Apesar de ter prometido, em seu plano de governo para o período 2025-2028, “uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa”, o prefeito Neto (PP) ainda enfrenta entraves para viabilizar a adoção do ensino em tempo integral nas escolas da rede municipal de Volta Redonda. A proposta, apresentada pela Secretaria Municipal de Educação (SME), recebeu um parecer provisório do Conselho Municipal de Educação (CME/VR), que apontou a necessidade de readequações técnicas e deu prazo de 30 dias úteis para que a pasta reapresente o texto.
O plano de governo, registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha de reeleição, afirmava que a meta da gestão seria “promover o desenvolvimento integral dos alunos e prepará-los para os desafios do futuro”. Agora, a efetivação dessa promessa ainda depende de ajustes técnicos e administrativos.
Enquanto isso, pais e responsáveis seguem na expectativa. “Tenho dois filhos em escola pública e trabalho o dia todo. Uma vaga em tempo integral faria toda a diferença para a gente, tanto pela segurança deles quanto pelo desenvolvimento”, diz Carla Menezes, moradora do bairro Santo Agostinho.
No bairro Retiro, a expectativa também é alta. “A escola oferece um bom ensino, mas o tempo é muito curto. A gente acaba tendo que pagar alguém para ficar com as crianças à tarde. A promessa da escola integral foi um dos motivos que me fizeram votar no prefeito de novo”, afirma Robson Duarte, pai de uma aluna do 7º ano.
Parecer
O parecer do CME, aprovado por unanimidade na última semana, estabelece que a SME deve alinhar a proposta às diretrizes da legislação federal e às recomendações emitidas pelo colegiado. O documento original foi protocolado por meio do Ofício nº 724/2025 e apresentado presencialmente por representantes da secretaria em plenária.
A política segue os parâmetros do Programa Escola em Tempo Integral, criado pela Lei nº 14.640/2023 e regulamentado pelas Portarias nº 1.495 e nº 2.036, ambas do Ministério da Educação. A adesão ao programa federal permite aos municípios acessar recursos financeiros e apoio técnico para expandir matrículas, principalmente para estudantes em maior vulnerabilidade social.
No parecer, o Conselho reforça a importância de que a política pública seja construída de forma participativa, ouvindo as comunidades escolares e respeitando as particularidades locais. A emissão do parecer provisório busca evitar a paralisação do planejamento, permitindo avanços administrativos enquanto as adequações são feitas.
A expectativa é de que, após os ajustes, o texto final seja novamente analisado e, se aprovado, permita a implementação gradual da educação em tempo integral na rede municipal – promessa que, para muitas famílias, representa não apenas avanço pedagógico, mas também alívio na rotina.
Com a adoção do ensino em tempo integral, Volta Redonda daria um passo importante na direção de uma educação pública mais inclusiva e moderna. Para o prefeito Neto, que costuma afirmar que o município é referência em diversas áreas da administração pública, colocar de pé uma política consistente de tempo integral nas escolas poderia se tornar mais um argumento em sua lista de realizações.