Exclusivo: Votorantim negocia liberação de terreno em VR para novo polo industrial

Impulsionada historicamente pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e pelo forte comércio, Volta Redonda perdeu, nas últimas três décadas, o protagonismo econômico que ostentava na região Sul Fluminense. Cidades como Resende e Porto Real ultrapassaram o município na geração de empregos e atração de investimentos, enquanto a cidade enfrenta sinais claros de estagnação no mercado de trabalho formal.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos quatro primeiros meses de 2025, Volta Redonda registrou saldo negativo acumulado de 2.061 postos de trabalho, reflexo de políticas públicas ineficazes e da dificuldade de diversificação econômica em uma cidade tradicionalmente dependente do setor siderúrgico. A inércia e a falta de habilidade política do prefeito Neto (PL), que está sem seu sexto mandato, são apontadas por especialistas como entraves históricos para o desenvolvimento local.

Pressionada por esse cenário, a prefeitura busca agora reverter a situação por meio de negociações estratégicas. Na última quarta-feira (dia 10), representantes do Palácio 17 de Julho se reuniram com a Votorantim e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para tratar da liberação de um terreno no bairro Nova Primavera, pertencente à empresa. A área poderá abrigar um novo polo industrial, que deve atrair empresas de médio e grande porte, estimular cadeias produtivas e ampliar a arrecadação de impostos.

Porém, a negociação não é simples. Segundo fontes da Folha do Aço próximas à negociação, o terreno apresenta passivo ambiental significativo e precisa passar por recuperação, conforme licença concedida pelo Inea. Além disso, as antigas estruturas de alvenaria da fábrica existente demandam demolição, processo que exige tempo e elevado investimento financeiro.

Encontro

O encontro teve como objetivo alinhar os interesses públicos e privados, garantindo que o reaproveitamento do espaço seja feito de forma sustentável, respeitando normas ambientais e garantindo segurança. A Votorantim demonstrou abertura para colaborar, mas condiciona a entrega da área à resolução completa dos problemas ambientais e estruturais existentes.

“Não é uma questão simples. Além da contaminação, há a necessidade de demolir as antigas estruturas, o que exige planejamento, tempo e recursos”, afirmou uma fonte da Folha do Aço que preferiu não se identificar.

A Prefeitura vê no projeto uma oportunidade de diversificação econômica, buscando atrair novos investimentos e reduzir a dependência do setor siderúrgico. O Inea, por sua vez, ficará responsável por avaliar todos os aspectos técnicos e ambientais, garantindo que a utilização da área atenda às normas de preservação.

Participaram da reunião o prefeito Neto, equipe do Inea da Superintendência Regional e da área de licenciamento do Rio de Janeiro, além de funcionários da área jurídica e de meio ambiente da Votorantim Cimentos. O projeto representa uma tentativa de retomar o protagonismo econômico de Volta Redonda, que já foi referência regional em geração de empregos, mas enfrenta atualmente a difícil missão de equilibrar interesses públicos, responsabilidade ambiental e desenvolvimento econômico sustentável. Para que o polo industrial se torne realidade, será necessário superar entraves legais, ambientais e financeiros, um teste para a capacidade de articulação do prefeito Neto.

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