Mesmo sendo um dos municípios com maior orçamento da região Sul Fluminense, aproximando-se da casa dos R$ 2 bilhões, Volta Redonda ocupa a modesta 750ª posição no Índice de Progresso Social (IPS) entre os 5.570 municípios do Brasil. O dado, que compõe o relatório de 2025 divulgado pelo Instituto Imazon, lança luz sobre a desigualdade entre os discursos oficiais de progresso e a realidade enfrentada por milhares de moradores.
Com média geral de 63,93 pontos, o município ficou atrás de cidades vizinhas como Barra Mansa (64,47) e até mesmo de Rio Claro (63,94), que tem estrutura significativamente menor. Entre os municípios fluminenses com população entre 100 mil e 500 mil habitantes, Volta Redonda também perde para Resende, Teresópolis e Nova Friburgo.
A análise mostra que os piores desempenhos de Volta Redonda estão exatamente nas áreas que mais afetam a população vulnerável: direitos individuais (33,18 pontos) e inclusão social (39,53 pontos). Este último item leva em conta a realidade das famílias em situação de rua, um problema crônico na cidade, que segue sem solução estrutural por parte da gestão municipal.
Outro alerta importante vem da dimensão de segurança pessoal, que teve média de apenas 53,05 pontos, com destaque negativo para o índice de assassinatos de jovens, classificado como “fraco” pelo estudo.
Apesar de ter obtido um desempenho melhor na dimensão “Fundamentos do Bem-Estar” (67,82), com bons resultados em acesso à informação e comunicação (77,01), o desempenho em saúde e bem-estar também ficou aquém do ideal, com 59,88 pontos, um número preocupante diante da visível precarização da rede pública de saúde.
No estado do Rio de Janeiro, Volta Redonda está na 13ª posição entre os 92 municípios. Resende (67,37), Rio de Janeiro (66,13) e Cordeiro (65,69) ocupam os primeiros lugares no ranking, destacando-se positivamente em saneamento, saúde e educação. Municípios como Japeri e Queimados aparecem entre os últimos do ranking estadual, com menos de 55 pontos no índice geral. Os principais desafios nesses municípios estão nas dimensões de necessidades básicas e oportunidades.
IPS
O IPS, criado pela organização internacional Social Progress Imperative e, no Brasil, liderado pelo Instituto Imazon, mede o progresso social e ambiental sem considerar indicadores econômicos, focando exclusivamente na qualidade de vida da população. O índice utiliza 57 indicadores de fontes públicas, agregando informações sobre necessidades humanas básicas, bem-estar e oportunidades.
Mais uma vez, a prefeitura de Volta Redonda, por meio da Secretaria Municipal de Comunicação (Secom), foi procurada pela reportagem da Folha do Aço para comentar o resultado no IPS, que escancara os limites da atual administração em enfrentar desigualdades históricas. Até o fechamento desta edição, não houve qualquer resposta. Vale destacar que o desempenho no IPS não é apenas um número, mas sim o reflexo de uma gestão que se distancia da realidade nas ruas.
Avanços sociais em Barra Mansa
Com média geral de 64,47 pontos, Barra Mansa segue desenvolvendo políticas públicas que asseguram direitos humanos e atendem demandas das minorias. “Nossas equipes procuram ampliar o olhar sobre questões que não são explicadas apenas através de indicadores econômicos. Assim, podem se dedicar às urgências voltadas ao bem-estar social de forma ampla e integrada”, diz a Prefeitura por meio de nota enviada à Folha do Aço.
Segundo o comunicado, índices como o IPS são importantes para orientar esse mapeamento. “Lembrando que não são métricas para uma competição entre municípios, mas para o desenvolvimento de nossa cidade, bem como de toda a região”.
Ainda de acordo com a PMBM, a saúde como prioridade e o olhar atento às demais necessidades humanas básicas fez o governo articular programas de desenvolvimento, entre eles, ações para direitos de minorias, acesso à cultura, esporte e lazer e cuidado às áreas verdes urbanas.
Entre as estratégias adotadas, o governo municipal cita a oferta de três refeições no Restaurante do Povo (café da manhã, almoço e jantar); a descentralização de exames laboratoriais; a ampliação e climatização da UPA e do Centro de Especialidades Médicas (CEM); a construção de unidades de saúde, como as dos bairros Cotiara e Roberto Silveira, além de reformas e ampliações nos postos da Vila Maria, São Judas, Vila Nova e Nove de Abril; o aumento no repasse às consultas com especialistas em até 80%; a climatização das salas de aula; o maior programa de asfaltamento nos bairros, com mais de 120 ruas; e a produção recorde na Fábrica de Óculos, que alcançou a marca de 18 mil unidades entregues gratuitamente à população, entre inúmeras outras ações.