Com uma energia contagiante, um grupo muito especial conferiu de perto, neste domingo (dia 16), o jogo Flamengo 3 x 0 Coritiba pelo Campeonato Brasileiro 2023, no Maracanã, na Zona Norte carioca. Cerca de 30 migrantes e refugiados de países como Congo e Togo, na África, e Venezuela, na América do Sul, além de vítimas de trabalho escravo e de tráfico de pessoas, participaram da experiência. Os convidados são assistidos pelo Governo do Estado, e a ação aconteceu graças a uma parceria da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e o projeto Nação no Maraca, do Departamento de Responsabilidade Social do Clube de Regatas do Flamengo.
As venezuelanas Sandra Cardoso, de 57 anos, e Milagros Montoya, de 44, estão no Brasil há mais de quatro anos e nunca tinham ido ao estádio mais famoso do Brasil. Emocionadas, ela relataram a experiência maravilhosa de ver um jogo de perto.
“É muito bom estar aqui com toda essa gente alegre, trata-se de uma experiência muito boa. Ações como essa ajudam a gente na socialização”, disse Sandra.
Outro que estava empolgado era Daniel Diowo, congolês de 38 anos que está no Brasil há 10 anos e sonhava em conhecer o famoso “Maraca”. Assim que chegou ao país, ele se apaixonou pelo Flamengo e virou torcedor do time.
“É uma honra estar aqui assistindo esse jogo de futebol. Três dias depois que eu cheguei no Brasil, eu me encantei pelo Flamengo”, ressaltou Daniel.
A proposta de levar o grupo ao Maracanã partiu da Secretaria de Desenvolvimento Social (por meio da Coordenação de Políticas de Migração e Refúgio, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo, e Educação em Direitos Humanos), que busca dar oportunidade para que essas pessoas possam ter acesso a atividades culturais do Brasil.
“Não tem como falar em cultura brasileira sem falar em futebol, da mesma forma que, independentemente do time que torcemos, é inegável a importância do Flamengo para o esporte no Rio de Janeiro. Essa iniciativa é importante tanto para esse intercâmbio cultural, quanto para a valorização do esporte no nosso Estado”, ressaltou Eliane Almeida, coordenadora de Políticas de Migração e Refúgio.
Não é de hoje que esse núcleo realiza ações como essa. Já houve outros passeios culturais, como idas a museus e exposições.
“O nosso intuito não é só trabalhar na perspectiva na defesa desses direitos, mas também na garantia de outros. Direito à cultura, à socialização, à integração local e a muitos outros”, disse a superintendente de Promoção e Defesa dos Direitos, Alessandra Werner.
Além dos migrantes e refugiados, estavam presentes oito vítimas de trabalho escravo. A maioria está com processo judicial/criminal em andamento, e por isso a Secretaria resguarda o nome de cada uma que esteve presente.
“Viabilizar políticas públicas para aqueles que foram vítimas de tráfico é um dever do Estado. Mas, não menos importante, e que é também um direito assegurado pela Constituição brasileira, é o direito ao lazer”, comentou a coordenadora de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo, Julia Kronemberger.
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