O problema é antigo e enfrentado há décadas pela população, em especial as donas de casa, mas somente agora a classe política de Volta Redonda despertou para a importância do assunto: a poluição atmosférica na cidade. A questão, que deveria ser pauta diária da administração pública, por vezes é negligenciada, tornando-se alvo de debates em pequenos recortes do ano, como na seca, período em que o famoso “pó preto” fica mais nítido ao acumular em roupas, capô dos veículos, além das varandas e janelas dos imóveis.
Enquanto aqueles que deveriam zelar pela qualidade de vida da população apenas de forma discreta se movimentam nas redes sociais para falar sobre a gravidade da situação, a população faz a sua parte. Um grande ato de protesto está sendo organizado por membros do Movimento Sul Fluminense Contra a Poluição.
O manifesto, que ganhou proporções significativas, procura chamar a atenção dos órgãos de controle e conscientizar a população sobre os efeitos nocivos da poluição atmosférica e sonora provocada pela CSN. Sandro Alves, analista ambiental e um dos coordenadores do Movimento, explica que o movimento é popular, democrático, apartidário e tem por objetivo combater todas as formas de poluição que acontece na região, principalmente a provocada pela Usina Presidente Vargas.
“O objetivo desse ato é colocar nas ruas o maior número possível de pessoas atingidas por essa poluição, tanto atmosférica como sonora, provocada pela CSN, e chamar a atenção dos órgãos de controle em reação à atividade da companhia, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a prefeitura e outros que possam controlar o cumprimento da legislação ambiental”, destaca Sandro.
O ambientalista acrescenta a necessidade da mobilização atingir também as pessoas que não conhecem a realidade de Volta Redonda e expandir o assunto para além dos limites do município, conquistando apoio de outras regiões do país devido à gravidade da situação. Outro intuito do ato, segundo Sandro, é cobrar da CSN o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2018 com a secretaria de Estado de Ambiente e o Inea. O TAC é composto por 35 itens e a empresa tem até agosto de 2024 para cumprir.
“Estamos com o TAC em vigor desde 2018 e ao invés de estarmos vendo algumas melhorias, o que a população sente diariamente é uma piora, que não é simplesmente por estarmos em período seco. É uma poluição geral, sentida diariamente, e vem se agravando cada vez mais, quando já era para estar melhorando”, analisa.
Sandro enumera alguns itens da pauta de reivindicações. “Ela é muito grande, mas se concentra nessas questões, que são o respeito a qualidade de vida da população, o cumprimento à legislação ambiental, cumprimento do TAC que a própria empresa assinou e maior intervenção dos órgãos oficiais de controle para poder enquadrar a companhia no sentido de respeitar e legislação e consequentemente melhorar essa carga de poluição atmosférica e sonora que nós, principalmente moradores de Volta Redonda, recebemos diariamente”.
TAC
Conforme prevê o TAC, devem ser investidos R$ 300 milhões especificamente na modernização dos equipamentos de controle e mitigação de impactos ambientais na Usina em linha com a sua meta de reduzir as emissões de material particulado por tonelada de aço bruto produzido em 40%, até 2025, em comparação com 2019. Há um ano, a Companhia disse que informou à Prefeitura e aos órgãos ambientais diversas medidas que estavam sendo tomadas a curto prazo para contribuir com a redução de materiais particulados.