A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em parceria com o Movimento Ética na Política (MEP), promoveu na noite de quarta-feira (14) o primeiro debate eleitoral de 2024 com os pré-candidatos à prefeitura de Volta Redonda. Dos sete postulantes ao Palácio 17 de Julho que aguardam a confirmação do registro de candidatura junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), o único ausente foi o prefeito Neto (PP).

Candidato à reeleição pela coligação “Apaixonados por Volta Redonda”, composta por 12 partidos, Neto desperdiçou a oportunidade de apresentar suas propostas para alavancar a administração do município nos próximos quatro anos.

Diferentemente dele, Samuca Silva (PSDB), Jamaica (PCO), Arimathéa (PSB), Mauro Campos (Novo), Maicon Quintanilha (PSTU) e Professor Habibe (PT) participaram do Painel Eleitoral, que teve quatro blocos, com cerca de duas horas de duração, e apresentaram parte de seus projetos para governar a maior cidade do Sul Fluminense, caso vençam o pleito de outubro.

No debate, os pré-candidatos tiveram a chance de se apresentar aos eleitores. Coincidentemente, o primeiro nome sorteado foi o do único ausente, o prefeito Neto. Assim, o ex-prefeito Samuca Silva, também por sorteio, foi o primeiro a fazer considerações.

“Fui prefeito desta cidade talvez no pior momento da humanidade, na crise da Covid-19, que deixou todo mundo desnorteado, inclusive a gestão municipal”, reconheceu Samuca, que atualmente busca reverter uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível por oito anos por abuso de poder político na eleição de 2020.

O pré-candidato pelo Partido da Causa Operária (PCO), Jamaica, focou seu discurso na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Eu sou a opção dessa eleição. Nascido em Volta Redonda, vimos a cidade crescer e estamos vendo-a desaparecer. Entregaram todos os nossos direitos, nossas lutas. Derramaram sangue nesta cidade, deixamos nosso suor dentro da CSN. Até hoje sou operário e vimos nosso salário desaparecer, por conta dessa burguesia que se instalou aqui”, disparou Jamaica.

Em seguida, o pré-candidato do PSB, Arimathéa, resumiu sua trajetória, incluindo sua carreira de 32 anos como professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), o antigo Colégio Agrícola Nilo Peçanha, e sua experiência como prefeito de Pinheiral, entre 2013 e 2016.

“Tive a oportunidade, como professor, de vivenciar grandes experiências na gestão pública. Fui diretor do campus de Pinheiral do IFRJ por dois mandatos, oito anos. Fiz um trabalho do qual me orgulho muito, que foi a criação do IFRJ na nossa região. Após esse trabalho, fui convidado pelos partidos progressistas de Pinheiral a ser candidato a prefeito”, lembrou Arimathéa.

“E lá emprestei meu trabalho, minha experiência e minha vontade para ajudar a população. Agora, quero trazer para Volta Redonda, minha cidade, onde vivo com minha família, essa experiência acumulada. Por isso, coloco meu nome à disposição como uma alternativa para pensarmos numa cidade melhor para todos”, completou.

Dando prosseguimento ao debate, Mauro Campos, do partido Novo, falou de sua experiência de 40 anos como empresário e do motivo que o levou a se candidatar pela primeira vez ao governo municipal.

“O que nos trouxe a essa candidatura foi ver como Volta Redonda se definhou. Era a capital disparada da região, mas foi sangrando governo após governo, sem a preocupação com o desenvolvimento. Começamos com a CSN e, hoje, praticamente só temos a CSN. Todas as cidades cresceram, e para recuperar a dignidade do nosso trabalhador, a dignidade do nosso povo, para fazer o dinheiro circular, porque a riqueza está na circulação do dinheiro, coloquei-me à disposição com toda a minha experiência de vida e trabalho”, afirmou.

O próximo a falar foi Maicon Quintanilha, do PSTU, também estreante nas urnas em 2024. Com um discurso forte e voltado para as causas sociais, o servidor público municipal destacou a importância da luta por moradia para a população menos favorecida.

“A minha luta é marcada por anos nas trincheiras dos trabalhadores e, nos últimos quatro anos, pela incansável luta por moradia em Volta Redonda. Estive no Conselho do Furban [Fundo Comunitário de Volta Redonda], onde vi como essa cidade e todo esse sistema são voltados para favorecer os de cima, os ricos e milionários desta cidade”, afirmou Maicon.

Ele também destacou a necessidade da participação da classe trabalhadora na administração pública. “No Conselho do Furban, vimos que uma autarquia, que é forjada pela luta das famílias posseiras, é usada para fazer jardineiras no centro da cidade, mas não faz um metro quadrado de asfalto na periferia. Por isso, o PSTU traz um programa para colocar os trabalhadores no poder, porque não temos espaço nessa política”, pontuou.

Finalizando esta fase do debate, o pré-candidato Professor Habibe, do PT, abordou a oportunidade de discutir soluções para Volta Redonda, como uma política voltada para a população em situação de rua.

“Estamos sendo assombrados. Toda noite, vemos pessoas tirando colchões escondidos para dormir nas ruas, debaixo das marquises. Essa não é a Volta Redonda que conheço e para a qual vim construir minha carreira profissional e política há 40 anos. Não é essa Volta Redonda. Uma cidade de que nos orgulhávamos e pela qual lutávamos para que fosse cada dia melhor”, comentou Habibe.

Presidente da OAB-VR reforça confiança na Justiça Eleitoral

O Painel Eleitoral com a presença dos candidatos à Prefeitura foi inaugurado com a fala de Carolina Patitucci, presidente da subseção de Volta Redonda da OAB. Em seu discurso, Patitucci destacou a importância do diálogo entre os candidatos e a população. “Não há compromisso mais importante para qualquer candidato ou pré-candidato do que escutar a sociedade civil”, ressaltou.

Ela também sublinhou o papel fundamental da advocacia no processo democrático das eleições. “Nosso estatuto da OAB, que é uma Lei Federal, a Lei 8.906, estabelece que o papel da Ordem, além de defender seus membros, é defender a constituição, as leis, a justiça social, os direitos humanos e a democracia. A advocacia é a guardiã da democracia. Portanto, sem democracia não há Justiça. Reforçamos a confiança na Justiça Eleitoral e também na confiabilidade do processo eleitoral e das urnas eletrônicas, que garantem o efetivo exercício da cidadania através do voto”, enfatizou.

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