Mais uma vez, a conclusão da obra de revitalização da Rua 33, na Vila Santa Cecília, foi adiada. Conforme publicado no Diário Oficial do Município na última terça-feira (dia 2), os serviços executados pelo Grupo VR Comércio Serviço terão mais quatro meses de execução. Com isso, o projeto que já se arrasta há quase quatro anos agora tem previsão de conclusão apenas no final do segundo semestre, prejudicando não apenas o cotidiano da população, mas também o comércio local em um período do ano estratégico: o Dia das Crianças, em outubro, e o início das vendas do Natal.
O projeto, iniciado em setembro de 2021, previa uma transformação completa da via: calçadas em pedra portuguesa reforçadas para suportar o tráfego de veículos, piso tátil, arborização planejada, novos abrigos de ônibus e a conversão da rua em uma ciclorrota. Na prática, porém, os avanços permanecem mínimos, e soluções provisórias, apelidadas por moradores e comerciantes de “cala-boca”, têm servido mais para maquiar do que para concluir a obra.
O custo apenas com os serviços do Grupo VR Comércio Serviço já ultrapassa R$ 20,5 milhões, mais de 14% acima do orçamento inicial de R$ 18 milhões, sem considerar os gastos adicionais com intervenções provisórias, como o asfalto temporário e a camada de cimento aplicada sobre as calçadas, que substituiu as pedras portuguesas e mosaicos removidos. Até hoje, o mistério e a falta de transparência sobre a destinação dessas pedras imperam no reino do Palácio 17 de Julho, deixando moradores e comerciantes sem respostas e reforçando a sensação de descaso.
Novela
A história da Rua 33 é digna de novela: licitação deserta em 2022, novo edital, contratos que mudam de mãos, aditivos sucessivos e promessas de entrega que se arrastam por quase quatro anos. Em novembro de 2023, a Prefeitura contratou a Luquip Terraplenagem para aplicar tratamento superficial asfáltico entre as ruas 16 e 60, ao custo de R$ 270 mil, numa tentativa de disfarçar a paralisação.
Medidas similares já haviam sido tomadas no final de 2022, com uma camada fina de cimento sobre o calçamento, mas nada disso resolveu os problemas de infraestrutura e segurança.
Enquanto isso, comerciantes sentem na pele os efeitos da demora. Muitos afirmam que datas estratégicas, como o Dia das Crianças e o Natal, terão o movimento comprometido mais uma vez. “Mais um ano de atraso significa perda de vendas e clientes. O que deveria ser um avanço virou um obstáculo diário”, afirma um lojista da região.
Moradores também vivem sob risco constante. Fios elétricos e tubos ainda soltos, frutos da tentativa de subterraneizar a fiação da Light, tornam ruas vizinhas perigosas para crianças e pedestres. A Rua 33 transformou-se, assim, em personagem próprio, com vida própria, desrespeitando prazos, contratos e promessas de modernização.
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