Com novas ondas atingindo a Europa e a Ásia, e em meio à alta na taxa de positividade para Covid-19 no Rio de Janeiro, a pandemia parece ainda longe do fim. Há alguns dias, a secretaria de Saúde de Volta Redonda detectou aumento no número de casos. Os dados foram divulgados no Boletim Epidemiológico do município e mostram um salto nos registros de casos confirmados de 63.755 (em 28 de abril) para 65.084 (25 de maio), um aumento de mais de 1.300 casos em menos de um mês.

Para o pneumologista e professor do UniFOA Gilmar Alves Zonzin, a explosão de novos casos de Covid-19 não é surpresa. “De certa forma, isso já era esperado devido à liberação da circulação das pessoas, a não obrigatoriedade de máscaras, o aumento das aglomerações. Isso proporciona a transmissão de qualquer micro-organismo que utilize a via aérea como meio de partir de uma pessoa para outra”, explica o médico.

“O vírus nunca vai desaparecer, ele não vai deixar de existir, ele não vai sumir. E quando você começa a ter mais interação, e as pessoas voltam a viajar, fazer festas, o aumento no número de casos é certeza. Isso já era uma coisa prevista. O movimento de certas liberações deveria ter sido uma coisa gradual e progressiva e não uma abertura total de uma hora para outra”, lamentou.

Questionado sobre as diretrizes mais importantes para frear o novo avanço nas contaminações, o pneumologista destaca: “As pessoas têm que ter ciência e não podem ter ilusão de que o vírus foi embora, de que o vírus não existe mais, e de que você não vai adoecer. Assim sendo, as pessoas, especialmente as mais vulneráveis, precisam manter seus cuidados. É inaceitável você ver pessoas de idades mais avançadas e com comorbidades saindo às ruas sem máscaras e indo para aglomerações maiores, tendo um grau de exposição muito acentuado. Isso é perigoso. Cada um tem que cuidar de si, da sua saúde e do seu organismo. É importante você não se sentir constrangido de ter uma máscara com você e colocá-la quando for entrar em um ambiente fechado. Isso é bom senso”.

“Assustador”

Zonzin ainda comenta sobre a quantidade de pessoas que não vacinaram ou complementaram os esquemas vacinais. “Por motivos que a gente não faz ideia. Isso é assustador. As vacinas estão disponíveis. É uma coisa meio louca, pois, de início, havia uma busca pelas vacinas, pessoas querendo se estapear, pessoas querendo furar filas, driblando certas regulamentações para tomar a vacina antes da outra. E, agora, com a vacina disponível, as pessoas não estão tomando suas doses de reforço”, comparou.

Para o médico, apesar do aumento nos registros, a redução na incidência de casos graves e hospitalizações é reflexo de diversos fatores. “É uma questão multifatorial: uma delas é a cobertura vacinal que aumenta nossas capacidades resistivas corporais fazendo com que, no contato com o vírus superior de uma forma melhor estruturada das nossas defesas, a doença seja mais branda. Outro ponto é a questão de rebanho, especialmente com a Ômicron, que se disseminou de uma forma assustadora. E um terceiro ponto é que na evolução natural dos vírus a gente, historicamente, vê que existe uma tendência nas mutações virais da prevalência de cepas mais transmissíveis e menos agressivas. Esse conjunto de fatores te leva a acreditar que as coisas têm uma tendência a caminhar para esse lado, da doença com menos propensão a causar casos críticos e de maior gravidade, com as pessoas imunizadas, já tendo tido contato natural com o vírus e o vírus se tornando menos agressivo. É isso que a gente espera que seja o fecho desse período trágico para a humanidade”, finalizou.

Nas escolas

O aumento no número de casos tem causado preocupação também nas escolas. O Centro Educacional Tiradentes, por exemplo, que atende crianças e adolescentes, monitora a situação e orienta aos responsáveis sobre os cuidados necessários para o período.

