A CSN Inova, braço de inovação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acaba de anunciar que realizou um aporte financeiro na 2D Materials Pte Ltd (2DM), startup baseada em Singapura. O valor do investimento não foi divulgado, mas de acordo com informações do mercado, está sendo feito em parceria com a japonesa Sojitz Corporation.

Para dar seguimento à implantação do projeto, a empresa está lançando um grupo de trabalho dedicado ao grafeno nas instalações do Centro de Pesquisas, na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda. Segundo José Noldin, Head de Estratégia de Tecnologias da CSN Inova, a equipe atuará como uma célula de competências na aplicação de grafeno e fomentará o desenvolvimento de soluções em energia, aço, cimento e minério de ferro. “A versatilidade das aplicações do grafeno, principalmente com uma qualidade diferenciada como o da 2DM, faz dele um material único e que, certamente, irá revolucionar a indústria nos próximos anos”, destaca Noldin. O grafeno é um material derivado do grafite, mineral que possui a terceira maior reserva comprovada no Brasil.

Grande aposta de um futuro próximo, o grafeno tem despertado interesse no mundo todo devido às suas propriedades únicas, como alta resistência, impermeabilidade e alta condutividade térmica e elétrica, que fazem dele um poderoso aditivo de grande versatilidade para várias aplicações, desde a produção de baterias mais leves e eficientes até tintas e revestimentos, com destacada resistência à corrosão.

Além de dominar a tecnologia de produção em escala industrial, a startup, que foi fundada pelos brasileiros Antonio Helio Castro Neto e Ricardo Oliveira, destaca-se pelo avanço no desenvolvimento da aplicação do material, em sua maioria realizado em parceria com diversos clientes que são líderes em suas áreas de atuação e com presença em vários países. “Esse investimento mantém a CSN na vanguarda como agente de transformação da indústria nacional e aconteceu em um momento muito especial, já que, em abril, a empresa completou 80 anos de fundação”, explica Gabriela Toribio, Gestora de Investimentos da Inova.

O braço de investimentos em capital de risco da CSN, que foi o responsável pelo aporte, é uma continuidade da estratégia de inovação da companhia. Por meio da participação acionária em startups, a CSN Inova atua como um radar de tendências em novas tecnologias e co-desenvolve com os empreendedores soluções com potencial de escala e de resolver grandes desafios do ecossistema.

De acordo com Gabriela, o primeiro investimento traduz exatamente esse propósito, uma vez que o grafeno tem um potencial revolucionário na indústria, oferecendo múltiplas aplicações e diversas oportunidades de inovação na indústria. Além da qualidade diferenciada, a startup desenvolveu um processo ambientalmente mais sustentável e com maior eficiência energética, além de reunir uma equipe estelar. “A 2DM conta com empreendedores experientes, como o professor Antonio Helio Castro Neto e o Dr. Ricardo Oliveira, que são duas das principais referências no assunto, e com um board composto por PhD’s e até com o ganhador do prêmio Nobel pela descoberta do grafeno, Konstantin Novoselov. Além disso, o fato de estarem localizados em Singapura proporciona o acesso fácil a um mercado com grande potencial de expansão, como o uso em aplicações eletrônicas e em carros elétricos em países como a China e no Sudeste Asiático”, detalha.

Segundo Felipe Steinbruch, que lidera toda a agenda estratégica de Inovação e Tecnologia do Grupo CSN, o investimento consolida o novo momento da companhia, que enxerga na participação em novos negócios o cenário ideal para impulsionar seu crescimento. “Está cada vez mais claro que o futuro é participativo. Inovação, tecnologia e ESG (ambiental, social e governança, em português), combinadas a esse modo de operar de forma colaborativa, vieram para ficar, e as empresas que não se adequarem a esse modelo estarão fora do jogo”, destaca Felipe.

Poderoso aditivo

Atenta às tendências pelas quais a sociedade vem passando nos últimos tempos, como mudanças climáticas, superpopulação e digitalização da indústria, a CSN identificou o grafeno como um material-chave em sua estratégia de inovação. Na siderurgia, por exemplo, estudos já mostram que seu uso combinado ao aço traz maior resistência contra corrosão, entre outras propriedades.

Quando o assunto é cimento, o grafeno tem um forte apelo para o desenvolvimento de uma nova geração do material, com maior resistência, além de mais leve e impermeável – o que seria altamente indicado para a utilização em prédios inteligentes, com captação e armazenamento de energia para aquecimento de água ou conforto térmico.

“O grafeno é um poderoso aditivo, que mesmo em pequenas quantidades pode trazer grandes resultados e agregar muito valor aos produtos”, destaca José Noldin, Head de Estratégia de Tecnologias da CSN Inova. “Desta maneira iremos acelerar o uso de grafeno também em outras indústrias, como têxtil, biomedicina, mobilidade, agrícola e outras, que são grandes consumidoras de aço e clientes da CSN. Por isso, esse investimento e posicionamento da CSN são estratégicos e trarão um impacto positivo para todo o mercado, além de reforçar a relevância de Volta Redonda para o progresso técnico-científico, industrial e sustentável do país”, conclui.

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