O que era para ser um dia de lazer em família terminou em um grande susto. No último dia 10 de junho, por volta das 10h40min, uma série de incidentes envolvendo ataques de macacos (micos) ocorreu nas dependências da unidade de Barra Mansa do Sesc, no bairro Ano Bom. Uma das vítimas foi a filha de um dos frequentadores, uma criança de 2 anos, mordida enquanto utilizava a área destinada para brinquedos.
Segundo relato do pai da menina, nenhum funcionário do Sesc prestou socorro imediato à criança. Ainda conforme ele, não havia profissional capacitado para lidar com emergências no local.
As críticas não terminam aí. Ao procurar a administração para relatar o incidente e registrar o fato, a informação repassada é que a instituição se recusa a tomar as providências necessárias.
Para piorar a situação, de acordo com relatos do pai da vítima, durante a permanência no Sesc Barra Mansa, outras três crianças também foram mordidas pelos macacos, mesmo sem estarem interagindo diretamente com os animais. “O ataque ocorreu enquanto ela brincava nas proximidades do escorrega, quando um dos macacos pulou da árvore e a mordeu, causando lesões em dois pontos da perna esquerda”, disse o homem.
Após o incidente, a família buscou atendimento médico na Santa Casa e foi encaminhada para o Hospital do Retiro, onde a vacina antirrábica estava disponível.
O pai da criança, que pediu para não ser identificado, postou o caso nas redes sociais. À Folha do Aço, ele disse que o desejo de tornar público o ocorrido é para cobrar medidas de controle do Sesc em relação ao meio ambiente.
O responsável pela menina atacada ressalta que a interdição do local é o mínimo que se espera, até que a segurança das pessoas seja assegurada. Relatos de frequentadores assíduos apontam que incidentes desse tipo têm ocorrido com frequência e que o Sesc não tomou qualquer medida efetiva.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Barra Mansa, mas, segundo o delegado Rodolfo Atala, não há crime. “É uma ação que tem que ser apurada na Justiça Cível”, informou o titular da 90ª. DP.
Versão
Procurada pela reportagem, a direção do Sesc Barra Mansa limitou-se a dizer “que orienta os usuários sobre os cuidados com os animais silvestres e que mantém um protocolo de atendimento para esses casos, colocando-se sempre à disposição dos usuários quando informado dessas ocorrências”.
Biólogo orienta a não alimentar esses animais
O biólogo Jadiel Teixeira explica que o sagui é uma espécie de macaco presente em áreas urbanas, vivendo em habitats que não são os dele. Segundo ele, é importante que as pessoas não alimentem esses animais.
“Ele [sagui] pode se sentir ameaçado com qualquer movimentação brusca, ficar acuado e, por isso, chegar a morder, o que não é comum. Ou seja, isso só acontece porque as pessoas oferecem comida, frutas, tentam ficar mais próximas, tirar fotos e, com isso, fazer com que eles se sintam ameaçados”, explica.
Ainda conforme o profissional, os micos precisam de muita liberdade, espaço árvores para subir e são muito ativos. Além disso, seu temperamento pode ser imprevisível.
O biólogo orienta que, após uma mordida, é necessário procurar atendimento médico imediatamente. “Uma das principais doenças que pode acometer as pessoas é a raiva, então é necessário tomar a sequência de vacina antirrábica”, lembra.
Vale acrescentar que, além dos micos e saguis, outros animais silvestres, como gambás e morcegos, também podem transmitir a raiva. No caso de acidentes com essas espécies, é orientado procurar imediatamente uma unidade de saúde para iniciar o tratamento antirrábico, já que não existe período de observação definido para essas espécies.
Foto: arquivo pessoal