O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado na quarta-feira (20), trouxe uma onda de atos e manifestações contra o racismo e todos os tipos de preconceito racial. No entanto, os números mostram que a luta está longe de terminar. Somente em 2024, seis municípios da região Sul Fluminense registraram 50 casos de injúria por preconceito e 10 casos de preconceito de raça ou cor nos primeiros seis meses do ano.
Esses dados estão disponíveis no painel interativo Discriminação, uma ferramenta do Instituto de Segurança Pública (ISP), que reúne informações sobre crimes de preconceito em todo o estado do Rio de Janeiro. Os números mostram que as mulheres são as maiores vítimas, com 35 casos registrados, seguidas por 14 homens e 1 vítima sem informação. Em sua maioria, as vítimas têm entre 30 e 59 anos.
No estado, o primeiro semestre de 2024 registrou 1.719 denúncias de crimes de intolerância, o que representa uma média de nove vítimas por dia. Entre essas ocorrências, 46 foram cometidas no ambiente virtual, revelando que o preconceito se manifesta tanto no mundo físico quanto no online.
Os dados apontam que o crime mais comum foi injúria por preconceito, com 1.106 vítimas. Em seguida, estão os registros de preconceito por raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional (436 casos). Outros tipos de intolerância incluem injúria racial ou étnica (60 casos), discriminação contra pessoas com deficiência (41), intolerância por orientação sexual (18) e intolerância religiosa (18).
A análise do perfil das vítimas mostra que a maioria é formada por mulheres negras, com idades entre 30 e 59 anos. Os registros de injúria por preconceito ocorrem, em sua maioria, em vias públicas. Já os casos de preconceito por raça e cor afetam especialmente estudantes negros, com maior concentração em ambientes residenciais.
“Há 25 anos, o ISP trabalha para garantir transparência e subsidiar políticas públicas com dados de segurança. O painel Discriminação, agora integrado ao ISPConecta, reforça esse compromisso ao detalhar informações sobre crimes de intolerância por raça, etnia, orientação sexual, deficiência e religião, contribuindo para o diálogo e a conscientização social”, destacou Leonardo Vale, vice-presidente do ISP.
Novas categorias
Pela primeira vez, o ISP disponibilizou dados detalhados sobre novas categorias de discriminação, como intolerância por identidade ou expressão de gênero (3 casos), discriminação contra estrangeiros (5) e portadores de HIV (7). Além disso, 25 pessoas denunciaram ultraje a culto.
Os números deixam claro que, apesar dos avanços na denúncia e mapeamento, o preconceito ainda é uma realidade que exige esforços contínuos de conscientização e políticas públicas eficazes.
Para mais detalhes, acesse o painel Discriminação: ispconecta.rj.gov.br/discriminacao/
Número de casos de injúria por preconceito no primeiro semestre de 2024:
VR – 17
BM – 12
Resende – 8
B Piraí – 6
Itatiaia – 1
Quatis – 1