Alunos do curso de Medicina debateram, estudaram e realizaram trabalhos de conscientização, durante vários meses, sobre a nomofobia (neologismo de “no mobile” phobia), que pode ser traduzido como o medo de ficar sem o aparelho celular, sem acesso à tecnologia, de não estar conectado. É considerado um transtorno psicológico pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas muitos médicos atendem em seus consultórios como se fosse uma doença, tal a gravidade de alguns sintomas.
O professor do curso de Medicina do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), Luiz Bernardo Curvo, iniciou o trabalho com a 77ª turma da graduação, através do Project-Based Learning (PjBL), uma metodologia de ensino que utiliza projetos práticos para engajar os alunos em aprendizagem ativa, focando no desenvolvimento de habilidades como resolução de problemas, pensamento crítico e trabalho em equipe.
“Dessa forma, os estudantes aprendem aplicando conhecimentos teóricos em situações reais. Grande parte das atividades foi realizada no semestre passado, mas nas próximas semanas organizaremos as ações que deverão ser desenvolvidas durante as férias e ao longo do próximo semestre. Estas atividades devem contemplar trabalhos artísticos para sensibilização dos demais alunos da Instituição, através de miniexposições e de um livro sobre Nomofobia”, explicou.
A nomofobia é tratada como um transtorno de ansiedade e classificado como transtorno fóbico-ansioso – CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) da Psicologia. Esse distúrbio é caracterizado por medo intenso e irracional de objetos ou situações específicas, levando à evitação e ansiedade significativa. No caso da nomofobia há medo e sofrimento em ficar afastado do celular.
“O tratamento inclui, entre outras abordagens, a terapia cognitivo-comportamental, usados para aplacar a ansiedade. Além disso existem aplicativos de controle podem ajudar na gestão do uso do celular, mas a nomofobia pode estar associada a outros transtornos e a questões individuais que vão além do uso deste”, salientou Luiz Bernardo, sugerindo que cada caso é estudado individualmente.
Como reconhecer e tratar a nomofobia
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, 160,4 milhões de pessoas tinham aparelho de telefone celular para uso pessoal no Brasil, 86,5% da população com 10 anos ou mais. Os smartphones agora são nossos companheiros no trabalho, na vida social, no lazer e até mesmo no âmbito familiar. Jovens adultos, entre 18 e 24 anos, tendem a ser os mais viciados em seus celulares, com 77% incapazes de permanecer separados por mais de alguns minutos, e aqueles com idade entre 25 e 34 anos, seguidos por 68%.
A nomofobia, ainda segundo as estimativas, atinge uma média de 66% de todos os adultos, que sofrem com o medo irracional de ficar sem o seu celular ou ser impedido de usá-lo por algum motivo, como uma bateria fraca. Por isso, ficar longe do celular ou de outra forma de comunicação, ocasiona o medo de estar perdendo algo importante ou de não conseguirem fazer contato, em caso de emergência. É assim que surge a sensação do transtorno da nomofobia.
Nos consultórios médicos especializados existem testes que ajudam a avaliar o grau de dependência do celular ou da internet. Através das análises das respostas será possível compreender o nível de pendência e a diminuição gradativa do uso do celular vai ajudar no controle dessa ansiedade e sofrimento. Por exemplo, não usar nos primeiros 30 minutos após acordar e nos últimos 30 minutos antes de dormir, além de desligar o aparelho durante a noite.