Apesar do Ministério da Saúde ter determinado em maio o fim do Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), a normalidade pós-Covid está em um futuro ainda distante. Boletins epidemiológicos divulgados diariamente apontam para um nítido crescimento no número de contaminações.

Na quarta-feira (dia 9), o Brasil registrou 9,4 mil novos casos e 80 mortes por Covid-19, levando as autoridades de saúde a considerarem a possibilidade de uma nova onda de contaminação. No mesmo dia, em Volta Redonda, mesmo não identificando aumento de internações hospitalares ou óbitos relacionados à pandemia, a secretaria municipal de Saúde emitiu uma Nota Técnica estabelecendo a adoção de medidas de controle.

A ação de contenção indicada pelas autoridades de saúde da Cidade do Aço é que os profissionais da área de saúde retornem o uso de máscaras protetivas em todos os serviços. A medida vale também para os ambientes assistenciais, como as Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs), e pessoas com sintomas gripais.

Para o restante da população, a recomendação é o uso de máscaras, não sendo obrigatório, em estabelecimentos comerciais, industriais e, em particular, em locais fechados ou com aglomeração de pessoas, inclusive em transportes coletivos. “Fica a critério do cidadão, não sendo adequadas quaisquer restrições à utilização das máscaras por todos acima de cinco anos”, destaca a Nota Técnica.

Estabelecimentos de ensino devem seguir o protocolo instituído desde o início da pandemia, ou seja, manter as atividades com a permanente identificação e isolamento de casos suspeitos, encaminhamento para atendimento da saúde e orientação para contatos, “estando a Vigilância em Saúde disponível permanentemente para elucidar os procedimentos de controle, se necessário”.

Nesse cenário epidemiológico a ação prioritária, de acordo com a SMS, é complementar a vacinação de toda a população, ainda sem o total de doses previstas, de acordo com a sua faixa etária. “Com isso, é possível que se evite a implementação de restrições que interfiram no dia a dia da cidade e, também o surgimento de casos graves, pois as vacinas protegem contra os casos graves da Covid-19”, informa a Nota Técnica.

Ofício

A subsecretaria de Estado de Vigilância e Atenção Primária à Saúde havia enviado um ofício aos 92 municípios fluminenses alertando para a importância de as unidades básicas e de pronto atendimento ampliarem a oferta de teste rápido de antígeno para Covid-19. A recomendação orienta que todos os pacientes com sintomas de síndrome gripal devem ser testados para a doença.

A decisão foi tomada após análise apontar aumento na taxa de positividade dos testes de RT-PCR e antígeno para Covid-19. O primeiro saltou de 3% para 7%. Já o segundo, de 5% para 16%. Além do ofício, autoridades de saúde do Estado encaminharam nota técnica com as atualizações do Ministério da Saúde.

A cartilha recomenda a testagem de casos de síndrome gripal, etiqueta respiratória, além daquelas medidas já conhecidas pela população, como distanciamento físico, higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfecção de ambientes e isolamento de casos suspeitos e confirmados.

VR libera 5ª dose

Na quinta-feira (dia 9), a secretaria de Saúde de Volta Redonda começou a liberar a quinta dose da vacina contra a Covid-19 para imunossuprimidos (com baixa imunidade) a partir de 18 anos, e idosos acima de 80 anos. O novo reforço será aplicado respeitando o intervalo de pelo menos três meses da quarta dose.

A vacinação está disponível em todas as 46 unidades básicas de saúde e da família (UBS e UBSF). A SMS orienta que a aplicação pode ser feita com qualquer imunizante disponível. Para receber a dose, é necessário apresentar a caderneta de vacinação, CPF ou cartão SUS.

O médico sanitarista Carlos Vasconcellos explicou que pessoas com alto grau de imunossupressão (baixa imunidade) e idosos, principalmente na faixa etária acima de 80 anos, têm uma resposta menor à vacina do que as pessoas jovens e saudáveis.

“Esses grupos são mais vulneráveis. Por isso a importância da quinta dose para evitar as formas graves da Covid-19, sobretudo quando há circulação de uma nova variante do vírus no estado. Solicitamos que essas pessoas procurem a unidade de saúde mais próxima e façam a dose de reforço”, disse.

Em relação à ampliação da quinta dose para novos grupos e faixas etárias, o médico não descarta a possibilidade. “Estamos acompanhando o panorama da Covid-19 no município diariamente. Não descartamos a ampliação do reforço, mas dependemos de novas remessas de doses para anunciarmos novas medidas”, informou.

Barra Mansa

Na vizinha Barra Mansa, o monitoramento também continua sendo realizado diariamente pela SMS. Até o momento, segundo a pasta, não foi constatado aumento significativo de casos. A má notícia, no entanto, é que conforme o Vacinômetro divulgado pela Prefeitura, a procura pelas doses de reforço ainda deixa a desejar.

“O Município está realizando campanhas de Dia D, campanhas de ação em saúde, busca ativa nas residências, salas de espera nas unidades, entre outras atividades. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância das doses de reforço”, ressalta a secretaria de Saúde.

Aumento de 566% nos testes positivos

O crescimento do número de testes positivos também foi confirmado em laboratórios particulares e farmácias de todo o país. Levantamento feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) apontou para um salto de 566% neste índice, em menos de um mês. Esse aumento foi registrado principalmente no Sudeste e Centro-Oeste do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

Para o pneumologista Gilmar Zonzin, com relação à Covid, por hora, nada pode ser previsto, muito menos descartado. “A gente pode ter uma base de preocupação e percepção por ver a forte tendência, que não se esperava de início, às mutações do vírus. Essas mutações vão gerar resistência à vacina e resistência à imunidade adquirida por infecções prévias. A característica do vírus, que demorou a se manifestar, passou a ser o nosso ponto de incógnita. Muito provavelmente esse aumento de casos se deve a essas mutações”, acredita ele, que é professor titular na faculdade de medicina do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA).

Ainda de acordo com Zonzin, com as flexibilizações que, segundo ele, de fato, eram necessárias, a tendência foi que o vírus se transmitisse com mais facilidade, velocidade e gerasse mais mutações.

“As grandes aglomerações, que voltaram com força total em shows, festas e jogos, aceleraram muito a passagem de vírus de pessoa para pessoa. Toda vez que o vírus é transmitido há uma chance dele se modificar e gerar uma partícula nova, com características novas. Entre essas características novas, viria essa de driblar o sistema imunológico e causar doença, de maior ou menor impacto. A gente tem à nossa frente uma doença muito sofisticada, complexa, que produz agressões agudas, a médio e em longo prazo”, define.

O especialista explica que a problemática da imunização está no fato de que as vacinas foram estruturadas com base na cepa original e hoje o que se tem são partículas virais, distintas daquela. “É válido fazer dose de reforço? É, mas não é garantia de que consiga mudar esse panorama. O SARS-CoV-2 de hoje não é o SARS-CoV-2 de dois anos atrás”, observa.

Por fim, Gilmar Zonzin lembra as variantes de preocupação, como a Delta, a Gama, que fizeram estrago no Brasil. “A Ômicron se mostrou muito dribladora do sistema de defesa. A vacinação e as doses de reforço são bem-vindas, são válidas, mas atribuir a isso o foco do problema é meio simplista, porque as características que o microrganismo tem apresentado têm sido muito desafiadoras. Porém, pensando no que se tem para hoje, pessoas que deixaram de tomar a dose de reforço estão deixando de aproveitar a arma que nós temos. Se não é perfeita, é útil, vem ajudando, tem suas limitações sim, mas não deve ser deixada de lado em hipótese alguma”, orienta o médico.

Foto: reprodução da internet

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