Prestes a atingir um milhão de toneladas de material estocado nos pátios, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) programou o início do abafamento dos equipamentos do Alto-Forno 2 para o próximo dia 15, sexta-feira. Se confirmando, a produção da área da sinterização também será interrompida.

O processo decisório é debatido a quilômetros de distância da Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda. Concentra-se no 20º andar do edifício número 3.400 da Avenida Faria Lima, no Itaim Bibi, um dos bairros mais nobres de São Paulo. Por lá, executivos da empresa e o presidente do grupo, Benjamin Steinbruch, debruçaram-se quase que diariamente para analisar o cenário mundial das últimas, com a desaceleração do consumo de aço em consequência da pandemia do novo coronavírus, e seus impactos.

As perceptivas observadas não foram das melhores, vide o caso de empresas concorrentes, como a Gerdau e Usiminas. Ambas cortaram porções significativas de suas produções de aço bruto, diante de um mercado que evaporou da noite para o dia após medidas de restrição à circulação tomada como forma de conter a epidemia do coronavírus no país.

Fontes consultadas pela Folha do Aço revelam que o anúncio da decisão depende agora da divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2020 da CSN, agendada para às 16h de quinta-feira (dia 14). Há todo o receio de como o mercado financeiro irá absorver uma decisão que afetará por meses toda a cadeia produtiva empresa. Procurada, a empresa não se pronunciou sobre o tema.

Demissões e PPR

O cenário é de apreensão no chão de fábrica da Usina Presidente Vargas e em outras unidades da CSN. Confirmado o abafamento do Alto-Forno 2, a produção da empresa fica comprometida, e na esteira surge a ameaça de novas demissões.

Conforme o site da Folha do Aço noticiou de primeira mão, cerca de 200 funcionários foram desligados da empresa na última semana de abril. Além disso, a CSN prorrogou o período de férias de um grupo de trabalhadores, como diabéticos, pacientes cardíacos e pessoas com 60 anos de idade ou mais. A decisão atingiu ainda os jovens aprendizes e estagiários, que também seguem afastados das atividades.  

 Por ora, não há atualização do número de funcionários afastados e data prevista para as férias serem suspensas. O Sindicato dos Metalúrgicos monitora a situação. Uma reunião aconteceu terça-feira (dia 5) em São Paulo para discutir o assunto. A pauta do encontro também tratou do pagamento do Programa de Participação dos Resultados (PPR) e a data-base dos metalúrgicos.

De acordo com relatos, Benjamin Steinbruch não está disposto a pagar o PPR, a princípio esperado para ser depositado até o dia 30 de abril. No entendimento do empresário, não houve nenhuma meta de produção pré-estabelecida no acordo coletivo referente ao período 2019/2020.

Para Steinbruch, o percentual a ser estabelecido depende de uma nova negociação. O mandatário da empresa tenta ainda adiar o pagamento para dezembro. Uma nova reunião entre os representantes dos metalúrgicos e a direção da CSN está agendada para o dia 18, na capital paulista. 

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