Condições preocupantes de segurança e infraestrutura no campus Pinheiral do Instituto Federal do Rio de Janeiro Campus Nilo Peçanha (IFRJ/CANP) vieram à tona através de uma denúncia grave recebida pela Folha do Aço. Um denunciante, que optou por permanecer anônimo temendo represálias, relatou uma série de irregularidades em diversos prédios da instituição, vinculada ao Ministério da Educação. Segundo ele, muitos edifícios operam sem a devida autorização legal, colocando em risco a integridade de estudantes e funcionários.

Dentre as questões alarmantes, o denunciante destacou um prédio relativamente novo, com menos de cinco anos de construção, que já apresenta rachaduras, vazamentos e outros problemas estruturais visíveis. O edifício, segundo ele, não possui o “habite-se” – documento que atesta a conformidade da construção com as normas – e não tem a liberação da Prefeitura ou do Corpo de Bombeiros. “Como pode a instituição permitir este tipo de coisa? E ninguém faz nada?”, questiona.

Outro ponto crítico é a falta de segurança no campus. O denunciante relatou um incidente ocorrido em 2 de setembro, quando uma confusão envolvendo pessoas de fora da instituição invadiu o espaço escolar, gerando pânico entre os alunos.

“Como não há segurança, todos conseguiram entrar. Os alunos se assustaram e chamaram a polícia. Até hoje, nenhuma medida para aumentar a segurança foi tomada”, destacou. Ele criticou ainda a atuação dos seguranças, que, segundo ele, priorizam a fiscalização do refeitório em vez de realizar rondas regulares para proteger os estudantes.

Aluna confirma problemas estruturais

Os problemas apontados foram corroborados por uma estudante da instituição, que também optou por não se identificar. Ela afirmou que a infraestrutura do campus está longe do ideal, com várias áreas necessitando de manutenção urgente.

Um exemplo é o ambiente dos suínos, onde os resíduos são armazenados em uma esterqueira sem a devida drenagem. “Quando chove, inunda, e todo o resíduo vai para o caminho que os estudantes usam para entrar e sair da escola”, relatou. A estudante também mencionou que o refeitório não possui espaço suficiente para atender à demanda, resultando frequentemente em falta de assentos durante as refeições.

Outro problema relatado é a condição dos banheiros. “Por mais que limpem, eles exalam um odor horrível. Muitas cabines estão sem portas, e se recusam a consertar porque dizem que os alunos ‘não sabem cuidar'”, afirmou.

A jovem ainda cita questões nas salas de aula, como a falta de manutenção nos aparelhos de ar-condicionado e no teto. “Na semana passada, o suporte do ar-condicionado cedeu. O mesmo aconteceu com o forro da sala, que quase caiu com um vento forte.”

A estudante também criticou a falta de cobertura nas áreas de circulação durante dias de chuva. “Tudo é descoberto; não tem como ir ao banheiro, refeitório, quadra ou bebedouro sem se molhar”, explicou.

Falta de prioridade

A estudante enfatizou que, enquanto problemas sérios na infraestrutura são ignorados, a administração do campus parece priorizar a aparência externa. “Eles estão mais preocupados em arrumar o jardim e fazer paisagismo do que cuidar do bem-estar dos alunos”, criticou.

IFRJ descarta problemas estruturais e cita contrato de manutenção predial para aprimorar infraestrutura

Em nota à Folha do Aço, a direção do campus Pinheiral do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) esclareceu que o imóvel que abriga a unidade possui mais de 300 hectares e uma história centenária, iniciada em 1909. “Devido à sua vasta extensão, longa trajetória e necessidade de conservação do patrimônio arquitetônico, o campus está sempre realizando trabalhos de manutenção, respeitando os trâmites e prazos legais”, destaca.

O comunicado cita que o prédio mais recente foi concluído em 2020 e não apresenta problemas estruturais. “Contudo, como qualquer construção, ele necessita de manutenção, que está aguardando todos os trâmites necessários para seu início, previsto ainda para 2024, conforme o contrato assinado em 18/10/2024”.

A direção ressalta ainda que, de acordo com a Nota Jurídica 00012/2024, o IFRJ é isento de alvará de funcionamento e, quando alguma pendência é identificada, busca a regularização. “Adicionalmente, informamos que o campus possui um contrato vigente de segurança patrimonial interna e está discutindo com a comunidade medidas de segurança. Quando há registro de incidentes de segurança pública, as forças policiais são acionadas imediatamente”, pontua.

Por fim, a direção da instituição garante que “mantém um diálogo aberto com a comunidade, sempre com seriedade, responsabilidade, clareza e transparência na administração pública. Isso ocorre em reuniões gerais com toda a comunidade acadêmica, nas reuniões do colegiado de campus e em encontros com os pais”.

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