Desde quarta-feira (dia 29), o preço do diesel foi reajustado para as distribuidoras, passando de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro o preço médio de venda. O aumento é mais um golpe para o transporte público coletivo, que vive uma das maiores crises desde o início da pandemia.

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) criticou o aumento do combustível que move a frota nacional de ônibus urbanos e de caráter urbano, além de ser insumo para a prestação de serviço essencial à população.

“A NTU vem a público expressar sua profunda preocupação com a escalada de preços dos combustíveis, em especial do diesel. O combustível responde em média por 26,6% do custo total das empresas operadoras; como os reajustes aplicados ao diesel este ano representam uma alta acumulada de 51% no preço do combustível, o impacto direto no custo das empresas operadoras do transporte público por ônibus urbano é de 13,5%, o que deve ser repassado, de imediato, para as tarifas públicas naqueles sistemas de transporte que não têm subvenção pública”, diz trecho da nota.

Segundo a Associação, a alta do diesel nos níveis atuais compromete de forma irreversível a recuperação do setor de transporte público, que registra prejuízo de mais de R$ 16,7 bilhões. O déficit foi acumulado no período de março de 2020 a junho de 2021 em função da queda da demanda de passageiros pagantes, resultado das medidas de isolamento social para a contenção da pandemia da Covid-19. A crise já custou mais de 87 mil postos de trabalho no setor e levou à interrupção definitiva das atividades de 36 empresas operadoras.

“A NTU apela ao governo federal, aos governadores dos estados e à direção da Petrobras no sentido de que seja buscada uma solução compartilhada para essa questão, que conduza à uma nova política de preços que equacione o preço do diesel e demais combustíveis de forma efetiva e permanente, evitando altas expressivas e sucessivas que comprometem a prestação de serviços públicos, geram impactos inflacionários e afetam negativamente todos os brasileiros, em especial os mais vulneráveis”, pontua a entidade.

Para garantir a qualidade dos serviços prestados à população, muitos municípios passaram a conceder subsídio ao transporte público. No dia 27 de setembro, por exemplo, vereadores de Curitiba aprovaram, em primeiro turno, o texto-base do Novo Regime Emergencial do Transporte Coletivo, que prevê a continuação dos repasses financeiros ao sistema de ônibus diante dos efeitos econômicos da covid-19 na demanda de passageiros.

Na mensagem aos parlamentares, o prefeito Rafael Greca (DEM), afirma que apesar da retomada das atividades econômicas, a quantidade de usuários ainda está 40% inferior ao que era registrado antes da pandemia.

“Em sua operação normal (dias úteis), o Sistema transportava diariamente cerca de 1,2 milhão de passageiros, dos quais cerca de 650 mil são pagantes, e os veículos rodam cerca de 260 mil quilômetros por dia. Desde o início da pandemia e consequente adoção das medidas restritivas de prevenção e enfrentamento da doença, o Sistema chegou a transportar em média 160 mil passageiros, dos quais cerca de 140 mil são pagantes”, detalhou Greca. “Atualmente o sistema vem experimentando um relativo aumento na quantidade de passageiros. Dados do dia 13 de setembro apontam que o Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba transportou uma média de 438.933 passageiros, representando uma queda de 40,25%, média ainda bem aquém do que se verificava em uma situação pré-pandêmica”.

O objetivo do projeto é, mesmo com a quantidade menor de usuários, manter a frota de ônibus para evitar superlotação, e deverá valer até 28 de fevereiro de 2022. As empresas de ônibus não serão obrigadas a colocar 100% da frota em operação.

Foto: Reprodução/Pé na Estrada

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