no município de Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba. Esse é um dos passos essenciais para o processo de licenciamento ambiental, que está em andamento.

O investimento da CSN na região será de cerca de R$ 3 bilhões, com estimativa de geração de 15 mil empregos diretos e indiretos durante a construção, e outros 3 mil postos de trabalho após a instalação das fábricas e minas. O empreendimento ocupará uma área de aproximadamente 5 milhões de metros quadrados e se tornará um dos maiores complexos do setor no Brasil.

A maior parte dos recursos, aproximadamente R$ 2,8 bilhões, será aplicada na fábrica de cimento, que terá 150 hectares de área industrial e outros 70 hectares de mineração, com reservas de matéria-prima para mais de 80 anos. O projeto também prevê a construção de 30 quilômetros de vias para integrar as instalações à Rodovia dos Minérios (PR-092), facilitando o escoamento da produção para o mercado local, especialmente o agronegócio e a construção civil.

O governo estadual, por meio do programa Paraná Competitivo, também concederá incentivos fiscais ao projeto, o que deverá atrair mais empresas para a região e gerar um impacto positivo na arrecadação estadual.

Para o presidente da Amep, Gilson Santos, além do município de Itaperuçu, um empreendimento deste porte traz impactos positivos para todo o entorno, principalmente na geração de emprego e renda. “Nas próximas etapas do licenciamento ambiental e municipal, serão debatidas as contrapartidas visando à instalação do empreendimento”, explicou.

A relação com a Cidade do Aço

Enquanto o grupo CSN segue avançando com novos investimentos no Paraná e em outros 16 estados brasileiros, Volta Redonda, que foi berço da empresa e inicialmente idealizada como uma “cidade-empresa”, vive um distanciamento crescente com a gigante industrial. Esse afastamento tem raízes na postura adotada ao longo dos anos pelo prefeito Neto (PP), que, por diversas vezes, colocou o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, como um dos seus “inimigos”.

Essa relação conturbada se reflete na falta de novos investimentos da CSN na Cidade do Aço, mesmo com a empresa sendo responsável pela maior conta de IPTU no município e figurando como um dos principais empregadores da cidade. O distanciamento se acentuou especialmente nos inícios dos anos 2000, quando a companhia passou a focar em sua expansão nacional e internacional.

Com a CSN concentrando seus investimentos em outras regiões, como a instalação do complexo industrial em Itaperuçu, a cidade de Volta Redonda, onde tudo começou, permanece à margem desses avanços. Esse cenário evidencia como, enquanto Volta Redonda aguarda por novos projetos de grande porte, a CSN continua a se expandir e diversificar suas operações, sem grandes perspectivas de retorno à cidade que a viu nascer.

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