Pesquisa realizada por cientistas da Universidade Rockefeller, em Nova York, apontou que pessoas que tiveram Covid-19 apresentaram uma resposta imunológica mais intensa à vacina do que aquelas que completaram o esquema vacinal, mas nunca foram infectadas anteriormente. O pneumologista e professor do UniFOA Gilmar Zonzin atesta que estudos apontam para uma imunidade híbrida.
“Quem foi devidamente infectado, quando recebe aplicação de uma vacina, pode sim ter uma amplificação da sua resposta, o que não significa que alguém se beneficia em ser infectado porque a infecção pode gerar morte”, disse o médico.
Para Zonzin, o nosso sistema imunológico é receptivo ao treinamento, tem capacidade de aprendizagem e esse treinamento se dá a partir do contato do nosso sistema imunológico com o agente agressor.
“Quando você faz o contato com uma bactéria, fungo, com vírus, as nossas células começam a trabalhar em um sistema de produção de defesa e que é extremamente complexo, porque envolve diferentes células, envolve diferentes produções de moléculas chamadas anticorpos. É algo extremamente sofisticado. O que a gente sabe é que esse treinamento se torna mais apto a enfrentar esse agressor, e isso tem que fazer com que enfrentamento posterior, o corpo tem uma reação superior e o processo de adoecimento ainda não aconteceu, acontece de forma menos grave”, explica.
O artigo da Nature faz questão de frisar que o estudo não diminui a importância da vacinação nem da aplicação das doses de reforço, adotadas por muitos países. “Não estamos convidando ninguém para ser infectado e depois vacinado para ter uma boa resposta. Porque alguns deles não vão sobreviver”, argumentou o pesquisador Andrés Finzi, da Universidade de Montreal, no Canadá.
Gilmar Zonzin alerta, porém, que o vírus a Covid é sofisticado e, com as variantes, é preciso continuar tomando cuidado. “Como nós temos uma doença complexa, variantes diferentes, suscetibilidades diferentes, a gente tem uma doença que é difícil enquadrá-la matematicamente e fazer cálculos e tomar determinadas condutas. A situação é muito multifacetada, mas existe um racional de que quem desenvolveu a doença já vai ter uma imunidade presente do que quem não teve a doença”, analisa
O médico salienta que a expectativa é que o somatório da imunidade que vai sendo conferida por conta das infecções naturais vá se desenvolvendo a imunidade. “Apesar das nossas medidas de contenção continuam [as infecções] acontecendo”, finaliza.