A pandemia de Covid-19 não trouxe apenas desafios físicos, mas também uma onda avassaladora de impactos na saúde mental da população. Após três anos de convívio com a incerteza, o medo e as restrições, especialistas alertam para os efeitos profundos do adoecimento mental. Segundo a psicóloga Vitória Xavier de Almeida Silva, é preciso entender melhor essa realidade e como ela afeta a vida das pessoas.
“No final de 2019, o mundo foi surpreendido pelo surgimento do coronavírus. A população brasileira enfrentou a angústia de ver o sistema de saúde sobrecarregado, com relatos de mortes, falta de leitos e pacientes graves lutando pela vida. Medidas como o isolamento social, uso de máscaras e suspensão de aulas foram impostas, levando a uma drástica mudança no estilo de vida”, recorda Vitória.
No entendimento da especialista, profissionais da área da saúde foram os mais afetados pelos efeitos da pandemia. “Foram heróis na linha de frente, enfrentando jornadas exaustivas e o medo de contaminar seus próprios familiares. O resultado desse cenário foi uma sociedade mergulhada em sentimentos até então adormecidos, como pânico, medo, angústia e ansiedade”, descreve.
Vitória Xavier destaca que os impactos na saúde mental foram generalizados. “Adultos que enfrentaram o desafio de trabalhar intensamente agora sofrem com Burnout, crises de ansiedade e dificuldade em lidar com a volta à rotina presencial. Crianças, privadas do convívio social, apresentam dificuldades de aprendizagem e interação. Adolescentes, por sua vez, buscam refúgio na internet, tornando-se influencers e tiktokers, talvez como uma forma de compensar a dificuldade de se comunicar fora do ambiente virtual”, observa.
Em meio a esse cenário desafiador, a psicóloga destaca a importância da empatia. “Talvez, em um momento como esse, tenhamos que ser mais gentis, mais pacientes e tentar acolher a dor do outro, assim como gostaríamos de ser acolhidos. Não sabemos o que cada pessoa está enfrentando em seu interior”, pontua.
Para a profissional, os desafios permanecem, com as marcas deixadas pela pandemia. “Concluímos que a pandemia não deixou apenas cicatrizes físicas, mas também marcas profundas na saúde mental da sociedade. O desafio agora é buscar compreensão, apoio mútuo e, acima de tudo, cultivar a empatia para enfrentar as sequelas psicológicas deixadas pelo vírus que mudou o mundo”, finalizou.
Foto: arquivo pessoal