Após se tornarem símbolos das comunidades cariocas e ganharem visibilidade em clipes de artistas como Anitta, os mototáxis estão se consolidando como uma alternativa rápida e econômica de transporte em Volta Redonda e Barra Mansa. Com uma adesão crescente, o serviço tem atraído trabalhadores, estudantes e moradores em busca de agilidade no deslocamento urbano. No entanto, junto com o crescimento, surgem debates sobre regulamentação e segurança, temas cruciais para a sustentabilidade do setor.
Harrison Nebot, jornalista e usuário frequente de mototáxis por aplicativo, destaca a praticidade e o custo acessível como pontos positivos, mas alerta para as condições de segurança. “Apesar de ser um meio de transporte rápido e barato, já me deparei com motos malconservadas e capacetes desconfortáveis. Além disso, algumas vezes os mototaxistas exageram na velocidade, o que coloca em risco a segurança de todos”, comenta Harrison, sugerindo que melhorias nas condições dos veículos e maior responsabilidade no trânsito seriam essenciais para tornar o serviço mais seguro.
Rafael Félix Fernandes, mototaxista e técnico em química, também compartilha suas dificuldades. “Ainda não temos estrutura adequada, como pontos com suporte para água ou locais para carregar celulares. Além disso, enfrentamos desrespeito no trânsito e uma falta de reconhecimento da nossa presença pelas demais pessoas. Mesmo assim, o serviço tem sido muito bem-aceito pelos usuários”, observa.
Desafios e regulamentação
A regulamentação dos mototáxis varia conforme o município. Em Volta Redonda, por exemplo, a Lei Municipal 3.984/2004 (de autoria do ex-vereador Maurício Batista) proíbe a atividade, mas um projeto de lei de 2021, do vereador Hálison Vitorino (Republicanos), busca mudar essa realidade. A proposta estabelece normas de segurança, exigências técnicas para as motocicletas e uma abordagem mais organizada para a mobilidade urbana. O texto, porém, ainda está em processo de discussão.
Para Clóvis Barbosa da Silveira, presidente do Sindicato dos Taxistas do Sul Fluminense, o crescimento dos mototáxis apresenta preocupações. “Enquanto os táxis seguem regras rígidas, os mototáxis não têm a mesma regulamentação. Os acidentes envolvendo mototáxis são sérios e, mesmo com uma regulamentação, seria necessário exigir treinamento adequado, como fazemos com os taxistas”, afirma.
Integração e mobilidade
Com a popularização do Uber Moto, a Uber destaca o uso crescente de motocicletas como meio de transporte no Brasil. De acordo com a empresa, mais de 20 milhões de brasileiros já usaram a plataforma de mototáxis, reforçando a aceitação do serviço como uma alternativa prática e acessível. Além disso, pesquisa do Instituto Datafolha revelou que 44% dos brasileiros já utilizam motos como meio de transporte, e 55% têm interesse em experimentar os serviços por aplicativo.
Para se tornar parceiro do Uber Moto, o motociclista precisa ter CNH com a observação de atividade remunerada (EAR) e cumprir com as exigências de segurança viária, incluindo conteúdo educacional e checagem de antecedentes criminais. Além disso, a plataforma garante seguro para acidentes pessoais durante todas as viagens, aumentando a proteção tanto para motoristas quanto para passageiros.
Com a popularização e os desafios de regulamentação, os mototáxis se consolidam como uma opção importante de mobilidade, mas sua evolução dependerá de um equilíbrio entre a expansão do serviço e a garantia de segurança e estrutura adequadas para motoristas e usuários.