“Percebemos o aumento do número de casos de Covid em nossa cidade, apesar de termos ciência que a situação viral é favorecida pela redução de temperaturas e a sazonalidade, nos preocupamos com as ocorrências de doenças de transmissão respiratória nesse período mais frio”, diz em comunicado enviado aos pais e responsáveis.

O Colégio Nossa Senhora do Rosário enviou comunicado aos pais retomando a obrigatoriedade do uso de máscaras nas dependências da unidade localizada na Vila Santa Cecília. “Estamos atentos às orientações dos órgãos oficiais e informamos que a partir da Nota Técnica da Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda […] o uso de máscaras no Colégio será obrigatório até novas orientações”.

As duas escolas da rede particular também recomendaram que os alunos que apresentem sintomas gripais não retornem às salas de aula antes de testar negativo para Covid – 19.

 Transmissão aumenta, mas casos graves diminuem

Os dados da semana epidemiológica mais recente em Volta Redonda revelam o aumento de 84 novos casos em apenas uma semana na cidade. Neste período, não houve nenhum óbito confirmado com a doença. A taxa de ocupação de leitos na rede SUS está em 8% para leitos clínicos e 8% em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já na rede particular, não há nenhum paciente internado em leitos clínicos e também 0% de ocupação por Covid em leitos de UTI.

Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura de Volta Redonda disse estar monitorando a situação da Covid-19 e confirmou, através das análises dos testes realizados na rede pública municipal, o aumento no número de casos confirmados da doença. Apesar das novas confirmações, o setor de Vigilância em Saúde, ressalta que a ocupação de leitos na rede hospitalar segue estável, assim como o número de óbitos. O comunicado ainda alerta à população a redobrar os cuidados nesse período de clima mais frio, o que impacta na transmissão de síndromes respiratórias.

SMS alerta que procura por vacinas da gripe e Covid está baixa em VR

A secretaria de Saúde de Volta Redonda fez um alerta na quinta-feira (dia 26) sobre a baixa procura por vacinas da gripe e Covid-19. De acordo com dados da pasta, das pouco mais de 98 mil pessoas que podem tomar, apenas 40 mil se vacinaram.

A cobertura contra o novo coronavírus também precisa melhorar. Segundo os técnicos da SMS, o primeiro reforço (3ª dose) está em 69%, dos 95% tidos como meta. O alerta ocorre dias antes do fim da campanha de imunização contra a Influenza, que vai até o dia 3 de junho. Em ambas as doenças, a vacinação é importante para evitar complicações e até mortes.

O médico sanitarista Carlos Vasconcellos destacou que os grupos públicos-alvos da campanha devem procurar atendimento em qualquer unidade básica de saúde (UBSs e UBSFs), das 9h às 16h. Unidades em funcionamento até as 18h30min: 249, Siderlândia, Jardim Paraíba, São Geraldo, Vila Rica/Tiradentes, Açude I, Vila Mury, Santa Cruz, Santo Agostinho e Volta Grande.

“Exceto em crianças de 5 a 11 anos, as vacinas podem ser feitas simultaneamente. Percebemos um aumento no número de casos de Covid, o que redobra a importância daqueles que não estiverem com seus esquemas vacinais completos, o façam. É importante ressaltar que as pessoas que se vacinaram contra a gripe no fim do ano passado, devem se vacinar novamente. Porque a cada ano, é uma vacina diferente”, frisou Vasconcellos.

O especialista explicou também que, principalmente os pais e responsáveis, alegam que não vacinaram as crianças por elas estarem com sintomas gripais, sendo que a orientação é que a aplicação da vacina ocorra sem sintomas. “Estamos em um momento onde os sintomas gripais são comuns, pela queda da temperatura, pela aglomeração de pessoas em locais fechados e isso promove a circulação desses vírus. No entanto, é importante que as pessoas que estejam com sintomas gripais, procurem uma unidade e se submetam ao teste de Covid, e façam o tratamento caso estejam com a doença. Em casos negativos, espere o fim dos sintomas e vacine-se. Este período entre o final do outono e o início do inverno é importantíssimo para que a população esteja protegida contra essas duas doenças”, afirmou Vasconcellos.

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