Motoristas profissionais e turistas que estão com planos de curtir o final de semana no Rio de Janeiro precisam se atentar a um detalhe: o fechamento da pista de descida da Serra das Araras, em Piraí. Entre sábado e domingo (dias 5 e 6), a CCR RioSP, concessionária que administra a Rodovia Presidente Dutra (BR-116), realiza serviços de limpeza e vistorias em taludes localizados na pista.
Durante os trabalhos, a descida ficará fechada e o tráfego será desviado para a pista de subida, operando no sistema de mão dupla. A medida, apesar de necessária para garantir a segurança dos motoristas, ressalta a urgência da concretização de uma promessa antiga: a duplicação do trecho da Serra das Araras. O contrato da renovação da concessão foi assinado em março de 2022 entre a CCR RioSP e o governo federal.
Conforme o organograma apresentado no início de junho pela CCR RioSP, as obras estão previstas para começar em março de 2024. Segundo Péricles Aguiar, conselheiro da Firjan Sul Fluminense e diretor de Mobilidade da Agência de Desenvolvimento Regional Líder do Vale Médio Paraíba, entidade que convocou a reunião realizada em Volta Redonda, somente a ampliação das pistas nos oito quilômetros da Serra das Araras devem levar quatro anos.
O prazo total para a intervenção na Dutra, no trecho do Rio de Janeiro, que vai da divisa com o estado de São Paulo, em Itatiaia, até o pedágio, em Seropédica, é de sete anos.
“Não foram definidos ainda alguns pontos previstos no edital, como a compensação para pessoas que vivem da venda de frutas na estrada, cujas atividades serão interrompidas ou prejudicadas durante a obra”, informou Aguiar, na época do encontro, que contou com a participação de empresários, entidades da sociedade civil, entre elas a Firjan, vereadores, associações de moradores e os prefeitos dos municípios de Piraí e Itatiaia.
Promessa
A CCR RioSP possui um projeto para duplicar a Serra das Araras. Essa promessa surgiu quando a empresa venceu a licitação e renovou a concessão, estabelecendo como prazo para a conclusão da obra o ano de 2029.
O projeto prevê a construção de novas pistas, com quatro faixas em cada sentido. A atual pista de subida seria transformada em descida, enquanto uma nova subida seria construída paralelamente, com viadutos e túneis, a fim de ampliar a capacidade de tráfego e solucionar os problemas recorrentes na Serra das Araras.
“Ambas terão quatro faixas de rolamento em cada sentido, num total de 16km. O projeto prevê outras obras de complementação, como construção de novos viadutos e áreas de escape. Todas as melhorias trarão mais segurança e fluidez no tráfego da Serra das Araras”, diz a CCR, em nota.
A concessionária acrescenta que a previsão de conclusão dos serviços é para o sexto e sétimo ano de concessão, 2028 e 2029, respectivamente. O investimento previsto nas obras de ampliação da capacidade de tráfego da Serra das Araras é de R$ 1,2 bilhão, com expectativa de gerar aproximadamente dois mil empregos diretos e indiretos.
O projeto contempla 24 viadutos; duas rampas de escape; três passarelas; além de conectividade para os clientes acessarem os serviços de atendimentos médico e mecânico da concessionária; câmeras de detecção automática de incidentes; e novos painéis de mensagens variáveis.
“Vale ressaltar também que para a concessionária os trabalhos já iniciaram, com elaboração dos projetos executivos da obra, que precisam ser validados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); com os trabalhos de levantamento das interferências na região; e elaboração das licenças ambientais. Sem esse trabalho não é possível realizar a obra”.
Desafios
A região da Serra é um conhecido gargalo da Via Dutra, especialmente no sentido Rio de Janeiro. Acidentes são frequentes e tombamentos de carga interditam a passagem por horas. Com a presença de milhares de caminhões, muitos com cargas pesadas, e a pista íngreme e com curvas acentuadas, a segurança dos usuários é colocada em risco diariamente.
“A população anseia por essa obra e, por isso, é fundamental que a CCR RioSP cumpra esse compromisso assumido e garanta uma rodovia mais segura, eficiente e fluida para todos os usuários da via”, diz um motorista que trafega com frequência pela Dutra, que conecta duas das maiores metrópoles do país.
Painéis
A partir desta sexta-feira (dia 4), toda a região da Serra das Araras será sinalizada com cones e homens bandeiras. Para reforçar a informação aos motoristas, painéis de mensagens variáveis serão colocados em pontos estratégicos da rodovia.
Ao trafegar pelo trecho, o motorista deve respeitar a sinalização e o limite de velocidade que é de 40km/h. Em caso de chuva ou mau tempo os serviços podem ser adiados, ou interrompidos para segurança de colaboradores e motoristas do trecho.
Para o coordenador de operações da concessionária, Leandro Guimarães, esse trabalho reforça a segurança dos motoristas que trafegam na Serra das Araras, garantindo a integridade física e material das pessoas que transitam ou moram na região da Serra das Araras.
Manutenção
As atividades de manutenção da Serra das Araras ocorrem nos quilômetros km 228,620; km 229,950; km 230,300 e km 233,100. Para isso, a concessionária informou que tomará todas as medidas de segurança, sinalizando a região com cones e homens bandeiras, e contando com o apoio da Polícia Rodoviária Federal para garantir a fluidez e segurança do tráfego.
O serviço incluirá uma técnica conhecida como “bate choco”, que visa identificar e remover pedras soltas nas encostas da Serra das Araras. Além das máquinas pesadas envolvidas, 26 alpinistas farão vistorias nos topos dos taludes. Segundo Leandro Guimarães, coordenador de operações da concessionária, essa ação reforça a segurança dos motoristas e moradores da região, garantindo a integridade física e material dos usuários da rodovia.
Via Dutra
– Responsável pela ligação das duas maiores capitais do sudeste do Brasil (Rio e São Paulo), além de passar pelo Vale do Paraíba, uma das regiões mais ricas do país, e ser uma importante ligação entre a Região Sul e a Região Nordeste do Brasil.
– Na região da Serra das Araras é observado um elevado tráfego de veículos, independente da época do ano. O DNIT estima que, só nesse trecho, o volume médio diário de veículos seja superior a 28 mil veículos em ambos os sentidos, dos quais 8.955 (cerca de 32%) são veículos de carga.
– Os mais diversos tipos de produtos são transportados por esse trecho da rodovia, entre os quais se destacam: sucata de ferro/aço, papel/papelão, bobinas de aço, cargas fracionadas, produtos alimentícios naturais e/ou industrializados, roupas e confecções em geral, remédios, gás de cozinha, produtos de limpeza, carne bovina, móveis de madeira, bebidas, gasolina e seus derivados, mudanças, artefatos plásticos, cerveja, blocos de ferro, produtos automotivos como cabines/carrocerias/reboques, estofados, laticínios e automóveis.
– Atualmente, a descida da Serra tem velocidade limite de 40 km/h e não possui acostamento, o que obriga carretas que transitam pelo local a utilizar as duas pistas para realizarem as curvas. Tal fato aliado ao grande fluxo de veículos comerciais fizeram com que o trecho registrasse o maior número de acidentes por quilômetro em relação às principais rodovias federais do país.