As mulheres ainda são minoria dentro das forças de segurança de todo o Brasil. Apesar disso, a participação feminina nas polícias (Civil e Militar) vem crescendo, ano a ano. Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de mulheres na Polícia Civil mais que dobra o número de integrantes femininas da PM: são 28% contra 11%.

Em Volta Redonda, a policial civil Vera Lúcia Ayres, a Verinha, de 68 anos, vem desafiando estatísticas dentro da sede da 93ª Delegacia de Polícia. Sua carreira teve início em 1º de setembro de 1972, quando começou a trabalhar na extinta secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, com sede em Niterói.

Até o início de 1975, esteve lotada na 91ª DP, em Valença. Posteriormente, foi transferida para a sede da secretaria em Niterói, onde trabalhou apenas por alguns dias. Por conta de dificuldades, solicitou que fosse transferida para uma unidade mais próxima de casa. Até que, em 15 de março de 1975, se apresentou na delegacia de Volta Redonda, onde permanece até hoje.

Mãe de uma filha de 40 anos e avó de dois netos, Vera Lúcia fala com orgulho de sua família. “Meu neto mais velho tem 22 anos de idade, estudante do nono período de medicina em Valença, e o irmão dele tem dois anos e nove meses. Meu maior sonho é ver meu neto se formar e poder dançar a valsa com ele. São meus três amores: Isabela, minha filha, e meus dois netos”, gaba-se a policial.

Verinha não esconde a confiança que tem em Deus. “Tenho muita fé Nele. Gosto e respeito a doutrina espírita. Outro sonho grande é poder viver para ver um mundo melhor para essa nova geração”, deseja.

Comprometida com as regras legais nesses 50 anos de Polícia Civil, sendo mais de 40 deles na delegacia de Volta Redonda, a agente de segurança pública destaca a dinamicidade como uma das características mais marcantes do trabalho policial. Ela conta que os obstáculos à igualdade de gênero presentes no cotidiano não impediram que percorresse o seu caminho.

“Foram vários momentos marcantes, mas o que mais me chocou foi um livramento na antiga delegacia. Havia uma cela atrás das mesas do plantão, e um dos presos tinha conseguido abrir o cadeado, pois estava planejado naquela madrugada me pegar pelas costas. Isso aconteceria às 3h da madrugada, quando eu estaria sozinha naquele lugar horroroso. Um preso por pensão alimentícia insistia para ir ao banheiro, implorava, mas na verdade ele queria me prevenir do que iria acontecer, já que o outro dizia que ia me matar. Eu prometi a ele que quando chegasse um PM o levaria ao banheiro. Foi quando tomei conhecimento do livramento que Deus me deu naquele dia, mais um de tantos”, relata em tom de alívio.

 Homenagens

Para Luiz Huais Junior, Verinha é um exemplo de companheira. “Uma referência de policial e de ser humano. Décadas de dedicação e de serviços prestados com excelência. Ela é sinônimo de proteção, coragem, honra e determinação. Uma pessoa ímpar, com o coração gigante. Merecedora de todas as homenagens e honrarias”, elogia o também policial civil.

Maria Virgínia da Divindade, advogada e atendente geral da 93ª DP, também fez questão de destacar o bom serviço da amiga. “São 50 anos de profissionalismo exemplar, de competência, respeito e credibilidade junto à Polícia Civil. Vera Lúcia, Verinha com muito carinho, é querida pela população. Poucos chegam a todo esse tempo de polícia com credibilidade, respeito, competência e fidelidade no serviço. Quero parabenizá-la pelos serviços prestados com eficiência. Estrela é para brilhar”, ressalta a colega de trabalho.

O repórter cinematográfico Evandro Freitas lembra da amizade com a policial, existente há mais de 30 anos. “Tinha o prazer de atender um vereador já falecido e ele mandava eu fazer foto 3×4 na delegacia. Eu, como menor de idade, tinha que entrar pelos fundos da unidade policial. Ali tive o prazer de conhecer Vera, que todos chamam de ‘Xuxinha’. E foi um momento muito marcante da minha vida. Verinha me orientou, ajudou e passou todas as regras. Ali começou a nossa amizade. Até hoje temos um bom relacionamento, ela atende a todos muito bem e conhece todo mundo. Cinquenta anos de Polícia Civil não é brincadeira. A minha idade ela tem de profissão”, compara o amigo.

Foto: Evandro Freitas

1 COMENTÁRIO

  1. Conheço a Verinha desde 1991, e inclusive já trabalhamos no mesmo plantão. Ela é muito competente , e ótima colega de serviço e amiga. Merece um placa de homenagem na 93a DP.

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