O fim do ano se aproxima e com ele cresce a expectativa pelos festejos natalinos e a esperança se renova para um 2022 repleto de realizações. Como foi dito, esta é a expectativa. A realidade hoje, porém, é outra, e assombra o bolso do contribuinte brasileiro. Afinal, vem aí a temporada de gastos extras na despesa familiar.
Além de IPTU, IPVA, material escolar e tantos outros, as famílias brasileiras precisam também se preparar para um novo aumento em 2022: as mensalidades escolares. No ano passado, a maior parte dos colégios manteve ou reduziu os valores por conta da pandemia de Covid-19.
Para o próximo ano, com a retomada total das aulas presenciais e a disparada da inflação no país, a tendência é de reajuste. Recente pesquisa realizada pela consultora especializada em instituições de ensino Meira Fernandes apontou que 90,9% das escolas particulares planejam reajustar a mensalidade dos alunos no próximo ano letivo. E mais: a variação de reajustes pode superar os 12%, alta avaliada por 9,1% das instituições privadas de ensino.
Para mais da metade das escolas (53%), o aumento da mensalidade deve ficar entre 7% e 10%. Altas entre 5% e 7% são planejadas por 16,7% das instituições e um incremento entre 10% e 11% é tido como adequado para 7,6% dos colégios.
Dos entrevistados, 6,1% ainda não definiram qual será o percentual de reajuste. Outros 1,5% das instituições estimam aumento entre 1% e 3% e 6,1% esperam elevar os boletos entre 3% e 5%.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Sul Fluminense (Sinepe-SF), Cláudio Menchise, a média de reajuste para o Estado e região deve ficar entre 8% e 12%. Além do índice inflacionário, o reajuste de energia elétrica que, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), terá uma alta de 21% em 2022, deve pesar na taxa de aumento da mensalidade escolar.
“Tudo isso sempre acompanhando as melhorias na estrutura do colégio, novidades, como no caso dos programas bilíngues implantados pela maioria das escolas, aumento nos salários de professores e funcionários, entre outros fatores. Cada unidade organiza sua planilha de custo e, a partir daí, aplica o reajuste”, lembra Menchise.
“Vale ressaltar que uma escola é diferente de qualquer outra empresa. Muita gente nem imagina, mas entre 60% e 70% da arrecadação de uma escola vai para a folha de pagamento. Na indústria automobilística, por exemplo, nem 5% tem esse destino. É muita gente envolvida, trabalhando. Uma escola de educação infantil pequena, no mínimo, emprega de 40 a 50 pessoas”, argumenta.
Mesmo com tais aumentos, as famílias com alguma dificuldade podem buscar negociações com a escola, como descontos, bolsas, etc. “Todas as escolas estão muito preocupadas com o poder aquisitivo dos pais, por isso, a negociação, que sempre existiu, vai continuar existindo. Esse é o pensamento dos diretores de maneira geral”, frisa o presidente do Sinepe-SF.
“Nós devemos tirar o chapéu para as escolas particulares do nosso país, que fizeram sacrifícios enormes, buscando alternativas nesta pandemia para não perder alunos, se endividando nos momentos mais críticos e, tudo isso, sem efetuar demissões. Eu lamento muito pelas unidades que não suportaram, como uma escola em Valença, com quase 70 anos de existência, que acabou fechando. É muito triste isso. Imagina manter a folha de pagamento sem arrecadação. Por isso, quero reforçar a disposição das instituições em manter sua clientela e continuar prestando um serviço de alta qualidade, que é o que a escola particular faz”, conclui Cláudio Menchise,
Na ponta do lápis
Em casa, o programador Ataíde Silva já vem reduzindo as despesas visando economizar para o que está por vir. “Cortamos vários gastos, já prevendo os terríveis aumentos que virão no ano que vem. Tudo aumenta, menos os nossos salários”, reclama.
Temendo não conseguir arcar com tantos reajustes, e com dois filhos em idade escolar, Ataíde conta que tem trabalhado como motorista de aplicativo nas horas vagas. “Não tem jeito, não dá pra ficar parado, pois as contas não esperam”, lembra.
Da mesma forma, a farmacêutica Fernanda Batista busca economizar. Para ela, a melhor forma é negociar, junto ao setor financeiro da escola, alternativas para reduzir tais impactos.
“Como tenho três filhos na mesma instituição, sempre solicito descontos na escola. Do contrário, fica muito pesado. Também busco economizar nos uniformes e nos livros, passando de um para o outro e, quando não é possível, tento revender alguns itens na escola ou fazer sistema de troca, sempre ajuda”, destaca.
Via de mão dupla
Assim como destacado pelo presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Sul Fluminense (Sinepe-SF), Cláudio Menchise, muitas escolas buscam oferecer às famílias propostas de descontos e promoções para reduzir os impactos causados pelos reajustes anuais. Em Volta Redonda, por exemplo, o Tiradentes Centro Educacional realiza ações diversas para possibilitar às famílias a manutenção de seus alunos na escola, seja por descontos concedidos no período trabalhado de forma assíncrona, seja por refinanciamento, parcelamento e outras formas propostas para auxiliar as famílias a passarem por períodos difíceis.
“De uns tempos pra cá, a escola vem abarcando outras funções e atividades para que a família tenha, dentro de um só espaço, uma formação completa para o seu filho. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz toda a proposta de conteúdo, programas e projetos que devem ser abraçados por todas as instituições de respeito. E o Tiradentes vem agregando cada vez mais outros valores dentro do mesmo espaço, otimizando tempo e proporcionando economia para as famílias. São ações socioemocionais, programa bilíngue, atividades físicas e culturais, todos no mesmo espaço e com custo infinitamente menor para as famílias”, explica Eliane Alcure, diretora da escola.
Na ocasião da matrícula, não só com o objetivo de se organizar para 2022, mas também de auxiliar as famílias a proceder com a renovação, o Tiradentes oferece descontos e vantagens para as matrículas realizadas antecipadamente.
“Com isso, conseguimos perceber a demanda para o ano seguinte e, consequentemente, adquirimos mais um imóvel para trabalhar no projeto de ampliação da escola. Isso é uma via de mão dupla, a escola auxiliando a família e a família nos oportunizando uma melhor organização”, ressalta Alcure.
A empresária acrescenta, ainda, que, em comemoração aos 30 anos da escola, foi lançada a proposta de 30% de desconto na matrícula para todos os alunos. “Mais uma de muitas promoções que buscamos fazer para ajudar as famílias neste período em que, sabemos, os custos são mais altos”.
Na Cidade do Aço, alguns dos colégios mais tradicionais já divulgaram seus percentuais de reajuste para 2022. Segundo informações de pais e responsáveis ouvidos pela Folha do Aço, no Tiradentes Centro Educacional, a alta será por volta de 8%.
O Colégio Ceja, no bairro Morada da Colina, terá um aumento de cerca de 12%. Já o Espaço Verde, com unidade na Rua 41-C, na Vila Santa Cecília, optou por aumentar a mensalidade em 7% no ano que vem.
Aos pais dos alunos cabe uma recomendação. Os reajustes das instituições de ensino normalmente estão descritos em contrato assinado no ato da matrícula. No documento, é comum estar detalhado o índice de preços que a escola pretende seguir, que pode ser tanto o IPCA como o IGP-M.