No último dia 25 de maio, o Brasil celebrou o Dia Nacional da Adoção. A data foi criada para que a sociedade pudesse refletir sobre a importância de se garantir um lar seguro e amoroso para crianças e adolescentes abandonados por seus pais biológicos e que tanto almejam por uma família.
Conforme números do Conselho Nacional de Justiça, no Estado do Rio há, hoje, 2.929 pretendentes habilitados e 289 crianças aptas à adoção. Em 2022, foram 218 crianças adotadas em cidades fluminenses, sendo uma em Barra Mansa e seis em Volta Redonda.
Dessas crianças, quatro são do sexo masculino e três do feminino. Quanto à idade, duas têm menos de 2 anos; outras duas têm de 3 a 9 anos; e outras três têm mais de 12.
Atualmente, Barra Mansa conta com 45 pessoas habilitadas que desejam adotar uma criança, enquanto na Cidade do Aço esse número é de 79 pretendentes. Essas estatísticas mostram que existem várias famílias dispostas a abrir seus corações e lares para receber um novo membro.
Paralelo a isso, segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, houve um aumento no número de casos de entregas voluntárias de bebês recém-nascidos para adoção. Em 2021, foram 1.314 casos registrados, enquanto em 2022 o número saltou para 1.667.
No Estado do Rio de Janeiro, ocorreram 100 casos em 2021 e 122 casos no ano passado. Os números refletem uma realidade delicada, onde mães e pais biológicos, por diversos motivos, optam por entregar seus filhos para adoção.
Um ato de amor que
transforma vidas
Cada história tem suas particularidades e, felizmente, há muitas pessoas dispostas a oferecer amor, afeto e um lar a quem não tem. A decisão de se tornar mãe (e/ou pai) nem sempre segue o roteiro convencional.
Para Marcela Quaresma, de 41 anos, esse caminho começou na adolescência, quando iniciou um trabalho voluntário na antiga creche Irmã Zila, em Volta Redonda, na década de 90. Foi lá que a empreendedora descobriu o desejo de ser mãe e decidiu que essa jornada começaria aos 40 anos, após vivenciar diversas experiências e responsabilidades.
Em 2020, Marcela embarcou em um processo de capacitação e conscientização junto a profissionais do Tribunal de Justiça (TJRJ). Ela participou da primeira turma online e, após visitas de especialistas e o preenchimento de uma ficha para habilitação de adoção, estava pronta para concretizar seu sonho.
Marcela conheceu sua filha em 20 de junho de 2022 e, em 1º de setembro do mesmo ano, obteve a guarda provisória. Desde então, mãe e filha têm construído uma história de amor e cumplicidade, enfrentando juntas os desafios e celebrando as conquistas como família.
“A maternidade é uma jornada diária, uma construção de rotinas, mantras, limites, respeito, educação e verdades. É um processo de redescoberta e reconstrução. Ser mãe é transformador, implica criar expectativas, sonhos e estar aberto para aprender e aceitar o novo”, define Marcela.
A empreendedora conta que enfrentou desafios ao optar pela adoção. Como mãe solo e tendo escolhido uma criança com idade mais avançada, ela teve que construir uma rede de apoio composta por familiares e amigos próximos.
Respeito à história
Além da responsabilidade de educar com amor e limites, Marcela Quaresma se empenha em respeitar a história e o passado da filha, compartilhando uma nova vida segura. No entanto, seu maior desafio diário é criar um ambiente saudável e justo.
Com um olhar atento, ela encontra extrema alegria nas pequenas conquistas e descobertas, como o simples ato de pedir desculpas. Para Marcela, ser mãe vai muito além de uma ligação biológica.
“É um papel que se constrói dia após dia, repleto de amor, dedicação e aprendizado mútuo”, detalha.
Histórias como a de Marcela são apenas um exemplo entre muitas outras famílias que abrem seus corações para acolher e criar crianças que precisam de um lar amoroso e seguro. Jeff e Lisa Fromholz são missionários americanos e estão há mais de 25 anos no Brasil, morando atualmente em Volta Redonda. Juntos, adotaram Samuel, hoje com 14 anos. A decisão de ter um filho ‘do coração’ veio há 32 anos, antes mesmo deles se casarem.
“Falamos do nosso desejo e sonho de um dia adotar. Foi algo que Deus colocou em nossos corações e, 20 anos depois, fez se tornar realidade”, contou Lisa, explicando que o processo levou três anos para conclusão. Para a missionária, a experiência ‘não pode ser descrita além de bênção’. “Samuel rapidamente roubou o coração de todos e até hoje é o queridinho da casa”.
Os maiores desafios para a família se devem do fato de a mãe biológica do menino ter sido alcoólatra, o que impediu o pleno desenvolvimento do cérebro dele. “Ele é uma criança especial que com dificuldade se movimenta e não é verbal. Mas isso não o impede de mostrar o seu amor para conosco. Ele é muito carinhoso. O que não consegue se expressar com palavras, mostra com abraços e beijos. A maior alegria em toda essa jornada é o próprio Samuel. Ele é a alegria da nossa casa. Temos aprendido tanto com ele”, revela.
Lisa finaliza a entrevista à Folha do Aço com a seguinte reflexão: “Deus enviou o Seu filho para morrer por nós, para que pudéssemos ser adotados como filhos de Deus. Adotamos porque fomos adotados. E se tivéssemos que fazer tudo de novo, faríamos. A adoção de Samuel não mudou somente a vida dele, mas as nossas também. Somos abençoados”.
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