Os constantes trotes telefônicos para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) podem causar sérios prejuízos à população, dificultando o atendimento de ocorrências verdadeiras. Essa prática irresponsável, prejudicial e criminosa tem colocado em risco a vida de pessoas que realmente necessitam de auxílio imediato.
Para se ter uma ideia, o Samu Médio Paraíba, que atende 12 municípios, entre eles Volta Redonda, Barra Mansa e Resende, registrou 3.887 trotes em 2022. Ou seja, uma média de 10 chamadas por dia. E o número continua crescendo. Entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano, foram 2.013 ligações.
Os trotes são chamadas falsas, realizadas com o intuito de enganar e desperdiçar o tempo. Essas ligações, muitas vezes feitas por brincadeira ou mero entretenimento, acarretam sérias consequências negativas. Significa que, enquanto os profissionais estão respondendo a uma chamada falsa, alguém que realmente necessita de ajuda pode ficar sem atendimento imediato.
“O trote pode parecer uma brincadeira leve e descontraída para algumas pessoas, mas pode custar a vida de um ser humano. Ao ligar para o Samu 192 Médio Paraíba com intuito de passar trote, a pessoa congestiona as linhas e ocupa um profissional que pode deixar de atender uma queixa real de socorro. Consequentemente, essa ação ocasiona na perda de um atendimento mais rápido e, por vezes, pode acarretar envio desnecessário de uma viatura ao local do trote, onde deixamos de atender um caso real que pode causar dano à vida”, explica David Rodrigues, diretor-geral do Serviço no Médio Paraíba.
David revela que a maioria dos telefonemas deste tipo é feito por crianças e adolescentes, mas também há adultos. “Não tem como precisar o número exato de onde vêm os trotes, mas por experiência dos colaboradores, os dados apontam para uma proporção de 50% crianças, 40% jovens adolescentes, 10% adultos”, detalha.
Treinamento
O serviço conta com atendentes treinados para verificar esse tipo de ligação, o que permite que 98% dos casos de trotes sejam identificados sem que ocorra o atendimento, mas, mesmo assim, há casos em que a ambulância é direcionada para um endereço onde não há ocorrência. Segundo o Samu, ainda há casos de ligações com piadas, xingamentos, telefone mudo, dentre outros.
“Infelizmente ainda não existe a possibilidade de sabermos de quais cidades vêm o trote, pois os números dos telefones são da região de DDD 24 e a operadora não informa as localidades. É essencial conscientizarmos a população da importância de não passar trote, pois, passar trotes aos serviços de emergência é um crime previsto pelo artigo 266 do Código Penal Brasileiro”, esclarece David Rodrigues.
Projeto
Com intuito de promover a educação e a conscientização, O Samu 192 – MP está às vésperas de iniciar o projeto ‘Samuzinho’, a intenção do programa é divulgar e conscientizar a população para o atendimento de urgência e emergência, promovendo assim a educação em saúde para crianças do ensino básico e fundamental com enfoque ao trote, educação no trânsito e informação sobre Samu 192, em geral.
Para maximizar o projeto e atingir a todos, será feita parceria com secretarias municipais de Educação e de Saúde dos municípios do Médio Paraíba. O programa abrangerá as escolas públicas e privadas de nível fundamental (4º ao 6º anos).
Para ampliar o projeto poderão participar professores e profissionais de apoio que atuem na educação como ouvintes, com objetivo de se familiarizar com os conhecimentos e informações que serão abordadas para saberem se comportar em situações de emergências e tão logo acionar o serviço 192.
Além da campanha educativa para que as pessoas se conscientizem e não passem trote para o serviço, o Samu está divulgando informações para tirar as dúvidas da população quanto ao funcionamento e a sua utilização para a população. Com o título de “Quando chamar e quando não chamar o 192”.