Inaugurado há quatro meses com a proposta de ser uma nova opção de lazer em Volta Redonda, o Jardim Botânico Municipal Antonieta Barreira Cravo encontra-se abandonado pela atual administração municipal. Construído na Ilha São João com recursos de multas ambientais, o espaço, com lago, fonte, área verde, parquinho, 14 churrasqueiras, pistas de caminhada e de patins, passou a ser visto como criadouro de mosquitos. A construção do parque fez parte da reestruturação da Ilha São João e atendeu a um acordo firmado entre o Município e o Ministério Público Estadual, para garantir um maior equilíbrio entre a área urbana e ambiental do Município.
“As obras do Jardim Botânico foram realizadas em virtude de uma recomendação do MP, principalmente pelo local estar próximo de muitas residências e a emissão de ruídos causados pela poluição sonora impactarem diretamente na população do entorno. O município era muito carente de áreas verdes, então conciliamos o desenvolvimento econômico com a preservação e conservação ambiental”, explicou uma ex-servidora da secretaria de Meio Ambiente que acompanhou o processo de construção da área, e que pediu para não ser identificada.
Nos poucos dias em que a unidade permaneceu aberta ao público, e com a manutenção em dia, os visitantes puderam desfrutar de um espaço propício para prática esportivas e de lazer. Também puderam conferir as mais de 80 espécies diferentes de árvores plantadas, com espécies de 10 anos, que ficavam divididas em vários setores, como Caatinga, Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica, com espécies específicas e também com árvores de todo o mundo. A prefeitura também entregou, na ocasião, um lago com borda infinita e várias plantas aquáticas, inclusive da Amazônia.
“Quem perde é a população. O Jardim Botânico foi construído obedecendo um TAC [Termo de Ajuste de Conduta] Ambiental de um acordo com o Ministério Público e a Justiça, bem antes do meu governo, que apontou desmatamento e depósito de escória na Ilha São João há muitos anos. Fizemos o projeto de recomposição e reflorestamento e não utilizamos recursos públicos. O local é um legado para a população, tem árvores da Mata Atlântica e espaço de lazer. É muito triste saber do estado que se encontra. Quando entrei, dei seguimento a todas as obras encaminhadas e, infelizmente, não vejo isso acontecer”, afirmou o ex-prefeito Samuca Silva, responsável pela construção do local.
Característica do governo
Não é de agora que o governo do prefeito Neto opta por abandonar realizações promovidas em administrações anteriores a sua. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o calçadão da Beira-Rio, na Avenida Almirante Adalberto de Barros Nunes. O trecho ficou em péssimo estado de conservação entre os anos de 2009 e 2016, acumulando buracos e problemas no piso, além de iluminação precária.
Na época, até equipamentos adquiridos pelo governo anterior para reforçar a segurança do local foram deixados de lado. Por pirraça, as motos elétricas compradas em 2008, ainda na gestão de Gothardo Netto, para patrulhar a Beira-Rio nunca foram utilizadas. Pior. Ao invés de utilizar as motos-elétricas, em maio de 2011, o prefeito Neto anunciou a compra de um carro elétrico – parecido com os utilizados nos campos de golfe – para a mesma finalidade.