A discussão em torno do aumento significativo nos casos de dengue no estado do Rio de Janeiro tem gerado controvérsias nas redes sociais, com algumas pessoas expressando certo ceticismo. Algumas delas chegam a fazer comparações questionáveis, como afirmar que, durante a pandemia de Covid-19, o mosquito teria “tirado férias”. No entanto, ao observar os números, a realidade apresenta um panorama alarmante.

Até 30 de janeiro, foram registrados 17.437 casos prováveis de dengue, um número muito superior aos 3.004 casos esperados para as quatro primeiras semanas de 2024, com base em dados históricos. A situação é crítica, com a Região Serrana liderando as estatísticas, apresentando 14 vezes mais casos do que o previsto. A Metropolitana I vem logo em seguida, com 10 vezes mais, enquanto Baía de Ilha Grande e Centro-Sul registram 9 vezes mais casos do que o esperado.

Volta Redonda, um dos municípios mais impactados, viu um aumento expressivo de 114%, passando de 250 casos em dezembro de 2023 para 536 apenas em janeiro de 2024.

Força-tarefa

Para reduzir os números, a prefeitura da Cidade do Aço criou uma força-tarefa contra a dengue. No período de 24 a 26 de janeiro, somente no Santa Cruz, a equipe encontrou 158 focos do mosquito Aedes aegypti. O levantamento apontou ainda que 2.839 residências do bairro foram vistoriadas pelos agentes de endemia da Secretaria Municipal de Saúde. A maioria dos focos, segundo a coordenadora da Vigilância Ambiental de Volta Redonda, Janaína Soledad, foi descoberto dentro dos imóveis.

“Tivemos ainda 1.235 casas que estavam fechadas, ou seja, não tinha ninguém na residência para atender aos agentes; em outros dez imóveis, os moradores recusaram a entrada dos profissionais para fazer a vistoria. A recomendação da Secretaria de Saúde é que a população receba o agente e permita que ele faça o seu trabalho, sendo de extrema importância nesse momento em que temos um número elevado de casos de dengue em todo país”, disse a coordenadora, acrescentando que, atrelado às ações de bloqueio ao mosquito, o município conta com o apoio do fumacê Ultra Baixo Volume (UBV) do Governo do Estado.

A força-tarefa é uma junção entre as secretarias Municipais de Saúde e de Infraestrutura no combate ao Aedes, que é transmissor da dengue, chikungunya e zika. A ação acontece semanalmente em bairros do município. Antes do Santa Cruz, os bairros Sessenta, Dom Bosco, Aterrado, Jardim Paraíba e Nossa Senhora das Graças já haviam recebido a iniciativa da Prefeitura.

Municípios

Entre os 92 municípios fluminenses, 14 ultrapassam a taxa de incidência de 500 casos por 100 mil habitantes, com destaque para Itatiaia, Cambuci, Resende e Piraí. Notavelmente, apenas a Região Metropolitana II se mantém abaixo do limite máximo esperado para o início do ano. O boletim Panorama da Dengue, divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, confirma duas mortes até o momento, uma em Itatiaia e outra em Mangaratiba.

A secretária de Saúde, Claudia Mello, alerta sobre a gravidade da situação e orienta contra a automedicação, incentivando as pessoas a buscarem atendimento médico ao primeiro sinal de sintomas, especialmente febre. A taxa de positividade nos exames, analisados pelo Laboratório Oficial do Governo do Estado (Lacen), sugere uma possível subnotificação, reforçando a urgência na atuação das autoridades sanitárias e na colaboração da população na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti.

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