A cada quatro anos, com a proximidade das eleições, um fenômeno quase inevitável ocorre nas cidades brasileiras: o aumento significativo dos gastos com obras públicas. Políticos buscam se promover junto aos eleitores, voltando a atenção para áreas tradicionalmente problemáticas como saúde, educação e mobilidade urbana.

Não raro, o foco se amplia para incluir áreas de esporte e lazer, como reformas de praças, transformando as cidades em verdadeiros canteiros de obras. No entanto, por trás dessa movimentação aparente, está uma estratégia bem conhecida: a busca pelo voto dos eleitores.

Em Volta Redonda, por exemplo, durante a reta final da campanha eleitoral de 2020, o então prefeito Neto (PP) anunciou a construção de um Hospital Veterinário público. Neto tentou retornar ao comando da cidade pela quinta vez e se inspirou no sucesso do prefeito de Resende, Diogo Balieiro (PL), que inaugurou a primeira unidade pública de atendimento médico-veterinário gratuito para cães e gatos na região.

Com a vitória das urnas de Neto, o projeto em Volta Redonda começou a sair do papel com o início da construção do Hospital Veterinário em um terreno de 3,5 mil metros quadrados no bairro Rústico, em abril do ano passado. Segundo o contrato, a obra deveria ter sido concluída em 12 meses, mas ainda não foi finalizada e tudo indica que será concluída no próximo mandato, uma vez que o contrato foi recentemente estendido, conforme publicado no Diário Oficial.

Além do Hospital Veterinário, outros projetos importantes na área da saúde seguem sem previsão de entrega em Volta Redonda. Entre eles estão o Hospital da Criança (que recebeu um aditivo de R$ 177 mil no contrato), a UPA Santo Agostinho (em obra desde fevereiro de 2023), o Cais Conforto (fechado há mais de dois anos) e a ampliação do Hospital São João Batista (prevista para ser inaugurada em julho passado, durante as festividades dos 70 anos da cidade).

Desde que o prefeito Neto reassumiu o governo municipal em 2021, Volta Redonda registrou mais de 600 obras, mas mais da metade delas está atrasada ou ainda em andamento. O pacote inclui também as intermináveis revitalizações da Rua 33, na Vila Santa Cecília, e da Praça da Escola Técnica Pandiá Calógeras (ETPC), no bairro Sessenta, além da demora nas reformas das escolas municipais. A administração enfrenta um desafio: a eficácia na gestão dos recursos.

Essas ações superficiais e o uso desordenado de recursos públicos revelam a falta de planejamento que caracteriza muitos municípios brasileiros. Em Volta Redonda, a prática de prometer obras em anos eleitorais reflete uma tendência recorrente em tempos de eleição, com muitos casos semelhantes observados na Cidade do Aço.

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