Afastada da vida política de Volta Redonda há 7 anos, a ex-deputada federal e estadual Cida Diogo (PT) anunciou seu retorno e lançou a sua pré-candidatura à prefeitura na quinta-feira (dia 13). A decisão foi compartilhada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro recente do diretório estadual do partido na cidade do Rio de Janeiro. “A gente conversou muito. Ele disse: ‘Que bom a gente ter Volta Redonda novamente na disputa. Eu quero ir lá’”, disse a petista, citando um trecho do diálogo que manteve com o principal líder do partido.

Em entrevista exclusiva à Folha do Aço, Cida Diogo lembrou o período em que esteve longe da rotina eleitoral da Cidade do Aço, o que inclui um ano em Brasília como diretora do Geap Autogestão em Saúde, maior rede de assistência aos servidores públicos federais, e posteriormente os trabalhos no Rio de Janeiro e Niterói. “Sempre na área de gestão”, faz questão de frisar. “Desde quando eu assumi a secretaria de Saúde de Volta Redonda, em 1993, acabei investindo muito mais na minha carreira na área profissional como gestora de saúde do que como médica ligada à assistência diretamente. Com isso, acabei tendo que trabalhar fora, porque aqui não tinha espaço”, pontua.

Perguntada sobre qual a análise ela faz do cenário nacional, Cida Diogo classifica como “golpe parlamentar” o impeachment sofrido por sua companheira de partido, Dilma Rousseff. “Ela, na verdade, foi retirada porque havia um interesse, tanto dos parlamentares, na Câmara e no Senado, tanto também pelo setor empresarial do país, de retirar do governo uma pessoa que estava implementando políticas que não atendiam as elites e o setor financeiro do país, e aqueles parlamentares que compunham a Câmara naquele período, e que resolveram dar o golpe parlamentar”, afirma.

Sobre a política local, a petista classifica a situação atual como delicada e explica o que levou a decidir pelo retorno à disputa eleitoral. “É um momento que o país está vivendo em que quem tem algum grau de compromisso com o futuro do país não pode ficar assistindo apenas. Isso foi apenas um dos motivos que me fez voltar à vida política”, salientou, completando sobre como enxerga a disputa pelo Palácio 17 de Julho. “Hoje é muito precipitado fazer qualquer tipo de análise sobre o cenário eleitoral”.

Sobre o atual o governo municipal, Cida Diogo acredita que o endividamento herdado da gestão anterior e a estreia do prefeito Samuca Silva (PSC) na vida pública trazem sérias consequências ao município. “Junta a questão da inexperiência administrativa, e ele se apresentou para a cidade como sendo o novo da política, só que esse novo não conseguiu dizer a que veio. Não consegue administrar a cidade, não consegue implementar políticas nas mais diversas áreas. Tem feito coisas para mim que são muito preocupantes, como, por exemplo, colocar OS [Organização Social] administrando hospital público. Não dá pra aceitar uma coisa como essa”, dispara.

Cida Diogo também falou sobre a administração do ex-prefeito Antônio Francisco Neto, de quem foi vice-prefeita (entre 1997 e 1998). “Hoje o quadro de endividamento da cidade, de falta de perspectiva de recuperação econômica e administrativa é muito sério, muito grave. Isso foi uma herança que o Neto deixou, porque foram dois governos que ele fez com aquela lógica de se entregar aos interesses pequenos da cidade. Pequenos que eu digo no sentido de favorecer uma pequena elite e de fazer uma política de enxuga-gelo. A política de maquiagem foi, basicamente, os dois últimos governos dele, e nesta política de maquiagem, ele [Neto] se preocupou muito pouco em fazer a cidade crescer, em chamar, de fato, setores que poderiam contribuir para pensar grande e fazer Volta Redonda voltar a liderar o processo de crescimento econômico e social da região, como sempre foi, desde quando foi fundada a CSN”, destacou.

A pré-candidata petista coloca como meta, caso vença a eleição de novembro, investir no “resgate da dignidade dos servidores públicos”. Outra proposta que será incluída no plano de governo será a criação da uma Fundação Municipal de Saúde. “É uma alternativa que tem dado certo em algumas cidades e que pretendo implementar em Volta Redonda”, garante.

Para a pasta da Educação, Cida Diogo olha com carinho para o projeto “Bairro Escola”, que passa pela aproximação de diferentes setores da comunidade com o ambiente escolar. Nas áreas social e econômica, ela pretende criar a “Moeda Social”, que funcionaria como um auxílio financeiro oferecido às pessoas de baixa renda. “Maricá já adota esse programa com uma experiência exitosa”, lembra a pré-candidata. Por fim, a formatação da Empresa Municipal Transporte, com tarifa zero para os usuários.

“O momento atual, é uma realidade que para quem tem, de fato, preocupação com a cidade, quem nasceu em Volta Redonda, como eu, num momento como esse, não pode ficar quieto, parado. Aí eu tomei essa decisão. É um desafio muito grande, mas eu acho que a gente vai fazer um bom debate na cidade. Queremos provocar alguns setores a pensar essa cidade daqui para frente. Não dá para ficar pensando Volta Redonda com a mesma lógica de quando ela foi fundada. Naquela época, muitos dos empresários, dos comerciantes, vieram trabalhar e montar seu pequeno negócio, a sua empresa, em uma cidade que tinha outra característica. Era uma cidade siderúrgica, que tinha outro viés de crescimento. Hoje, os empresários e comerciantes da cidade têm que ser chamados e provocados para repensar isso. Que cidade nós queremos construir para os próximos 10 anos, a partir de 2021?”, conclui Cida Diogo, que anunciou o nome de Nena Duppre (PV), como pré-candidata a vice em sua chapa.

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