Em 19 de março do ano passado, um município do Sul Fluminense foi o primeiro em todo o estado do Rio a registrar uma morte por Covid-19. A vítima, uma idosa de 63 anos, moradora de Miguel Pereira, havia tido contato com sua empregadora, que testou positivo para a doença após chegar de uma viagem à Itália, que, na ocasião, era um dos epicentros do vírus na Europa.

A situação gerou pânico em todo o Sul do Estado, que adotou um lockdown, àquela altura tratado como uma medida de apenas 15 dias. Pouco mais de um ano depois, o vírus se mostra cada vez mais forte, inclusive, com a região registrando um total de 3.319 mortes desde o começo da pandemia, contrariando aqueles mais otimistas que acreditavam estar livres desse mal em apenas duas semanas. Somando apenas as sete maiores cidades do Sul Fluminense, a situação já é considerada dramática: são 2.120 óbitos registrados até quinta-feira (dia 22), segundo o Painel Coronavírus, da secretaria de Estado de Saúde.

Quem lidera o triste ranking de óbitos é Volta Redonda. Já são 716 óbitos desde 23 de março de 2020. De 1º de janeiro de 2021 até o dia 21 de abril, foram 418 vítimas da doença, o que corresponde a um aumento de 71% quando comparadas às 298 mortes registradas ao longo de todo o ano passado.

Apesar dos índices cada vez maiores de infecções e vítimas, o prefeito Neto (DEM) apostou na política de “vida normal”, incentivada pela abertura desenfreada de leitos de UTI não planejados, numa cidade que já enfrentava dificuldades de contratar e pagar médicos e demais profissionais da saúde. Além disso, em troca de 10 respiradores, o município sediou jogos de times de outros estados, tudo isso em meio ao pior momento da pandemia.

Atrás de Volta Redonda está a vizinha Barra Mansa, com 386 mortes por Covid-19 até o momento. A cidade, que em mais de uma oportunidade teve o fechamento do comércio determinado pela Justiça, também foi vítima de uma expansão de casos e óbitos pela doença, o que ameaçou paralisar a economia. O prefeito Rodrigo Drable (DEM), porém conseguiu estabelecer novo acordo com o Ministério Público do Estado. Como “contrapartida”, o município abriu, de forma controlada, novos leitos para atendimento de casos suspeitos e confirmados do vírus.

Já Angra dos Reis, terceira no ranking de mortes na região, com um total de 384, vem sofrendo com uma alta ocupação de leitos. Até quarta-feira (dia 21), 96% dos 25 leitos de UTI para a Covid-19 e 90% das enfermarias estavam ocupadas, segundo o Painel de Monitoramento do Estado.

Apesar de ocupar o 4º lugar em óbitos na região, Resende tem uma situação mais controlada do ponto de vista da ocupação hospitalar. Na cidade das Agulhas Negras, que até a última quinta-feira (dia 22) registrava 331 óbitos, 46% das 13 UTIs públicas estavam ocupadas. Já as enfermarias apresentavam um uso um pouco maior: 52% das 29 recebiam pacientes.

Mesmo com 217 óbitos e uma população menor que em outras cidades da região, Barra do Piraí vem sofrendo para atender pacientes infectados pela doença. De acordo com o painel do governo estadual, o município estava com 110% dos leitos de UTI ocupados, até terça-feira (dia 20). Em todo ano de 2020, foram 86 óbitos na cidade. Neste, já são 131 em menos de quatro meses.

Pinheiral e Piraí, duas das cidades com o menor índice populacional da região e que contam apenas com enfermarias próprias, registram números pequenos de óbitos. Na cidade comandada por Ednardo Barbosa (PSC), foram 53 desde o começo da pandemia, sendo 31 apenas nestes quase quatro meses de 2021. Já em Piraí, município da região com o maior trecho cortado pela Via Dutra, são 33 óbitos no total e 17 somente neste ano.

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