“Fica a minha indignação e frustração com a Justiça. A Justiça que muito cobra de alguns, mas que deixa correr frouxo com tantos outros”. O relato é de um pai decepcionado com o resultado de um inquérito contra dois jovens que agrediram brutalmente seu filho, de 19 anos. Os suspeitos, apesar de denunciados, permanecem em liberdade mesmo com as imagens de câmeras de segurança flagrando a selvageria.
O episódio teve como vítima o filho do presidente da Câmara Municipal de Volta Redonda, vereador Sidney Dinho (Patriota). No dia 25 de fevereiro, dois elementos, os quais ele prefere chamar de ‘monstros’, espancaram seu filho, acadêmico de Medicina de uma universidade particular em Valença.
Nas redes sociais, o parlamentar descreveu que o fato ocorreu após seu filho ajudar a socorrer outro jovem, também vítima dos agressores. Segundo Dinho, a dupla de acusados seria irmãos.
“Meu filho ajudou a socorrer o rapaz e voltou para o lugar onde estava. Ele não participou de briga, não participou de provocações, mas no momento em que pagou a conta e saiu do estabelecimento, esses dois monstros se aproximaram e deram uma pancada na cabeça dele”, detalhou.
“Enquanto o irmão mais velho segurava e socava meu filho, o mais novo veio e quebrou uma garrafa na cabeça dele, resultando em quatro ou cinco pontos. Depois, ele usou o gargalo da garrafa para dar algumas estocadas, uma na costela, uma nas costas e outra no abdome”. O universitário teve um dos dedos quebrado durante a confusão.
O vereador volta-redondense conta que, assim que recebeu a notícia, dirigiu-se ao Hospital Escola de Valença, unidade que prestou os primeiros atendimentos a seu filho. Em seguida, foi até a 91ª Delegacia de Polícia Civil, onde o fato foi registrado.
“Fui muito bem recebido na delegacia de Valença, pelo delegado, funcionários e inspetores. Todos fizeram um excelente inquérito, que foi enviado à Justiça como tentativa de homicídio. É o óbvio. Ninguém que quer só agredir usa uma garrafa”, pontuou Sidney Dinho, que além de policial militar reformado e vereador, é bacharel em Direito.
Passado mais de um mês das cenas de covardia, o pai da vítima segue acompanhando diariamente o transcorrer da investigação e o resultado da apuração saiu nesta semana. “A promotora de Justiça acatou a denúncia, mas entendeu que não se fazia necessária a prisão desses dois monstros, pois eles não estariam oferecendo perigo, estando em liberdade”, lamentou, acrescentando que todas as testemunhas do processo são estudantes da mesma instituição.
Desabafo
Em um trecho de seu desabafo nas redes sociais, o vereador faz uma reclamação quanto à falta de atenção prestada pelo Centro Universitário de Valença (UniFAA). “A universidade, em momento algum, fez uma ligação para saber sobre o estado do meu filho. Quando estive lá, todos sabiam sobre o ocorrido e, mesmo assim, estamos até hoje aguardando uma ligação”, disparou.
Dinho lembra que, a escolha da família por matricular o jovem universitário na instituição da cidade de Valença levou em consideração o baixo índice de violência registrado naquele município.
“Meu filho batalhou muito para passar no vestibular, passou em alguns, e nós escolhemos Valença justamente por não ser uma cidade com índice de violência considerável. Infelizmente, em algumas semanas estudando lá, aconteceu isso. Tive que tirar meu filho da universidade, onde ele conquistou uma vaga estudando ‘na moral’, como se diz na gíria. Agora, tive que trazê-lo para Volta Redonda e ingressar na Justiça para que ele conseguisse uma vaga aqui”, relata. “Paguei R$ 18 mil com muita dificuldade para colocar meu filho naquela universidade e em menos de três semanas tive que tirar ele de lá. A frustração está em saber que ele não foi causador de confusão nenhuma, não foi atrás de briga com ninguém e foi o único que não pôde mais permanecer em Valença para estudar. Já os agressores vão continuar soltos”.
Alerta
Em tom de revolta, Dinho faz um alerta para a sociedade: “Cuidado, você que mora em Valença, para que seu filho não seja a próxima vítima desses monstros. Não desejo que nenhum pai ou mãe passe pelo que estamos passando. Mas, se acontecer, é porque eles não estão presos, como deveriam”, reagiu o presidente da Câmara de Volta Redonda, completando: “Estão soltos para continuar espancando pessoas, quebrando garrafas. Se não fosse a intervenção de outras pessoas, talvez hoje eu estivesse aqui falando sobre a morte do meu filho”. E para a Justiça fica o desabafo: “Eu agradeço por terem recebido a denúncia por homicídio tentado. Mas gostaria muito que a promotora de Justiça e a juíza do caso pudessem assistir, com bastante atenção, aquele vídeo. Avaliem com mais carinho, pois talvez vocês estejam evitando que outro jovem perca a vida nas mãos desses monstros”.
Os agressores são do estado de Minas Gerais e um deles estuda Medicina Veterinária em Valença. Com a decisão da juíza, eles vão responder pelo crime em liberdade.