​A família de Nelina Cotrin Zanut, de 83 anos, passou por momentos de grande apreensão ao descobrir que o imóvel onde a idosa reside estava sendo exibido em um leilão da Caixa Econômica Federal, marcado para o dia 11 de fevereiro. De acordo com sua filha, Leondina Zanut, os dias de incerteza começaram após vizinhos informaremsobre pessoas interessadas em ver a casa. 

“Foram dias buscando a Polícia Civil, a Caixa Econômica e até o banco onde o financiamento do imóvel foi feito, há mais de 40 anos”, contou Leondina.

Ao investigar o caso, a família descobriu que a casa, localizada no bairro Brasilândia, estava listada em um site de leilões, que afirmava ser vinculado à Caixa Econômica Federal. “Foi um choque para minha mãe. Ela nunca teve qualquer tipo de dívida que justificasse isso. Os documentos apresentados tinham até reconhecimento em cartório, mas, ao analisá-los, notamos algumas discrepâncias, o que nos fez pensar que se tratava de um golpe”, relatou a filha, Leondina.

Ao procurar a Caixa, a família obteve a confirmação de que o imóvel não estava envolvido em nenhum leilão oficial. A instituição alertou que golpistas frequentemente se aproveitam de seu nome para criar falsas ofertas de venda. 

“Fui informada de que isso está acontecendo com frequência. Conhecemos um senhor que perdeu seu terreno há mais de 10 anos devido a um leilão falso. Só recentemente ele conseguiu reverter a situação na Justiça. Isso nos deixou ainda mais preocupados”, explicou Leondina.

BO

Com o medo de que o imóvel fosse vendido ilegalmente, a família registrou um boletim de ocorrência na 93ª Delegacia de Polícia Civil de Volta Redonda e iniciou ações legais para proteger o patrimônio da idosa. Um advogado foi contratado para garantir que nenhum golpe fosse concretizado. 

“Nosso maior medo era que um golpista vendesse a casa e depois tentasse tirar minha mãe de lá. Passamos dias de angústia. Minha mãe teve uma crise de pressão altíssima. No desespero, até entrei em contato com o telefone do site de leilão para tentar entender o que estava acontecendo”, disse Leondina.

A situação ganhou novos contornos quando a família procurou a Polícia Federal, no bairro Aterrado, pois o crime envolvia uma instituição federal. “Fomos atendidos prontamente pelos policiais, que analisaram os documentos e o site do leilão. Mostrei que as informações não batiam com a casa da minha mãe: o leilão mencionava uma casa de dois quartos, enquanto a dela tem três. As inscrições municipais dos imóveis também eram diferentes”, afirmou Leondina.

Com a ajuda da PF, foi apurado que a foto usada no site estava errada. “O policial entrou em contato com a Caixa, que nos recebeu para mostrar os documentos novamente. Descobrimos que a foto tirada do Google Maps estava errada. Eles tinham usado a foto da casa da minha mãe, na Brasilândia, enquanto a casa que estava no leilão era do Parque do Contorno”, contou a filha da idosa, indignada.

A Caixa se desculpou pelo erro, mas a família já está tomando as medidas legais para responsabilizar a instituição. “Foi um absurdo. Já tomamos as providências judiciais. Poderia ter acontecido algo muito pior com minha mãe por conta desse erro, que não poderia ter ocorrido”, afirmou Leondina.

Até o fechamento desta edição, a reportagem da Folha do Aço tentou contato com a assessoria da Caixa Econômica, mas não obteve retorno.

Como funciona

O golpe do falso leilão é uma fraude aplicada na internet, em que criminosos criam sites de leilões falsos, com nomes semelhantes aos de sites reais, e domínios que se assemelham aos oficiais. Para atrair vítimas, eles pagam anúncios para que seus sites apareçam nas ferramentas de busca antes dos sites legítimos e oferecem preços abaixo do valor médio das arrematações em leilões verdadeiros.

Após a vítima se cadastrar e enviar sua oferta, os criminosos entram em contato solicitando cópias de documentos pessoais e o depósito do valor do lance. Aoreceberem o pagamento e as cópias dos documentos, encerram o contato com a vítima e utilizam seus dados para aplicar novos golpes em terceiros.

Como evitar cair no golpe:

Verifique a reputação e o domínio do site: Confira se o domínio é legítimo, observando se há diferença de grafia (uma letra trocada ou repetida, por exemplo). Sites oficiais de leilões no Brasil possuem domínio “.com.br”.

Consulte o edital: Certifique-se de que o site apresenta um edital com todas as regras do leilão e detalhes sobre os veículos disponíveis para vistoria.

Cheque a forma de pagamento: O pagamento do valor do arremate deve ser feito em uma conta de pessoa jurídica do leiloeiro, que deve estar claramente indicada no edital. Nunca faça antecipações de depósitos.

Não exclua mensagens e dados relacionados ao golpe: É fundamental fazer capturas de tela do site fraudulento, de anúncios, de contas em redes sociais e de conversas com os criminosos em aplicativos de comunicação. Guarde também o endereço de e-mail e o número de telefone dos golpistas, junto com as mensagens.

Caso seja vítima do golpe:

Registre um Boletim de Ocorrência: Informe todos os dados fornecidos pelos criminosos, incluindo chaves PIX e endereços. Caso deseje que o criminoso seja investigado e processado, deixe claro no BO que deseja representar criminalmente contra o autor do estelionato.

Reclame no Procon: Para proteger seus direitos como consumidor, é possível registrar uma reclamação formal perante o Procon.

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