As recentes notícias de mortes causadas pela febre maculosa no estado de São Paulo despertaram a preocupação sobre a doença. Segundo informações da subsecretaria de Estado de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, até quarta-feira (dia 21), foram confirmados sete casos, conforme o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Em 2022 foram registrados 32 casos da doença no território fluminense.

Apesar do cenário preocupante, os municípios do estado do Rio de Janeiro têm conseguido se manter livres da doença. Volta Redonda, Barra Mansa e Resende, cidades que concentram grande parte dos habitantes do Sul Fluminense, não tiveram casos confirmados de febre maculosa no ano passado nem até o momento.

No entanto, diante do aumento dos casos no estado vizinho, especialistas alertam para a necessidade de intensificar medidas preventivas e de vigilância sanitária, a fim de conter a propagação da doença e garantir a saúde da população fluminense. De acordo com a médica Maria Cristina Carvalho, a febre maculosa é uma doença infecciosa febril aguda, com altas taxas de letalidade, tendo como a principal espécie responsável pela transmissão o Amblyomma sculptum (“carrapato-estrela”). 

“O carrapato-estrela possui vários estágios de vida e todos podem transmitir a febre maculosa quando infectados. Eles se infectam quando se alimentam de um hospedeiro – como, por exemplo, a capivara – infectado. Uma vez infectado, o carrapato permanece com a bactéria por toda sua vida”, explica a professora do UniFOA.

Ainda segundo Maria Cristina, o carrapato-estrela pode parasitar cães quando estes frequentam áreas de risco, apesar de o animal não ser um hospedeiro preferencial do transmissor. “Outras espécies podem atuar como hospedeiros secundários, como gambás, saguis, bois. O carrapato-estrela está presente em áreas verdes onde há circulação dos seus hospedeiros, em especial as capivaras e os cavalos. No ambiente, permanecem em locais onde há vegetação ou acúmulo de folhas sobre o solo, sendo as áreas sombreadas mais favoráveis”, detalha a especialista, que também atua como infectologista.

A médica especifica os sintomas da febre maculosa em seres humanos e explica como é possível prevenir a infecção. “Febre de início súbito, cefaleia, mialgia e que tenha histórico de picada de carrapatos e/ou contato com animais domésticos e/ou silvestres e/ou ter frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa, nos últimos 15 dias. É importante realizar a inspeção do corpo todo durante e após frequentar áreas de risco e efetuar a emoção cuidadosa com pinça, sem esmagar, para impedir parasitismo prolongado”.

Outra dica é, ao andar em local com carrapatos, verificar com frequência se há algum carrapato preso ao corpo, usar roupas claras com manga longa, calça comprida e calçado fechado.

“Não há profilaxia recomendada a pessoas que frequentaram áreas endêmicas, mesmo em situações em que houve parasitismo por carrapatos. Em situações de exposição, a orientação é monitorar o eventual aparecimento de sintomas (ainda que febre isolada) dentro de um período de 14 dias após a possível exposição. Caso apareçam sinais ou sintomas, a pessoa deve procurar o médico e informar sobre a exposição, o que poderá contribuir para a suspeita diagnóstica precoce e início de tratamento antimicrobiano específico em tempo oportuno”, finaliza Maria Cristina Carvalho.

Vale ressaltar que o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) é responsável pelo registro e monitoramento dos casos. O Sistema é dinâmico, que passa por atualizações constantes pelas equipes municipais. Dessa forma, os dados estão sujeitos a revisões periódicas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.