Um caso de possível agressão física e discriminação contra uma criança autista em um tradicional colégio particular de Volta Redonda chocou a comunidade escolar. A família de um menino de 6 anos, diagnosticado com autismo e perda auditiva profunda no ouvido esquerdo, relatou que o filho foi vítima de violência durante uma brincadeira de pique-pega na escola.

De acordo com os familiares, o menino sofreu uma crise de choro intenso durante a atividade, sem demonstrar qualquer comportamento agressivo. Ele teria se escondido debaixo de uma mesa, chorando e gritando, ao expressar que não queria ser o penúltimo na brincadeira, uma reação considerada comum devido às suas necessidades especiais. No entanto, a resposta da direção do Colégio Nossa Senhora do Rosário, no bairro Sessenta, deixou a família profundamente perturbada.

A mãe relatou que a diretora da instituição teria afirmado não querer mais o aluno na escola, ameaçando chamar a polícia caso ele não fosse retirado imediatamente. “A diretora estava segurando meu filho e, ao vê-lo, disse que ‘não gostava mais dele’. Quando cheguei, ela afirmou que, se eu não o retirasse da escola naquele momento, chamaria a polícia”, contou a mãe. Além disso, a diretora exigiu a apresentação de um novo laudo médico e afirmou que, mesmo com o laudo, o menino só poderia frequentar a escola em horário reduzido. A diretora ainda teria dito que ele “não é normal” e sugeriu que a criança fosse medicada.

Após o ocorrido, os pais levaram o menino ao hospital, onde foi constatada a presença de lesões físicas. O Boletim de Atendimento Médico (BAM) apontou arranhões nas costas, hematomas no rosto e sinais de compressão com petequias nos braços e tronco, sugerindo que ele pode ter sido vítima de agressão física. “Esse exame médico é a prova do que o meu filho sofreu”, afirmou a mãe. O caso foi registrado na 93ª Delegacia de Polícia.

Em busca de justiça, a família pediu o apoio da comunidade escolar para que providências sejam tomadas. “Não estou aqui apenas como uma mãe desesperada, mas como alguém que quer garantir que meu filho seja tratado com dignidade. Peço o apoio de todos para que essa situação não passe impune”, disse a mãe.

O pai da criança informou que o caso já está sendo acompanhado por um advogado. “Estamos tomando todas as medidas legais necessárias para garantir que a situação seja resolvida”, afirmou.

No mesmo dia, foi criado um abaixo-assinado exigindo o afastamento da diretora, que já conta com mais de 800 assinaturas. Vários pais compartilharam relatos de experiências negativas com a gestão da escola. “Tive muitos problemas com a direção e já acionei a Secretaria Estadual de Educação e o Conselho Tutelar”, disse uma mãe. Outro pai afirmou que a diretora também agiu de forma inadequada com sua filha, reforçando o pedido de afastamento.

Nota da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda
Em relação ao caso, a Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, à qual o Colégio Nossa Senhora do Rosário está ligado por meio da Congregação das Irmãs Escravas do Divino Coração, emitiu uma nota oficial esclarecendo sua posição. Quando questionada pela Folha do Aço sobre seu conhecimento dos fatos e possíveis ações, a Cúria Diocesana declarou:

A Cúria tem conhecimento?
Sim, tomamos conhecimento das informações através de um e-mail recebido no último dia 3 de setembro.

Qual a ação que pode ser tomada?
De nossa parte, cabe primeiramente uma investigação da real situação por meio de diálogo com o Colégio Nossa Senhora do Rosário e a Congregação das Escravas do Divino Coração, à qual pertence o colégio. É isso que temos feito neste momento.

A responsabilidade pela remoção é da Cúria?
A priori, não. As questões pedagógicas e outros aspectos técnicos relativos às funções docentes são de responsabilidade da própria instituição e de seus gestores. Contudo, caso se configure uma questão de maior gravidade, pode haver uma intervenção mais direta da parte do Bispo diocesano, dentro dos limites do Direito Canônico.

A Cúria afirmou que está monitorando o caso e continuará acompanhando os desdobramentos para garantir que sejam respeitados os direitos da criança e da família envolvida.

Resposta do Colégio
A reportagem da Folha do Aço procurou a direção do Colégio Nossa Senhora do Rosário, que emitiu um comunicado afirmando que a instituição está em diálogo com os pais para garantir o bem-estar do aluno. A escola negou qualquer tipo de violência e informou que o aluno está frequentando as aulas normalmente. No entanto, no sábado (dia 7), a escola confirmou o afastamento da diretora, que será substituída.

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