Pais revelam preocupação com possível volta às aulas presenciais antes da descoberta de vacina

Muita gente precisou se adaptar às mudanças impostas pelo coronavírus. No dia da dia das escolas não está sendo diferente. Com as aulas suspensas desde março, professores e alunos das redes pública e privada de Volta Redonda estão lidando com o ensino a distância e se habituando ao ambiente virtual, forçando pais a assumirem muitas vezes o papel de educadores, na tentativa de ajudar seus filhos a acompanharem as aulas neste novo formato.

Outro questionamento é de como será o comportamento na volta às aulas presenciais. Com data ainda incerta, o retorno a convivência entre alunos e professores já provoca uma série de discussões quanto aos riscos à saúde.

Na quarta-feira (dia 5), o governo do Estado do Rio de Janeiro determinou a suspensão até o dia 20 de agosto das aulas presenciais. Segundo o texto, publicado no Diário Oficial, a medida vale para as redes pública, privada e o ensino superior.

A possibilidade de retorno das aulas em poucos dias, e ainda sem previsão de vacina, deixa os pais em alerta. “Eu sou responsável por cuidar dos meus netos e posso responder que não mandaria para a escola. Acho que o risco é muito grande e as crianças são indefesas diante do tamanho dessa pandemia”, disse a aposentada Cleuza Aguiar.  

Para a esteticista Luana Barbosa, não é o momento de se pensar em retorno das aulas. “A escola do meu filho fez uma pesquisa e respondi que eu não mandaria. O risco é muito grande de colocar as crianças em um ambiente escolar, por mais que a escola tome todas as medidas. Muitas crianças convivem com idosos, como o meu filho, e podem levar o vírus para casa. É muito arriscado”, analisa.

Receio normal

A psicóloga Josiane Cirino explica sobre a importância dos pais repassarem às crianças sobre a realidade. “Esse medo é normal e real, porque é algo novo que estamos vivendo e não esperávamos, mas tem que ser entendido por pais e as crianças. Por isso deve haver uma conversa, explicando a situação, a mudança de rotina, que para os adultos já é difícil e a criança não tem condição de lidar com isso sozinha”, salientou.

“As crianças ficam irritadas, perdem a concentração, para elas é horrível não ter contato com os amigos, não poder sair. Isso é uma realidade que vivemos hoje. Se as aulas realmente forem retomadas, os pais vão ter a opção de não liberar, mas, caso liberem, devem orientar como agir”, completou Josiane.  

Ação

No município do Rio de Janeiro, o retorno às aulas foi alvo de ação do Ministério Público e da Defensoria Pública, que obtiveram decisão favorável suspendendo a reabertura das escolas privadas, prevista para 1º de agosto. “Há sérios indícios de que o referido decreto, como editado, pode efetivamente e de forma concreta prejudicar e colocar em perigo a vida e a saúde da população, que são garantidas pela Constituição Federal e pelas leis”, diz trecho da decisão.

Na ação civil pública, o MPRJ e a DPRJ apontaram que a reabertura das escolas neste momento traz  risco à vida e à saúde da coletividade, além de promover desigualdade de acesso à escola. A ação destaca, entre outros pontos, estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz em 20 de julho, que considera prematura a abertura das escolas no atual momento da pandemia. Considerando o ainda alto índice de contágio, tal estudo estima que são previstas 3 mil novas mortes no Rio de Janeiro com um possível retorno das aulas em agosto.

Outras opiniões

“Enquanto não houver a vacina, a minha filha não volta a estudar. Eu me sinto muito insegura, ainda que falem que crianças pegam e ficam assintomáticas. Eu prefiro que ela perca o ano, do que perder a vida. Se a aula presencial voltar, eu pego uma atestado, mas ela não volta. A minha filha, por exemplo, adora abraçar, que é da nossa cultura, de compartilhar, se ser afetuoso. Mas, enquanto não houver um remédio ou vacina seguros, não dá pra retomar as aulas”, Janaína Sampaio, mãe da Manuela, de 8 anos

“Neste momento, não mandaria meus filhos à escola, uma vez que as mortes continuam aumentando, que a vacina ainda não foi liberada e também por serem crianças, e não terem a real dimensão da necessidade das prevenções como máscara e álcool gel, afastamento devido e a higienização e não compartilhamento dos objetos. Fora que temos exemplos de outros países onde voltaram às aulas e depois tiveram que suspender. Dias difíceis”, Caroline Mayumi, mãe de Mariana Saori, 7 anos, e Vitor Yudi, de 10.

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