Câncer que vitimou cantora Preta Gil é o terceiro mais comum no Brasil; Oncologista do H.FOA alerta para prevenção

O câncer de cólon e reto, o mesmo que vitimou a cantora Preta Gil no último domingo (dia 21) aos 50 anos, é hoje o terceiro mais comum entre os brasileiros. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são cerca de 45 mil novos casos por ano, com maior incidência entre mulheres e na região Sudeste, onde ocupa a segunda posição em frequência. Um levantamento da Fundação do Câncer projeta ainda um aumento de 21% nos casos até 2040, o que gera um alerta para a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce.

A cantora lutava contra a doença desde 2023, passando por diversas internações e cirurgias, e, mais recentemente, buscava novos tratamentos nos Estados Unidos, onde faleceu. O corpo será velado nesta sexta-feira (dia 25), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Para entender melhor os fatores de risco, sintomas e formas de prevenção, a Folha do Aço conversou com a oncologista e professora do curso de Medicina do UniFOA, Heloisa Resende, que também atua no Hospital FOA (H.FOA). A médica destaca que a doença tem aparecido cada vez mais em pessoas jovens.

“Ainda não há uma explicação única e definitiva, mas diversos estudos sugerem que mudanças no estilo de vida moderno estão contribuindo para esse aumento”, afirma.

Ela cita como principais fatores o consumo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo, a obesidade, o tabagismo e o uso excessivo de álcool.

“Além disso, a microbiota intestinal, que pode ser alterada por esses hábitos, também pode desempenhar um papel no surgimento precoce da doença. É importante destacar que, embora o risco aumente com a idade, os casos em adultos com menos de 50 anos têm chamado a atenção nas últimas décadas”, acrescenta.

Sinais de alerta

O grande desafio do câncer colorretal é o diagnóstico tardio. Isso porque, de acordo com a especialista, os sintomas geralmente surgem quando a doença já está em estágio avançado. Mesmo assim, é importante estar atento a sinais como sangue nas fezes ou sangramento retal; alterações persistentes no hábito intestinal (como diarreia ou prisão de ventre); sensação de evacuação incompleta; dores abdominais frequentes; perda de peso inexplicada; e fadiga excessiva.

“A presença desses sinais não significa necessariamente câncer, mas eles devem ser investigados o quanto antes”, alerta a médica.

A colonoscopia ainda é a principal ferramenta de rastreio

A colonoscopia segue como o exame mais eficaz para o rastreamento do câncer colorretal. Ela permite não só identificar tumores precocemente, mas também remover pólipos, que são lesões pré-cancerosas.

“No Brasil, a recomendação é iniciar o rastreio aos 50 anos para pessoas de risco médio. Quem tem histórico familiar da doença deve começar antes, geralmente aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico mais precoce na família”, orienta Heloisa. Com o avanço da doença entre os mais jovens, essa idade tem sido revista em alguns países.

A prevenção passa pelo estilo de vida

Segundo a médica, há uma relação direta entre o estilo de vida e o risco de desenvolver a doença. Dietas pobres em fibras e ricas em carnes processadas, como embutidos, são especialmente perigosas.

“O excesso de peso, o sedentarismo, o consumo de álcool e o tabagismo também são fatores bem documentados. Em contrapartida, uma alimentação equilibrada, com frutas, vegetais e grãos integrais, além da prática regular de atividade física, ajudam a reduzir significativamente o risco”, afirma.

Barreiras culturais ainda dificultam o diagnóstico

Embora o toque retal não seja o principal exame para o câncer colorretal, sendo mais usado na detecção de câncer de próstata, o preconceito e o constrangimento em torno do exame ainda afastam muitas pessoas dos consultórios, especialmente os homens.

“Superar essa barreira passa por educação e conscientização. Precisamos normalizar o cuidado com a saúde. O foco deve ser sempre na prevenção e no diagnóstico precoce, que aumentam muito as chances de cura”, defende a oncologista.

Com o caso de Preta Gil, o tema volta ao debate público e serve de alerta para a população: cuidar da saúde intestinal é fundamental. O rastreio salva vidas e quanto mais cedo a doença é identificada, maiores são as chances de tratamento eficaz e cura.

Foto: reprodução do Instagram

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.