Dia 8 de janeiro de 2022. Uma data difícil de esquecer para dezenas de pessoas. Foi neste dia, por volta de 12h30min, que um deslizamento de pedras no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), atingiu embarcações com turistas. O acidente matou 10 pessoas e deixou 32 feridos.
A publicitária e comerciante Meirielle Pereira Landim, de 23 anos, vivenciou momentos de desespero ao lado de amigos. “Acreditamos que somos um milagre. Escapamos da pedra por uma questão de segundos e saímos de lá sem nenhum arranhão”, relata a jovem que atualmente trabalha em uma pousada na região de Visconde de Mauá e Maringá, no Sul do Estado. “A sensação é absurda, um misto de sentimentos. Só sei que nós seis e o nosso piloto renascemos naquele dia. Deus deu para nós uma segunda chance”.
A jovem estava no Capitólio para comemorar o aniversário de uma colega e como parte da celebração resolveram alugar um barco para fazer um passeio no Lago de Furnas. “Estávamos em seis pessoas, alugamos uma lancha para fazer um passeio de sete horas. Estávamos aproveitando muito. Apesar de tudo, Capitólio é um lugar incrível, tudo lindo demais”, conta.
A publicitária descreveu os momentos que antecederam a tragédia. “São duas cachoeiras. Paramos primeiro na cachoeira da direita, onde tudo aconteceu. Estávamos todos tirando foto, aproveitando a vista. Nesse momento começaram a cair umas pedrinhas e alguma coisa pareceu um aviso. Quando saímos da cachoeira da direita, já fomos direto para a cachoeira da esquerda para poder tirar foto. Foi nessa hora que tudo aconteceu em questão de segundos”, relembra.
De acordo com Meirielle, o grupo escutou barulho similar a uma explosão. “Quando olhamos parecia uma avalanche. Uma onda muito grande com pedra. Difícil até de explicar. Sentimos a nossa lancha balançar bem por causa da onda e vimos que estava vindo em nossa direção muita pedra e pedaços de lanchas. Nossa única reação na hora foi deitar no chão da lancha”, detalhou.
O momento de tensão não abalou a fé da jovem publicitária e de seus amigos. “Nós seis somos católicos e com muita fé. Ajoelhamos e começamos a rezar muito. Logo começamos a ver as pessoas na água. Muita gente machucada, gritando por socorro. Nós estávamos desesperados, em um misto de sensação de querer sair de lá desesperadamente e ao mesmo tempo ajudar todo mundo que estava ali. Na nossa lancha conseguimos pegar quatro pessoas que estavam na água. Algumas muito machucadas. Fomos a primeira lancha que conseguiu realmente sair dos cânions e fomos avisando as outras que estavam vindo para ajudar as pessoas que estavam na água”, afirma ela, dizendo ainda que o grupo parou no primeiro ponto acessível para deixar os quatro feridos.
Atraso de lancha evita mais vítimas
No grupo também estava José Henrique Dias, de 23 anos, morador de Visconde de Mauá e irmão da aniversariante. À Folha do Aço ele contou que tem recebido inúmeras mensagens de carinho após o ocorrido. “Passamos um livramento e só tenho a agradecer”, afirma.
O jovem recorda de alguns sinais que culminaram no fato de não ter se ferido no desmoronamento da rocha. Além de um pequeno atraso na saída da lancha, algumas pedras que começaram a cair antes do acidente fez com que o grupo achasse a situação arriscada e saísse de perto daquele local.
“Segundos depois ocorreu aquela tragédia. É difícil até de falar. Conseguimos socorrer quatro pessoas. Agora, passa um filme na nossa cabeça e hoje só o que peço é para que todos orem pelos familiares e amigos das vítimas. Mas garanto que eles estão em um local bem melhor agora, junto de Deus”, diz José Henrique.
Religioso, o jovem ainda falou que sua família havia comprado um bolo para, após o passeio, celebrar o aniversário de 15 anos da irmã. “Acaba que celebramos o aniversário de todos nós, pois, naquele dia, nós renascemos de novo”, conclui.
Tragédia
Foi no início da tarde de 8 de janeiro, por volta das 12h30min, que as primeiras pedras começaram a cair na região dos cânions de Capitólio. Em questão de poucos minutos, uma grande rocha desabou atingindo três embarcações e deixando um saldo de 10 mortos e 32 feridos. Cinco das vítimas fatais pertenciam ao mesmo núcleo familiar.
Capitólio é hoje um dos destinos mais disputados por turistas brasileiros e estrangeiros. O Mirante dos Cânions é uma das imagens mais famosas da região e atrai milhares de visitantes em busca de momentos de lazer e belas fotos.