O mês de fevereiro marca o retorno às aulas para milhares de estudantes em todo o país. Enquanto muitos celebram esse momento com alegria e expectativas, para outros, a volta às atividades escolares pode ser angustiante, especialmente para aqueles que são vítimas de bullying e cyberbullying.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei 14.811/2024, incluindo o bullying e o cyberbullying no Código Penal. Essa mudança reconhece esses comportamentos como crimes hediondos, equiparando-os a sequestro e indução à automutilação. O cenário atual destaca a necessidade de adaptar a legislação à evolução da sociedade.

Um estudo do IBGE revelou que cerca de 40% dos estudantes admitiram ter sofrido bullying na escola. Na mesma pesquisa, 24,1% desses alunos declararam sentir que “a vida não vale a pena” após terem sido vítimas desse ato.

A psicopedagoga Leondina Zanut, com 30 anos de experiência, compartilha sua visão sobre o tema, destacando a importância da inclusão do bullying e do cyberbullying no Código Penal. Para ela, a lei é uma ferramenta que pode ser acionada pelas famílias para combater esse comportamento nocivo.

 Leondina ressalta que o advento da tecnologia e das redes sociais trouxe uma nova dimensão para o bullying, permitindo que agressões e menosprezos sejam perpetrados de forma virtual. “O mundo está interligado pela tecnologia, e isso é um fato do qual não podemos fugir”, afirma a profissional.

Ela salienta que o bullying muitas vezes tem suas raízes na família, com crianças reproduzindo termos ofensivos ouvidos em casa, e destaca a necessidade de as escolas trabalharem não apenas na prevenção, mas também na identificação e no combate ao bullying cibernético.

“O bullying cibernético precisa ser muito bem trabalhado nas escolas. Acredito que seja necessário incluir uma aula específica sobre tecnologia digital, abordando o uso saudável e produtivo das redes sociais”, destaca Leondina, ressaltando que o ensino dessas questões deve envolver profissionais capacitados, como psicólogos, para garantir uma abordagem completa e eficaz.

“O professor precisa observar e identificar o aluno que está sendo vítima desse tipo de humilhação. Há sinais, como a recusa em entrar na sala de aula, estar sempre desintegrado do grupo, muito emotivo, lábios trêmulos e desconfortáveis. A escola se torna um castigo, e muitas vezes a família nem sabe. Então, cabe ao professor observar, conversar com essa criança e encaminhar para o serviço de orientação educacional da escola. É um passo muito importante e um grande compromisso do professor.”

Com a nova legislação, Leondina espera que as escolas tomem medidas imediatas para orientar os alunos sobre as consequências do bullying e do cyberbullying. Ela destaca a importância de encontros com profissionais especializados e palestras sobre o tema, promovendo o respeito, a ética e a gentileza.

A psicopedagoga alerta também para a necessidade de os pais se envolverem ativamente na vida digital de seus filhos, verificando mensagens e conversas. “É fundamental que as famílias estejam atentas, pois agora, com a lei em vigor, elas podem acionar a Justiça”, enfatiza Leondina.

Sinais silenciosos: identificando vítimas de bullying e cyberbullying na escola   

Nesta semana, durante uma audiência no Senado dos Estados Unidos, o presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, emitiu um pedido de desculpas às famílias de crianças vítimas de danos causados pelas redes sociais. Leondina Zanut reconhece que o Facebook se transformou em uma ferramenta prejudicial, onde grupos realizam jogos que levam à morte e praticam bullying contra pessoas, famosas ou não. Ela destaca a necessidade de abordar abertamente a tecnologia digital nas escolas, considerando tanto seus aspectos positivos quanto negativos.

Identificar o bullying pode ser desafiador devido à sua natureza sutil ou à sua ocorrência em locais com supervisão limitada. No entanto, há sinais comuns que apontam para o sofrimento de crianças ou adolescentes. Aqui estão 10 dicas concisas para identificar possíveis vítimas:

–  Mudanças abruptas no comportamento, como isolamento, tristeza ou agressividade;

– Queda no desempenho escolar e desinteresse em atividades educacionais;

– Queixas frequentes de dores de cabeça ou estômago sem causa aparente;

– Distúrbios no sono, pesadelos e alterações nos hábitos alimentares;

– Danos ou perda de pertences pessoais;

– Evitar lugares ou pessoas, especialmente colegas;

– Expressões de medo em relação à escola ou contextos sociais;

– Dificuldade em fazer amigos ou manter relacionamentos;

– Comportamento negativo nas redes sociais ou mensagens ameaçadoras online;

– Comentários indiretos sobre bullying, como “ninguém gosta de mim” ou “não aguento mais”.

É fundamental que pais, educadores e a sociedade em geral estejam atentos a esses sinais e atuem prontamente para criar ambientes escolares seguros e acolhedores. O diálogo aberto sobre o impacto da tecnologia e o combate ao bullying são passos cruciais na promoção de uma educação saudável e positiva.

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