Volta Redonda tem um orçamento anual previsto de R$ 2 bilhões, mas convive com problemas estruturais típicos de cidades com arrecadações muito menores. Falta água, falta luz, falta manutenção de ciclovias e praças públicas. Faltam remédios e médicos. Do outro lado, sobram promessas do poder público – uma delas, a de “transformar a cidade naquela que todos um dia sonharam viver.”

Entre as promessas e a realidade, há um abismo que se arrasta há quase duas décadas. Um exemplo disso é a compra de geradores para a Estação de Tratamento de Água (ETA) do bairro Belmonte, que segue apenas no papel. O equipamento garantiria o funcionamento da estação mesmo em caso de queda de energia, evitando prejuízos ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae-VR), como a queima de componentes eletrônicos essenciais, e assegurando o abastecimento regular para milhares de moradores.

Sem os geradores, a população continua refém das oscilações no fornecimento de energia. Na quarta-feira (29), bairros como Laranjal, Bela Vista, Roma, São João, Monte Castelo e São Lucas ficaram sem água, já que as estações de tratamento foram paralisadas por horas – ou até dias – por falta de equipamentos de emergência.

Os geradores a diesel, com potência de 8.800 kVA, foram anunciados pelo prefeito Neto (PP) em novembro de 2024. A promessa era que fossem acionados automaticamente sempre que houvesse interrupção no fornecimento de energia pela Light. No entanto, enquanto essa medida não sai do papel, a Prefeitura segue priorizando outros investimentos.

Um exemplo é o Clube Hípico Municipal, na Ilha São João, com orçamento de R$ 14,5 milhões e previsão de entrega em dez meses. A estrutura contará com uma pista coberta de quatro mil metros quadrados, camarote, bar, sala de mídia, área para arbitragem e 80 baias para cavalos, além de consultório veterinário, sala de ferragens, escola e setor administrativo.

Enquanto isso, moradores do Santo Agostinho, a poucos quilômetros da Ilha São João, reclamam que estão há quatro dias sem água. No Roma, do outro lado da cidade, a situação se repete.

“Começou novamente a falta de respeito com os moradores do Roma 1 devido à falta de água. É lamentável que uma cidade como Volta Redonda ainda enfrente esse tipo de problema. Os moradores já não aguentam mais e exigem explicações. Será descaso por ser um bairro afastado do centro, onde tudo parece ser esquecido? A praça está tomada por galhos secos que foram cortados e não retirados, e as calçadas estão intransitáveis, cobertas de mato. Pedimos uma posição dos órgãos competentes”, escreveu uma moradora nas redes sociais.

Além do abastecimento precário, a cidade acumula equipamentos e espaços públicos deteriorados e obras inacabadas. A Farmácia Municipal e a Arena Esportiva são exemplos de espaços sucateados, enquanto a Prefeitura investe R$ 6,5 milhões no Retiro dos Atletas, no Jardim Paraíba. O projeto, construído em terreno municipal, terá dois mil metros quadrados de área construída e oferecerá habitação gratuita para ex-atletas, com direito a alimentação, assistência médica, odontológica, fisioterapia, nutrição e suporte psicológico.

Os apartamentos contarão com sala em dois ambientes e TV, cozinha com ventilação e iluminação natural, banheiro adaptado e quarto com ar-condicionado. O local ainda terá elevador, lavanderia, área de recreação e biblioteca. Em troca, os moradores do espaço deverão compartilhar suas experiências em programas esportivos do governo municipal.

Outra obra que se arrasta há anos é a revitalização da Rua 33, na Vila Santa Cecília. Mais de três anos após o início dos trabalhos, a Prefeitura anunciou, em 5 de janeiro, a retomada do projeto. O plano inclui a construção de novas estruturas e a passagem de tubulações subterrâneas, com interdições nas ruas 16 e 18-A, no trecho entre a Praça Brasil e a Praça Pandiá Calógeras. Estão previstas instalações de novas mangueiras de PVC para fiação e a construção de uma caixa de concreto para transformadores elétricos.

O prazo de conclusão ainda é incerto, mas com um orçamento de aproximadamente R$ 2 bilhões, a população já sabe que “dinheiro tem”. O que falta é prioridade.

9 COMENTÁRIOS

  1. O que mais nos deixa triste e saber que não vai mudar nada , fingem recapear algumas ruas com um asfalto de péssima qualidade pois sabemos que teriam que fazer leito e subleito para que o asfalto dure mais , bairros como Siderópolis sem iluminação e enormes buracos um descaso e o governo do amor arcaico mas a população tem o q merece.

  2. O Prefeito Neto acha que está tudo bom, se ele foi reeleito é claro que ele acha que fez um bom governo. Eu rodo por países da Europa e Ásia e nunca vi uma situação tão quanto a atual de Volta Redonda, a China por exemplo está pelo menos 1 século na nossa frente. O Brasil está no fundo do poço, literalmente!

  3. Óbvio que estão sucateando o saneamento, pra justificar a venda e fazer como o Tarcísio em SP, vendendo a Sabesp pra maximizar o lucro.
    Não deixemos de agradecer ao sr. Cláudio Castro, a conta de água do carioca não para de subir, em breve será a vez do volta redondense bobalhão que adora repetir o meme: “e o PT, hein, e o Lula…”

  4. A passagem dos ônibus vão aumentar e continuar do mesmo jeito, ônibus sucateados, ultrapassados, sem horário certo e frota mínima.
    Cadê a surpresa que o Prefeito prometeu em sua campanha …???
    O bairro Conforto foi esquecido, destruíram a Ciclovia na Rua 2 e nada fizeram, calçadas que não tem condições de andar. Cadê a Prefeitura e os Vereadores …????

  5. Enquanto todos ficarem culpando partidos, e não nos unirmos por uma causa, não agirmos de fato por nosso bem comum, isso continuará acontecendo sempre, não só aqui em nossa cidade mas pelo país todo. Não basta sentar e ficar esperando mudanças,pois, sem ação elas nunca irão acontecer e ficaremos sempre a mercê e escravos dessa ridícula politicagem. Até quando esperar pelas migalhas deixadas pelo prefeito vê dos os outros políticos deste país maravilhoso??

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