Abandono de animais domésticos ainda preocupa em Volta Redonda, aponta SPA

De janeiro a 1º de setembro de 2025, o programa Linha Verde, do Disque Denúncia, registrou 1.439 denúncias de abandono de animais domésticos em todo o estado, contra 1.319 em 2024. Os relatos anônimos indicam que os casos mais comuns envolvem tutores que deixam os cães nas ruas, muitas vezes longe de casa para evitar o retorno, além de situações relacionadas à mudança de endereço, viagens, falecimento ou doenças de tutores idosos sem condições de cuidar dos animais.

Os cães são os mais citados nas ocorrências, com destaque para pitbulls, frequentemente abandonados devido a episódios de agressividade. Gatos também aparecem com frequência nas denúncias, enquanto casos de abandono de cavalos, vacas, bois, cabritos, aves e até tartarugas, embora em menor número, também são registrados.

Em Volta Redonda, a situação é preocupante, avalia Igor Reis, vice-presidente da Sociedade Protetora de Animais (SPA). “É uma situação que já foi pior, mas ainda é muito séria. Recentemente, tivemos um caso de abandono em frente à SPA que resultou na morte de um cachorro. Fizemos boletim de ocorrência, informamos as autoridades e até conseguimos identificar a placa do carro, mas até hoje não houve resultados concretos”, lamentou.

Segundo Reis, o abandono costuma aumentar no fim do ano, período de férias e festas, quando muitas pessoas decidem se desfazer de animais adotados por impulso. “Muita gente pega um cachorro ou gato sem pensar no compromisso. Esquecem que há gastos financeiros, cuidados diários, consultas veterinárias e a necessidade de tempo e dedicação.”

O vice-presidente da SPA destacou ainda que o problema não se restringe a animais sem raça definida. “Já vimos muito abandono de labradores, border collies e pitbulls. São raças que exigem espaço, atividade ou liderança. Quando criados de forma inadequada, podem gerar problemas de comportamento, e aí os donos simplesmente os descartam.”

Além do sofrimento animal, o abandono representa risco à população. “Um cachorro solto na pista pode causar acidente de trânsito. Um animal desorientado pode atacar outro cachorro ou até uma pessoa. Falta responsabilidade por parte de quem adota sem preparo”, acrescentou Reis.

O vice-presidente defende que o município invista de forma mais efetiva em castração e chipagem obrigatória dos animais. “Desde 2020 existe uma lei que obriga vendedores a implantarem chips, mas a fiscalização ainda é insuficiente. Quando o animal está chipado, é possível identificar o dono e responsabilizá-lo em caso de abandono.”

Igor Reis também ressaltou a importância de rigor no processo de adoção. “Doar não é panfletar. Não adianta entregar cem cachorros para cem pessoas sem saber se elas têm condições. Perguntamos, por exemplo: se você ficar doente, o que fará com o animal? Mais do que condição financeira, é preciso ter condição moral para cuidar.”

Ele deixou um alerta à população: “Ninguém é obrigado a ter animal. Se você não tem tempo, vontade ou estrutura, não adote. É melhor não ter do que ter e maltratar. Para quem deseja ajudar, precisamos muito de voluntários. Sobra trabalho e falta gente. O ideal é que um dia não precisemos mais lutar por isso, porque significaria que a sociedade evoluiu e o poder público passou a cumprir seu papel de zelar pelo bem-estar dos animais.”

Placas informativas

O vereador Renan Cury (PP) também tem atuado na pauta da causa animal em Volta Redonda, utilizando suas redes sociais para divulgar animais perdidos e em busca de adoção, e reforça que o problema do abandono se mantém estável ao longo dos anos.

“O abandono sempre ocorreu. Não percebi aumento, mas percebo um alto índice de abandono que permanece estável. Isso é consequência da impunidade e, principalmente, da falta de educação. Muitos não castram seus animais por acreditarem que estão mutilando, quando na verdade estão ajudando e evitando novos abandonos. Uma gestação de cães e gatos leva cerca de dois meses, e as ninhadas podem ter até dez filhotes. O número cresce de forma exponencial, e a única saída é a castração”, defendeu.

Cury também apresentou um projeto voltado para a conscientização permanente da população. A Lei nº 6.601/2025, de sua autoria e já sancionada em maio pelo prefeito Neto (PP), prevê a instalação de placas informativas sobre abandono e maus-tratos a animais em locais estratégicos da cidade.

“O objetivo é que a lei seja colocada em prática com urgência. Sabemos que abandonar animais é crime, com punição que pode levar à cadeia. Mas precisamos investir na conscientização. Só assim, a médio e longo prazo, conseguiremos reduzir os índices e avançar nessa pauta”, afirmou o vereador.

Foto: Reprodução da internet

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.