“Uso de IA é irreversível, mas estudantes e famílias devem estar preparados”, alerta psicopedagoga

A inteligência artificial (IA) tem se consolidado como uma das maiores transformações das últimas décadas. Estamos presenciando uma enxurrada de fotos, vídeos e textos gerados ou editados por essas ferramentas – e no campo educacional não poderia ser diferente. Presente nas salas de aula, nas casas e na palma da mão dos estudantes, essa tecnologia levanta reflexões importantes sobre como, quando e por que deve ser utilizada. A psicopedagoga Leondina Zanut chama atenção para os benefícios e os riscos da IA no processo de aprendizagem.

Segundo Leondina, a IA “veio trazer um novo ‘desenho’ ao processo de aprendizagem”. Para ela, a tecnologia pode ser uma aliada poderosa do professor, funcionando como ferramenta de apoio na preparação de aulas mais dinâmicas e adaptadas às necessidades de cada aluno. “Professores e alunos ganharam uma ‘ferramenta de presente’, que, somada a uma boa aula bem estruturada, chega ao aluno com mais produtividade e eficiência”, pontua.

Um dos principais ganhos, segundo a especialista, é a possibilidade de personalização. “Um exemplo importante desse impacto na educação é a capacidade de a equipe escolar preparar os conteúdos de forma a atender os alunos de maneira individualizada, favorecendo a elaboração de Planos de Ensino Individualizados (PEI) com mais qualidade e foco nas necessidades reais de cada estudante”, explica.

Entretanto, Leondina faz um alerta sobre os cuidados necessários. “Já observamos os prós e os contras da IA na educação. Uma grande preocupação é a redução da interação humana, além das questões envolvendo socialização, privacidade e ética – que não devem ser ignoradas”, destaca.

Ela observa que a facilidade com que os alunos acessam respostas prontas pode comprometer a ética no processo de aprendizagem. “Tanto professores podem se beneficiar ao preparar suas aulas e provas com mais rapidez, quanto os alunos podem usá-la para responder sem critério, caindo no velho ‘copia e cola’.”

Outros aspectos

Outros aspectos importantes também estão em xeque. “Onde ficarão os espaços para entrevistas, bibliotecas, conversas, trocas de ideias e estudo em grupo? Até que ponto o uso da IA pode mecanizar o processo de aprendizagem?”, questiona. Para a psicopedagoga, há o risco de o pensamento crítico ser enfraquecido, já que a experiência educacional vai muito além da simples memorização de dados.

“Essas questões devem, sim, gerar preocupação nas famílias. Meu filho (ou filha) está aprendendo como um ser humano, ou se comportando como um robô automatizado pelas buscas na internet?”, provoca.

Leondina define a IA como uma “faca de dois gumes” e reforça o papel das famílias no processo educacional. “A família deve acompanhar os estudos dos filhos, observar o que está sendo pesquisado, questionar se esse é o único caminho e se há outras formas de abordar o mesmo tema”, orienta.

Apesar dos desafios, a psicopedagoga acredita que a IA é irreversível e precisa ser integrada de forma crítica e consciente. “Assim como o Google, a inteligência artificial chegou para ficar – e mais uma vez, a tecnologia rompe fronteiras. Nada contra a tecnologia na vida escolar, mas famílias e escolas precisam priorizar a busca ativa, o diálogo, as dinâmicas em grupo, as viagens e, incansavelmente, a conversa. É no diálogo que está a chave do equilíbrio.”

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