As duas reprovações com votações expressivas contrárias às propostas da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de renovação do Acordo Coletivo 2022-2023 seria pano de fundo para outro tema que tem esquentado o chão de fábrica da Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda. A análise é de representantes da direção da empresa. Por trás estaria a disputa pelo comando do Sindicato dos Metalúrgicos.

Buscando manter distante do embate entre situação e oposição sindical, a CSN adota a paciência como estratégia para finalmente selar o acordo, que deveria estar na conta dos trabalhadores desde 9 de abril, data em que normalmente o abono é depositado. “Para a empresa, em nada interessa entrar neste tipo de disputa”, garante o diretor Corporativo Institucional da CSN, Luiz Paulo Barreto.

Em entrevista exclusiva à Folha do Aço, na tarde de quinta-feira (dia 19), o ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Lula disse que a CSN não vai negociar com grupos externos, ou seja, aqueles que não são reconhecidos como representantes legais da categoria. “A empresa apresentou proposta, que não são propostas ruins, são bem dentro do padrão apresentando no Brasil. A gente percebeu que os trabalhadores nem tiveram acesso à proposta com detalhe”, analisa.

Barreto considera que em caso de judicialização do acordo, a CSN estará bem respaldada pelos números apresentados nas propostas reprovadas pela categoria. “O que foi proposto está dentro do que está acontecendo no Brasil inteiro. Hoje, não existe uma empresa em greve no Brasil”, disse Luiz Paulo Barreto. “Tudo indica que está simplesmente ocorrendo uma briga sindical. Isso, ao invés de beneficiar, prejudica. Os trabalhadores estão sendo prejudicados. Vários já foram demitidos porque foram às redes sociais fazer ameaças, expor familiares dos nossos colaboradores, isso é crime. A empresa não vai tolerar isso”, lembrou.

Com discurso alinhado a seu companheiro de empresa, o diretor de Gente e Gestão da CSN, Leonardo Abreu, externou que a validade do acordo vigente na atualidade será estendido o tempo que for necessário, até que a uma definição sobre a proposta aconteça. “Eu espero que não, mas podemos ir até outubro, novembro ou quem sabe ano que vem, mas deixamos claro que a empresa está disposta a negociar”, salienta.

Sem data prevista para uma nova rodada de negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos, entidade considerada legítima pela CSN para negociar, a demora no desfecho da renovação do Acordo Coletivo provoca reflexos em outros setores. Isso porque, segundo estimativas, somado  o percentual de reajuste ao abono, devem ser injetados cerca de R$ 120 milhões na economia da região. O comércio aguarda com expectativa o desfecho deste impasse, que parece distante de ser resolvido.

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