Nenhum caso de possível abuso recente da Guarda Municipal chocou parte dos moradores de Volta Redonda quanto a ação da última quarta-feira (dia 15), no Largo Nove de Abril, na Vila Santa Cecília. Uma sindicância foi instaurada pelo comando da corporação para apurar possíveis excessos cometidos.

De acordo com a secretaria de Comunicação da Prefeitura, os dois homens dominados pelos agentes teriam cometido uma série de desacatos, quando foram informados que seriam levados à delegacia para uma checagem de antecedentes criminais. Após toda a confusão protagonizada, a ocorrência foi, de fato, para a 93ª DP. No local, a Polícia Civil informou que o homem agredido teria duas anotações criminais por desacato, uma quando era adolescente, em 2009, e outra com base na Lei Maria da Penha.

Em depoimento prestado, o guarda responsável pela condução do suspeito disse que estava lanchando quando passou a ser xingado pelo homem. Ele ainda relatou ter sido ameaçado de morte, argumento corroborado por uma funcionária da lanchonete, ouvida na condição de testemunha. Além do depoimento, imagens do circuito interno de segurança do local mostram o momento exato em que a suposta vítima se aproxima do guarda e, com o dedo em riste, tenta intimidar o agente e os funcionários do estabelecimento. De acordo com o depoimento, perante as ameaças, o guarda afirmou que levaria o homem à delegacia.

Neste momento, a suposta vítima correu. Alguns metros depois, o GM novamente tentou algemá-lo, mas o homem reagiu com um soco, levando o agente a tentar imobilizá-lo, deixando o homem visivelmente transtornado. Na sede policial, a vítima confirmou a versão do servidor público, mas tentou justificar seus atos dizendo que “estava enfrentando problemas no relacionamento e por isso estava nervoso”.

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-VR) criticou a abordagem realizada pelos guardas. O presidente da Comissão, Thalles de Medeiros, classificou como “estarrecedor” o episódio. “Iremos apurar todos os excessos ocorridos no fato para que a lei seja aplicada como deve ser”, ressaltou.

 Reflexos

Para parte da população de Volta Redonda, o despreparo e truculência da GMVR refletem o comportamento do comandante da tropa, João Batista Reis. Desde que assumiu o posto, o inspetor é alvo constante de reclamações, até mesmo dos próprios subordinados.

Em julho, os servidores chegaram a lançar um manifesto, nas redes sociais, pedindo ajuda em relação aos excessos cometidos pelo comandante, acusado de tomar atitudes humilhantes e perseguidoras. “Em uma semana, mais de 80 documentos de defesa [documento que precede a punição] e várias suspensões a pais de família, que já são mal remunerados e de forma covarde têm sua ficha funcional manchada por atos abusivos”, diz trecho do comunicado compartilhado em um aplicativo de mensagens.

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