Buscando relembrar a história do Clube Palmares, a secretaria de Cultura de Volta Redonda e o Centro Universitário de Volta Redonda (UniFoa) estão produzindo o curta-metragem: “Da Palha ao Concreto, uma História de Resistência”. A proposta do documentário apresenta a criação do Palmares, uma homenagem aos voluntários que passaram pela instituição e ainda a integram.
A produção contou com a participação de 20 alunos do 3º ano do curso de Publicidade e Propaganda, na disciplina de Marketing para o Terceiro Setor.
Fundado em 31 de janeiro de 1965, em Volta Redonda, o Clube Palmares é uma organização da classe trabalhadora negra e está ligado ao surgimento da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Sua história teve início quando a professora Maria da Glória, o operário João Estanislau Laureano e o estudante-operário Nazário Santos Dias decidiram criar o Clube na pretensão de não ser apenas um espaço de lazer mas, também, de liberdade e integração social do cidadão afrodescendente.
No contexto social do período, havia um fator determinante para a criação do clube. Os negros eram excluídos e enfrentavam preconceitos na cidade. Entrar nos clubes tradicionais como: Umuarama, Aero Clube, Clube Comercial e Clube Náutico, não era uma opção para a comunidade.
O Clube Palmares, é um local de entretenimento e de sociabilidade, transformando-se em um espaço político, educacional e difusor da cultura afro-brasileira. Para o documentário foram convidados os personagens: Edson Daniel João (Mister) – presidente; Ronaldo Furtado Vieira – vice-presidente; Josianne Virote Laureano – Secretária; José Geraldo da Costa (Geraldinho); Julinho dos Palmares; Pedro Antônio Francisco (Mestríssimo) – Conselho Fiscal; Waltair Santos de Oliveira (Cafu); Jefferson Virote Laureano; Aurea Cristina Santos Dias; Álvaro Santos Dias; Sérgio Gabriel dos Anjos (Bri) – Conselho Municipal de Políticas de Igualdade Racial.As gravações ocorreram na sede do Clube, no bairro Jardim Europa, em Volta Redonda e na praça Brasil, local onde o sonho começou.
Presidindo desde março de 2019, Edson Daniel, 66 anos, iniciou sua trajetória no Clube aos 20 anos e relata a importância da realização do trabalho.
“Meu objetivo sempre foi o combate ao racismo e a construção de uma sociedade onde todos os cidadãos se respeitassem, tivessem os mesmos direitos, sem distinção de cor ou raça. Tudo que está sendo desenvolvido trata-se de um momento ímpar. O Palmares não é apenas um Clube, mas sim, uma proposta de transformação”, revelou.
Para o secretário municipal de Cultura, Anderson de Souza, cultura, educação e comunicação tem que andar juntas. Essa parceria com o UniFoa é um exemplo de sucesso.
“Com a construção, conseguiremos trazer um enriquecimento no âmbito cultural e educacional, além de resgatar grande parte da história da nossa cidade”, disse Anderson.
“Como professora do UniFoa e integrante da secretaria de Cultura, foi um grande presente a aprovação do projeto pelas duas instituições. Para os estudantes, um grande aprendizado, principalmente como cidadãos”, complementou Clarisse Netto, responsável pela disciplina de Marketing para o Terceiro Setor.
“Essa é uma oportunidade de movimentar a cultura da cidade. Além de estudante, sou fotógrafo e meu papel é registrar toda a emoção, no intuito de compartilharmos essa história que começou com preconceito e virou uma questão de consciência política”, explicou Mário Sérgio, do 3º ano do curso de Publicidade e Propaganda.
O coordenador do curso de Publicidade e Propagada do UniFoa, Douglas Gonçalves, relatou o desenvolvimento do trabalho e o empenho dos estudantes.
“Temos uma diretriz curricular que vai ao encontro de toda essa produção, alinhada com a questão racial. Nesse processo, os futuros profissionais não estão realizando somente um produto ou comercial, mas criando uma produção histórica para valorizar o Clube Palmares. Certamente isso ficará marcado na trajetória de cada um deles”, finalizou o coordenador.
Lançamento do documentário
A secretaria de Cultura de Volta Redonda e o UniFoa planejam realizar o lançamento oficial do documentário na sede do clube em novembro. O período marca o dia da Consciência Negra no Brasil, e posteriormente, farão a exibição no Memorial Zumbi dos Palmares, na Vila Santa Cecília e no Auditório William Monachesi, no Campus Olezio Galotti, em Três Poços.
Para conhecer mais a história do Clube Palmares, acesse o site: www.clubepalmares.org.br ou entre em contato pelos números: (24) 99831-6289 e (24) 99994-2058.
Foto: Divulgação